Café: Apesar do quadro de escassez e crescimento do consumo, preços não encontram sustentação

Terminou ontem, na cidade de Guarujá, o XIX Seminário Internacional de Café de Santos. Promovido pela respeitada e centenária Associação Comercial de Santos, tem como objetivo principal colocar frente a frente exportadores e importadores dos cafés do Brasil. O tema desta edição, que contou com mais de quatrocentos participantes de várias regiões do Brasil e do mundo, foi “Crescimento Planejado – Qualidade e Volume”. As palestras, debates e conversas de “corredor”, confirmaram o quadro de consumo mundial se desenvolvendo com consistência nos últimos vinte anos e produção não acompanhando o mesmo ritmo de crescimento. Problemas climáticos, problemas de infraestrutura, políticos e trabalhistas mantém a produção estagnada ou em queda em diversos importantes países produtores. Poucos são os países que estão conseguindo avançar em volume e qualidade. A cafeicultura brasileira se destaca neste grupo, levando o Brasil a uma posição a cada ano mais sólida como o grande fornecedor de café para todos os mercados, tanto tradicionais como emergentes.


O quadro de consumo crescendo a um ritmo maior que a produção foi confirmado nos números apresentados pelo diretor executivo da Organização Internacional do Café – OIC, o brasileiro Robério Silva, na palestra que encerrou o evento. O indicador que melhor exprime o que está acontecendo no mercado mundial de café é o dos estoques mundiais versus consumo mundial. Esse número nunca foi tão baixo e aponta para uma séria crise no abastecimento se a produção brasileira vier a enfrentar uma quebra maior com a aceleração das mudanças climáticas, que já estão estagnando e derrubando as safras de diversos países produtores de café situados mais próximos da linha do equador.


Saímos deste seminário ainda mais convencidos do quadro de escassez e que, como já dissemos em vários boletins anteriores, a variável a ser acompanhada com atenção é a crise na zona do euro e seu reflexo no comércio mundial. O foco no curtíssimo prazo dos operadores dos grandes fundos impede que as cotações do café reflitam os fundamentos e indica que continuaremos a conviver com rápidas e fortes oscilações nas bolsas de futuro.


Um exemplo que ilustra bem a dificuldade para se analisar o comportamento dos mercados nos dias atuais foi o anúncio, hoje, do JPMorgan Chase, maior banco de investimentos dos Estados Unidos, que a instituição vai registrar provavelmente grandes perdas no 2º trimestre. O experiente banco disse ter perdido, nas últimas semanas, pelo menos US$ 2 bilhões em uma estratégia de hedge equivocada!


O mercado físico brasileiro apresentou-se mais ativo esta semana, com interesse por todos os tipos de café que foram oferecidos. A colheita do conilon avança com rapidez e algumas fontes estimam que já foi colhida perto de 25% da nova safra. A colheita do arábica começa a se desenvolver agora. Como todos os anos, os embarques de arábica em maio e junho serão atendidos principalmente pelo remanescente da safra que se encerra, com poucos lotes da nova safra sendo colocados a bordo.


O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, informou que no último mês de abril foram embarcadas 1.963.124 de sacas de 60 kg de café, aproximadamente 28% (781.821 sacas) menos que no mesmo mês de 2011 e 291.240 sacas a menos que no último mês de março. Foram 1.685.224 sacas de café arábica e 34.848 sacas de café conillon, totalizando 1.720.072 sacas de café verde, que somadas a 240.037 sacas de solúvel e 3.015 sacas de torrado, totalizaram 1.963.124 sacas de café embarcadas.


Até o dia 10, os embarques estavam em 261.661 sacas de café arábica e 8.715 sacas de café conillon, somando 270.376 sacas de café verde, mais 31.004 sacas de café solúvel, contra 367.020 sacas no mesmo dia de abril. Até o dia 10, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 690.417 sacas, contra 655.129 sacas no mesmo dia do mês anterior.


A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 04, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 11, subiu nos contratos para entrega em julho próximo, 255 pontos ou US$ 3,37 (R$ 6,58) por saca. Em reais por saca, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam no dia 04 a R$ 444,14/saca e hoje, dia 11, a R$ 457,42/saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em julho, a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 150 pontos.
Fonte: Escritório Carvalhaes

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