Consumo global de café resiste às turbulências econômicas

16/03/2012 
  

 
 
Por De São Paulo | Valor Econômico


O consumo mundial de café parece não sucumbir às recentes turbulências econômicas. Para a Organização Internacional do Café (OIC) o produto tem resistido bem à crise europeia.


E apesar da queda recente das cotações do produto, a entidade diz que os fundamentos ainda não indicam excesso de oferta. Observação ratificada pelo recuo, nos últimos anos, da taxa de estoque sobre o consumo.


Os estoques totais de café nos países exportadores são estimados em 17,6 milhões de sacas em 2011, contra 18,5 milhões em 2010, e 20,5 milhões de sacas em 2009, de acordo com a OIC.


Apesar de não ter ainda os números finais do ano passado, a OIC faz três estimativas para o consumo mundial do grão em 2020. O cenário otimista indica uma demanda de 172,8 milhões de sacas; o intermediário aponta para 164,6 milhões de sacas; e o baixista, para 156,7 milhões. Em 2010, foram consumidas 135 milhões de sacas. Os incrementos previstos para 2020 na comparação com 2010, segundo as mesmas três divisões, são de 28%, 21,9% e 16,07%, respectivamente.



De 2000 a 2010, o consumo mundial do café subiu 27,4%, a uma taxa anual de crescimento de 2,5%. Em 2000, foram consumidas 105,96 milhões de sacas. Nos mercados tradicionais, a taxa de expansão foi de 1,1% no período, enquanto que nos países produtores da commodity foi de 4,6% e nos países emergentes chegou a 3,6%.


O diretor-executivo da OIC, Robério Silva, disse que a tendência é os países produtores e os emergentes continuarem a responder pela maior expansão do consumo. “Projetamos um aumento maior do consumo nos emergentes, mas os planos também incluem um maior dinamismo nos países tradicionais”, afirma.


A produção mundial saltou de 113 milhões de sacas, em 2000/01, para 128,5 milhões de sacas em 2011/12 (ainda uma projeção). Na temporada anterior, a 2010/11, foram colhidas 134,3 milhões de sacas. O avanço da produção na década é de 13,71%.


Na semana passada, foi realizada mais uma sessão do Conselho Internacional do Café, em Londres. Robério Silva evidenciou, durante o evento, que a produção de café tem de levar em conta o equilíbrio entre oferta e demanda e que os cafeicultores têm de tomar cuidado para não inundar o mercado. “A produção não pode crescer desmesuradamente”, disse.


A queda das cotações em Nova York, segundo ele, está no “cerne da preocupação” da OIC. Ele explica que o recuo dos preços futuros é reflexo do aumento das exportações, mas não existe excesso nos estoques dos países produtores e exportadores. “Certamente é algo temporário. A taxa de estoque sobre o consumo vem caindo ao longo do tempo, é uma situação de preços a curto prazo”. (CF)
 
 

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