Heringer mostra como crescer num mercado dominado por multinacionais

13 de fevereiro de 2006 | Sem comentários Comércio Empresas
Por: Revista Exame








Lição de
sobrevivência
Desconhecida,
brasileira e familiar, a Heringer mostra como crescer num mercado dominado por
multinacionais
Por Denise
Carvalho
EXAME
Um ano atrás, quando o AIG comprou por 22 milhões de
dólares cerca de 20% do capital da Heringer, fabricante de fertilizantes, muitos
investidores ficaram com a impressão de que um dos maiores fundos de capital de
risco do mundo tinha dado uma bola fora logo depois de acertar com a Gol. O que
o AIG havia visto de atraente numa empresa quase desconhecida fora de seu setor?
Poucos meses atrás, os executivos do AIG no Brasil colheram um indício de que é
bem possível que tenham feito a coisa certa — receberam uma oferta de compra
por parte de um grupo internacional interessado em entrar no Brasil. “Não
quisemos fechar o negócio agora”, diz Fernando César Borges, diretor do AIG.
“Mas foi um sinal de que a Heringer deverá despertar interesse quando chegar a
hora de sairmos.”

A história da Heringer, localizada em Paulínia, no
interior paulista, mostra como é possível enfrentar um dos maiores desafios de
muitas empresas brasileiras — crescer em terrenos dominados por grandes
conglomerados internacionais. Fundada há 37 anos por Dalton Dias Heringer, um
produtor mineiro de café descendente
de alemães, a empresa prosperou num mercado disputado por Bunge e Cargill. “Ela
vem crescendo a um ritmo de 23% ao ano desde 1992, enquanto o setor registrou
expansão de 8%”, diz Cristiano Lauretti, diretor do AIG. Hoje sob o comando de
Dalton Carlos Heringer, de 37 anos, filho do fundador, a companhia é a terceira
maior do setor no Brasil, com faturamento de 1,4 bilhão de reais em 2004.
Desconhecida e num setor pouco sexy, a Heringer é maior que algumas empresas
populares, como a Grendene e a subsidiária brasileira do McDonald’s.

Um
pilar do crescimento da Heringer é a carteira de clientes. Cerca de 68% deles
são pequenos produtores, de difícil fidelização para a maioria dos fabricantes.
Outra característica que atraiu os investidores internacionais foi a
diversificação de produtos. A maioria das fabricantes se concentra no mercado de
soja. As vendas da Heringer são dirigidas para mais de 40 produtos — um seguro
natural contra as intempéries que afetam ora uma cultura, ora outra. Com essa
estratégia, a Heringer aumentou de 3% para 10% sua fatia no mercado brasileiro
em dez anos. “Crescemos porque enxergamos as oportunidades, mesmo num setor
concorrido”, diz Dalton. O AIG quer que a Heringer cresça pelo menos 10% ao ano
nos próximos quatro anos e, depois, pretende abrir o capital na
bolsa.

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