A produção de cafés certificados, que já é tendência no Brasil, agora recebe o incentivo de representantes da Consumers International (CI) e do Instituto Internacional para Meio Ambiente e Desenvolvimento (IIED). A informação foi dada em relatório apresentado no dia oito de fevereiro, na sede da Organização Internacional do Café (OIC), em Londres. O documento é uma iniciativa inédita dos consumidores e sugere que governos, varejistas e a indústria de café apóiem a demanda crescente para cafés certificados, como Fair Trade, Orgânico, Rainforest Alliance e Utz Kapeh.
A aprovação da produção de cafés certificados por organismos internacionais é resultado da visita que representantes da Consumers Internation fizeram ao Brasil em outubro de 2005. Para a elaboração do relatório e do documentário “Just Coffee”, as organizações internacionais contaram com a parceria do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) e do Centro de Café Alcides Carvalho, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), uma das fundadoras do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café), coordenado pela Embrapa. Além da produção brasileira, o estudo examinou a produção de cafés no Vietnã e o consumo em quatro grandes mercados: Estados Unidos, Dinamarca, Finlândia e Portugal.
A publicação “Do grão a xícara: o impacto da decisão dos consumidores sobre os produtores de café e o meio ambiente”, coloca a valorização de cafés certificados brasileiros como uma solução parcial para auxiliar o setor produtivo quanto às oscilações do mercado internacional. É o reconhecimento de que existe diferenciação nos cafés certificados, com o aumento da qualidade de vida no meio rural e efetivos benefícios ao meio ambiente e à economia de muitos países em desenvolvimento, como o Brasil. O diretor geral da CI, Richard Lloyd, no site oficial, reconhece que cada vez mais os consumidores querem saber a origem do café e os reflexos deste mercado nos países em desenvolvimento. O relatório envia a mensagem de que as iniciativas brasileiras para a cafeicultura sustentável fazem realmente diferença às condições ambientas e sociais das propriedades cafeeiras.
A preocupação do setor produtivo de que a proliferação de certificações poderia confundir o consumidor é confirmada no documento. A orientação é que o consumidor seja alvo de campanhas educativas sobre os motivos para a diferenciação no preço e sobre os benefícios de apoiar o mercado de cafés sustentáveis. A industria de café também deve estar atenta ao segmento de cafés que adotam práticas sociais e ambientais responsáveis, para aumentar a visibilidade e a quantidade de cafés certificados.
A força desta iniciativa deverá trazer repercussão em mais de 230 organizações de consumidores, em 113 países, representados pela Consumers International. O documentário “Just Coffee”, que será vinculado em todo o mundo, inclui imagens de três propriedades do Sul de Minas: Fazenda Ipanema, em Alfenas, Fazenda Sete Cachoeiras, em Três Pontas e a Associação de Pequenos Produtores de Poço Fundo. Em breve, o relatório e o documentário serão lançados no Brasil, em evento promovido pelo IAC.
Cibele Aguiar
Jornalista – Mtb 06097
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