CAFÉ TEM PERDAS FORTES EM MARÇO, ANTECIPANDO SAFRA DO BRASIL

O mercado de café teve um mês de março marcado por queda nos preços, tanto em âmbito local como internacional. As cotações futuras do café arábica negociadas na ICE Futures US – Bolsa de Nova York – haviam fechado o mês de fevereiro a 203,25 centavos de dólar por libra peso para os contratos com entrega em maio. O fechamento do dia 29 de março teve cotação de 176,45 centavos de dólar por libra peso, o que aponta uma queda expressiva de 13,2%.

Embora fatores técnicos e gráficos tenham exacerbado as quedas nas cotações futuras, consideradas exageradas por muitos analistas, o peso ainda psicológico da grande safra brasileira que começa a ser colhida em maio teve grande peso no desempenho ruim de março do mercado de café. A crise financeira na Europa, temores com a demanda chinesa, entre outros aspectos relacionados com a retomada do crescimento econômico, fazem os investidores, fundos e especuladores ficarem sestrosos e escaparem das commodities, contribuindo para tom negativo do café, em um panorama onde o dólar firme também é outro fator baixista, para o caso das cotações negociadas em bolsa na moeda norte-americana.

Do lado doméstico, o desenrolar de março também trouxe perdas para os preços, porém mais modestas. No sul de Minas Gerais, a saca de 60 quilos era negociada o final de fevereiro a cerca de R$ 420,00, chegando em torno de R$ 390,00 por saca no final de março, recuo de 7%. A alta do dólar comercial amorteceu para o mercado físico de café o efeito negativo da queda das cotações futuras em Nova York. O dólar comercial subiu 6,2% entre o final de fevereiro e o o final de março, passando de R$ 1,720 para R$ 1,827.

Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Gil C. Barabach, os olhares do mercado estão todos voltados à safra brasileira, prestes a chegar. “É fato que o mercado antecipou a sua chegada ao precificar a melhora no abastecimento. Tal movimento, além de causar incômodo e frustração aos produtores, gera bastante especulação. Se já caiu o que tinha que cair, agora, então, tem boas chances de voltar a subir. Primeiro, o movimento ainda não terminou, apenas foi antecipado. Dessa forma, o gargalo na oferta provocado pela entrada física de café novo ainda é um fator baixista que terá de ser vencido”, destaca Barabach.

A situação é agravada pelo fato do produtor brasileiro estar realizando poucas vendas antecipadas. “Isso pode criar uma bolha vendedora mais a frente, com o avanço físico do produto, gerando nova pressão baixista. Há normalmente um descolamento negativo do mercado brasileiro em relação ao referencial externo na entrada da safra. E a intensidade desse movimento está atrelada ao desenrolar das vendas dos produtores nesse período”, finaliza Barabach.

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