— Valorização do dólar e proximidade da entrada da safra brasileira provocaram liquidação de posições por parte de fundos e especuladores.
O mercado do café, embora tenha oscilado menos durante a última semana, não conseguiu uma reação nos preços. O contrato maio/12, na Bolsa de Nova York, fechou a US$ 1,7920, apresentando queda acumulada de 2,1%. A valorização do dólar frente a outras moedas e a proximidade da entrada da safra brasileira desencadearam liquidações de posições por parte de fundos e especuladores, ocasionando o desempenho negativo.
Por outro lado, os fatores fundamentais continuam apontando para um equilíbrio entre produção e consumo neste ano, o que deve manter os estoques mundiais, ao final da temporada, no mês de junho, em níveis historicamente baixos. É com base nestes fundamentos que reforçamos a necessidade de se assegurar fontes de crédito para que os produtores possam realizar suas colheitas sem a necessidade de vender um volume substantivo de café para arcar com as despesas oriundas da mão de obra nos trabalhos de cata.
A esse respeito, estivemos, nesta semana, no Ministério da Agricultura, oportunidade na qual os secretários Executivo e de Produção e Agroenergia, José Carlos Vaz e Gerardo Fontelles, respectivamente, nos confirmaram que serão liberados recursos de Estocagem na ordem de R$ 1,5 bilhão, que, somados aos valores das linhas de Custeio e Colheita (R$ 500 milhões), FAC (R$ 250 milhões) e capital de giro para as indústrias (R$ 200 milhões), proporcionarão mais tempo para o produtor diluir a sua safra futura.
O CNC vem defendendo a estratégia de uma comercialização mais lenta até outubro deste ano, pois, de julho até o referido mês, a menos que ocorra algum fator climático, teremos a pressão da oferta da safra brasileira e a retração das compras das indústrias europeias devido ao período de verão no Hemisfério Norte. Além disso, em outubro, além de já se ter uma idéia mais clara e menos especulativa sobre a safra colhida, o mercado começa a “olhar” a produção de 2013 — que será de volume menor em função da bienalidade —, fazendo as contas da disponibilidade futura, o que, em nosso entendimento, será positivo para os preços.
É válido salientar que, com esse direcionamento, não estamos defendendo nenhum tipo de “retenção” do produto. O que queremos, de fato, é colaborar para a formulação de estratégias que possibilitem melhores resultados aos produtores na comercialização da safra.