Presidente da ABIC: “Teremos dois anos de risco para a indústria do café”

30 de janeiro de 2006 | Sem comentários Consumo Torrefação

Perspectivas da indústria do café para o biênio 2006/2007. Este foi o tema  da reunião que aconteceu hoje (27/01), na Findes, e que contou com a presença do diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkiwicz – que veio a Vitória exclusivamente para tratar do assunto.


Segundo o diretor executivo da Abic a demanda mundial tem sido maior que a produção. ”Houve crescimento do consumo interno. A taxa de consumo  no Brasil aumentou 9% em 2004, enquanto no resto do mundo cresce 5,6% ao ano. Estamos há três anos colhendo menos do que a média, ou seja, do que o Brasil precisa”, afirma.


Um dos objetivos do encontro foi traçar um plano de emergência para aumentar a produção de café nos próximos anos. “Está havendo um desequilíbrio, com isso os preços estão mais altos. O cenário continua em 2006 e em 2007 deve agravar, pois teremos um ciclo baixo, vamos produzir menos. No ano passado tivemos uma safra de 33 milhões de sacas  e uma demanda interna de 42 milhões. A previsão para 2006 é colher 43 milhões e ter uma demanda de 43 milhões, ou seja, não vai sobrar nada”, ressalta Nathan Herszkiwicz.


Segundo o diretor da Abic os preços do café cru não devem subir, mas vai depender do câmbio. “Os fatores que influenciam no preço são os estoques baixos e o câmbio. Se o dólar subir será o caos. Teremos duas safras onde os negócios com café vão ficar agitados, quem sabe até resulte em desabastecimento, o que significa preços altos, volatilidade e riscos para quem não se prevenir”, informa.


            Atualmente, o Brasil ocupa o 2º lugar em exportações de café, exportando o ano passado 26 milhões. “De julho de 1994 a janeiro de 2006 o preço do café subiu 40%. Foi o que menos subiu, se compararmos à energia elétrica, inflação, cesta básica, etc.”, compara.


Nathan Herszkiwicz também informa que o café já aumentou em mais de 15%. “A expectativa é de aumento de R$ 1,00 por kilo nos preços de venda a varejo. Vai depender do mercado internacional. Os preços deverão subir até abril, depois abaixam, pois termina a entressafra”, informa.


O diretor da Abic ainda declara que, segundo o Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, os estoques de café este ano seriam os mais baixos. “O Governo tem estoques de 3,4 bilhões de sacas, que atendem a 6% da demanda brasileira”, diz.


 


Segundo maior produtor mundial de café


 


“Hoje, o Brasil precisa produzir cerca de 16 milhões de sacas de café por ano para abastecer o mercado interno e 25 milhões de sacas tem que ser produzidas para cumprir compromissos de exportação. Somando as duas o país precisaria produzir de 40 a 42 milhões de sacas para cumprir as metas. Vencer este desafio faria do país o maior produtor/consumidor de café, no mundo. Atualmente, o Brasil está em segundo lugar, perdendo apenas para os Estados Unidos.”, afirma  Egídio Malanquini.


O presidente da Findes, Lucas Izoton, destaca a importância do café na economia do Espírito Santo “O café é o maior arranjo produtivo capixaba, empregando mais de 350 mil pessoas, desde a produção até a comercialização. O 5º setor na pauta de exportações é o café”, informa.


De acordo com o presidente em exercício da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo, Júlio da Silva Rocha Júnior, os segmentos produtivos têm que estar todos alinhados neste momento. “Produtores, indústria, comércio, toda a cadeia produtiva deve se unir para agregar valor ao café”, ressalta.


Segundo o presidente do Centro de Comércio de Café de Vitória, Otacílio José Coser Filho, o IBC não tema mais estoque de café. “As exportações brasileiras caíram. Os estoques lá fora eram de 24 milhões e hoje são de 21 milhões. Já está acontecendo exportador não conseguir honrar compromisso com importador”, afirma.


O presidente do CCCV informa que 94% das propriedades capixabas é de cultura familiar ou cumeeiros. “O Banco do Brasil não tem essa sensibilidade”, declara. Coser também destacou que de uma população de 3,3 mil habitantes, sendo 1,6 mil ativos no Espírito Santo, 360 mil são agricultores de café.


 


14º Encafé deve acontecer no ES


 


O encontro também contou com a presença do Espírito Santo Convention & Visitors Bureau (ESC&VB), fundação de turismo e eventos, que em parceria com o Sindicato da Indústria do Café (Sincafé) está tentando captar o 14º Encafé, maior evento do setor, para ser realizado no Espírito Santo. Na oportunidade, a gerente de Eventos do Convention, Geiza Batista, apresentou a infra-estrutura turística do Estado, através de apresentação áudio visual, para o presidente da Abic. O lugar mais indicado para a realização do evento é o Sesc de Guarapari.


O presidente da Abic também falou sobre a campanha de marketing da entidade para aumento do consumo do café. “Uma das ações é a confecção de 1,5 mil folderes sobre café e saúde que serão distribuídos. Estamos lançando também a campanha “Café: o ritmo do Brasil”, que será lançada no Espírito Santo pelo Sincafé no mês de março nas principais emissoras de TV”, informa.


Outra ação da Abic será a intensificação da atuação do Selo de Pureza. “Em tempos de crise é muito fácil piorar o café. Por isso, também vamos incentivar as empresas que ainda não aderiram a entrar no Programa de Qualidade do Café (PQC)”, afirma. A Abic também vai lançar o programa “Adote uma Escola”, que consiste na implantação de café na merenda escolar.


 


Produção de café


 


2005 – 32,9 milhões de sacas


2006 – 40 – 43 milhões de sacas


Fonte: Conab


 


Investimentos no setor – Funcafé


 


Financiamento de lavoura: custeio, colheita e estocagem


 


2005 – 1,2 bilhões disponíveis no mercado


2006 – 1,6 bilhões disponíveis no mercado


 


Mais Informações:


Sincafé / Egídio Malanquini: (27)3334-5690 / (27)9258-2319


Faes / Júlio da Silva Rocha Júnior: (27)3235-9030 / (27)9972-7696


Iá! Comunicação: (27) 3314-5909

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