Rondônia tem vocação para a bubalinocultura que auxilia na produção de café

1 de fevereiro de 2006 | Sem comentários Origens Cafeeiras Produção
Por: O Estadão de Rondônia








Bons companheiros.
Fortes, rústicos e dóceis, apesar da aparência de bravos, esses animais estão
ajudando a família de João Inácio Leite e de outros pequenos proprietários de
Rondônia, e também do Vale do Ribeira, em São Paulo, a ter melhor qualidade de
vida. Os animeis dão leite rico em proteínas e são vigorosos auxiliares em
trabalhos de tração.

Além de serem pequenos produtores em regiões pobres,
muitas famílias de Rondônia e do Vale do Ribeira têm em comum o fato de
participarem de programas governamentais de incentivo à criação de búfalos.
Algumas características desses animais atraem novos adeptos a cada ano: a
qualidade da carne (mais rica em proteínas e com menos colesterol) e do leite
(mais rico em gordura e proteínas) e a força muscular.

Em 1990, o Brasil
tinha pouco mais de 2 milhões de búfalos e o abate atingia 400 mil por ano,
correspondentes a 100 mil toneladas de carne. Hoje, segundo a Associação
Brasileira de Criadores de Búfalos, há 3 milhões de animais, com abate anual de
600 mil cabeças e consumo de 150 mil toneladas de carne.

Apesar do
crescimento acelerado, sobretudo na Fazenda Pau d`Óleo, em Rondônia, o rebanho
ainda é pequeno, a nível de Brasil, comparado aos 150 milhões de bovinos. Animal
rústico, facilmente adaptável às adversidades de clima, solo, relevo e pasto, o
búfalo é opção para as duras condições de trabalho das pequenas
propriedades.

Em Rondônia, o programa “Leite e Trabalho” é dirigido aos
pequenos produtores organizados em associações e cooperativas. Iniciado há dois
anos, até agora beneficiou 30 mil famílias com propriedades de 50 hectares, em
média. Os animais são mestiços, principalmente das raças murrah e mediterrâneo,
mas têm também um pouco de sangue de carabao. Esse programa foi desenvolvido
pelo projeto Novas Fronteiras do Denacoop (Departamento de Associativismo e
Cooperativismo do Ministério da Agricultura), pela Embrapa (Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária), de Porto Velho (RO), e pela Ocer (Organização das
Cooperativas do Estado de Rondônia.

Em Rolim de Moura, o produtor José
Segundo Bertoldi utiliza o búfalo em seus 50 hectares, principalmente para puxar
a colheita de 22 mil pés de café para o terreiro e para reformar o
cafezal velho, em 5 hectares. Ele , a mulher Maria das Graças, e os três filhos
cuidam de uma fêmea e um macho com carinho. Aproveitam o leite para fazer
requeijão. A primeira cria, um bezerro, já repassado para outra família, pesou
105 quilos com 75 dias. O macho adulto puxa toco com mais de 350
quilos.

“Apesar da aparência de bravos, os animais são dóceis”, garante a
família Bertoldi. Ao contrário dos bovinos, os búfalos não dão coice nem
chifrada. Aos poucos, a fama do búfalo se espalha entre os moradores da região e
surgem novos interessados na criação. Há mais de 10 anos, a Embrapa incentiva a
tração animal e aposta na vocação do Estado para a bubalinocultura. (CLÁUDIO
PAIVA)

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