SÃO PAULO – O Brasil não indicou nenhum candidato ao cargo de diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), em Londres. Na prática, isso sinaliza a falta de interesse do governo brasileiro em ter uma representatividade forte junto à entidade que teve seu poder enfraquecido.
O enfraquecimento ocorreu em função do fracasso da política de retenção do grão. Política essa que foi adotada pelo Brasil, o que segundo os analistas e produtores, colaborou para derrubar as cotações do café nacional no mercado internacional, principalmente em relação aos grãos asiáticos (Vietnã) e latinos (Colombia).
O prazo para apresentar um nome para substituir o atual diretor, o brasileiro Celsius Lodder, terminou na sexta-feira, dia 30 de novembro sem qualquer manifestação oficial.
De acordo com informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Brasil teria perdido o prazo da indicação do seu candidato. A explicação não é das melhores, uma vez que o Brasil é o maior produtor de café do mundo e o produto faz parte da pauta de exportações do país.
Outro fato mal explicado, foi a retirada da candidatura do empresário Oswaldo Aranha Neto, que tinha apoio dos demais países associados, pelo Ministério em setembro passado sem mais explicações.
A eleição deve começar em janeiro com apenas dois candidatos disputando o cargo, Nestor Osório, da Colômbia, e Simeone Onchere, do Quênia. O Brasil ainda não divulgou oficialmente qual dos dois nomes deve apoiar.
Há quem diga que o governo deixou de indicar alguém ao cargo devido ao enfraquecimento político da Organização. Atualmente a credibilidade da OIC está abalada por causa da crise internacional do café que derrubou os preços do grão aos níveis mais baixos dos últimos 30 anos.
A OIC é composta por 63 países produtores e consumidores de café e tem como foco a reunião de informações e estatísticas internacionais sobre o setor, além do desenvolvimento de políticas de qualidade.
por Regina Maia – Analista do setor de Agronegócios