Reunião da OIC discute disponibilidade de café, sustentabilidade e futuro do Convênio Internacional

“OIC discute disponibilidade de café para o mercado, levantamento de estoques, sustentabilidade e futuro do Convênio Internacional”

Teve início na última segunda-feira, 30/01/2006, mais uma rodada de reuniões da Junta Executiva da Organização Internacional do Café – OIC. Participam da delegação brasileira, Vilmondes Olegário da Silva e José de Paula Motta (Diretor e Assessor do DECAF), Carlos Brando (P&A Internacional), Joaquim Libânio Ferreira Leite e Alberto Duque Portugal (CNC), e o Deputado Federal Silas Brasileiro (Secretário de Agricultura de Minas Gerais) que fez um relato dos principais assuntos debatidos nesta rodada de reuniões:

Mercado Mundial:

O Diretor Executivo da OIC, embaixador Nestor Osório apresentou uma análise da situação do Mercado Cafeeiro, na qual se prevê uma redução dos estoques mundiais nos próximos anos com reflexos positivos para os preços do café. Neste último ano a produção mundial apresentou um déficit de aproximadamente 8 milhões de sacas. Para o próximo ano, apesar de o Brasil colher uma safra maior, estimada em aproximadamente 42 milhões de sacas, este volume deve ser totalmente absorvido, já que o consumo brasileiro deverá se aproximar de 16 milhões de sacas e estima-se que suas exportações atinjam 26 milhões. Os demais países não deverão apresentar aumentos significativos em relação à produção de 2005, com destaque para o Vietnam, cuja safra futura se estima em 13 milhões de sacas. Desta forma, espera-se um equilíbrio entre produção e consumo em 2006. A partir de 2007, a demanda mundial poderá novamente suplantar a produção, reduzindo ainda mais os estoques de café.

Conferência Mundial do Café

O consultor brasileiro Carlos Brando fez uma apresentação sobre a logística da Conferência realizada em Salvador em setembro/2005. O Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues será convidado a participar da Reunião do Conselho da OIC em maio, a fim de apresentar os resultados da II Conferência Mundial do Café, da qual ele foi o presidente.

Futuro do Convênio Mundial do Café

Duas posições antagônicas foram apresentadas: A União Européia que defende a prorrogação do Convênio atual que termina em 2007, e os Estados Unidos que defende um novo Acordo. O representante norte americano mostrou uma posição bastante aberta ao diálogo, deixando claro, porém que os Estados Unidos não aceitam mais cláusulas econômicas de intervenção no Mercado, defendendo a liberdade mercadológica e ênfase no apoio aos pequenos produtores.

Estatísticas

O Comitê de estatísticas abordou entre outros assuntos, a necessidade de produtores e consumidores informarem a OIC os seus níveis de estoques a fim de permitir uma maior transparência ao Mercado.

Sustentabilidade

O Diretor Executivo da OIC apresentou um texto que está ainda em discussão na Junta Executiva, que se aprovado deverá ser levado à reunião do Conselho Internacional em maio e irá nortear o posicionamento da Organização e seus países membros em relação aos processos de Sustentabilidade. O documento prevê que a sustentabilidade implica nas condições de processamento e comércio que envolve toda a cadeia Café, produtores e consumidores. Deve proporcionar o retorno econômico suficiente para cobrir os custos de produção, permitindo a manutenção do produtor e uma margem para o seu desenvolvimento. Deve-se tratar o meio ambiente de maneira responsável, permitindo que os recursos naturais fiquem disponíveis para as gerações futuras. Deve-se dar condição social e de trabalho compatíveis com os padrões internacionais e condizentes com as comunidades estáveis.

Posição Brasileira em relação a proposta

A posição do Brasil em relação ao documento é de aperfeiçoá-lo, a fim de assegurar a manutenção de renda para os produtores e impedir a ingerência na legislação interna do país.

Ao final de seu relato, o Deputado Silas Brasileiro afirmou ser necessário que o Brasil mostre na próxima reunião da OIC em maio, a sua verdadeira realidade, de um país onde predominam os pequenos produtores, e em que a Cafeicultura emprega 8,4 milhões de brasileiros dentro de uma legislação que preserva os direitos sociais do empregado. Finalizando Silas citou como um dado positivo que foi apresentado na reunião, o contínuo aumento do consumo mundial. Porém advertiu, que a produção pode crescer rapidamente no futuro. Peru, Camboja e Laos são alguns exemplos de países que vem aumentando rapidamente suas produções. Os cafeicultores brasileiros devem planejar suas safras atentos a perspectiva de oferta mundial, a fim de não sofrer com um possível novo desequilíbrio causado pelo excesso de produção.

Brasília, 31 de janeiro de 2006.

ESCRITÓRIO DE APOIO AO AGRONEGÓCIO CAFÉ