30/01/2012
Dólar fraco é um dos fatores que aumentam compra de produtos brasileiros
TATIANA FREITAS – Da Folha Prime
A perda de competitividade do Brasil chegou a produtos nacionais típicos. Em 2011, as importações de óleo de dendê avançaram 414%, as compras de coco seco subiram 172% e as de álcool, 1.058%, segundo o Ministério do Desenvolvimento. Sem falar nas cargas de feijão chinês e na evolução das importações de alumínio do País que possui a terceira maior jazida mundial de bauxita (minério de alumínio).
O câmbio, que em parte do ano passado esteve entre R$ 1,50 e R$ 1,60, o aumento do custo da mão de obra e a alta carga tributária explicam a maior concorrência em produtos que têm a cara do Brasil, segundo especialistas. “O País está muito caro, especialmente na produção. Por isso, perde competitividade até em setores em que tem vocação natural”, afirma o presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
A força do mercado interno também justifica as maiores importações. “Todo mundo quer vir para cá. Fatalmente, as importações sobem”, diz Mauro Moreno, vice-presidente da Associação Brasileira do Alumínio (Abal). No caso do alumínio, fatores conjunturais, como o alto preço da energia, desestimulam a produção local, o que também contribui para o aumento das compras.
VANTAGENS
Alguns países se aproveitam de acordos comerciais para atingir o hoje cobiçado brasileiro. É o caso da Colômbia, no óleo de dendê. Terceiro maior produtor mundial, o país, que paga tarifas mais baixas do que os rivais asiáticos, abastece parte da indústria alimentícia. A produção nacional não é suficiente para responder ao consumo. No caso do coco, o Brasil precisou, há cerca de dez anos, impor salvaguardas para proteger a produção local. Mas, em 2011, as importações superaram em 30% o permitido, que é 6 mil toneladas.
“Não tem como competir com os produtores asiáticos”, diz o presidente do Sindicato Nacional dos Produtores de Coco (Sindcoco), Francisco de Paula Domingues Porto.
Mas não é só de países emergentes que o Brasil compra. A Suíça respondeu por 83% das importações de café industrializado em 2011. As importações do produto cresceram 90%, reflexo do aumento da renda e da sofisticação do consumo. Já a compra de feijão chinês foi um negócio de ocasião, graças à baixa do Dólar.
“Não houve necessidade de grandes importações, mas oportunidades de trazer feijão a um preço competitivo”, diz Vlamir Brandalizze, sócio da Brandalizze consultoria. A importação de álcool foi necessária para cobrir a primeira queda da produção nacional em dez anos, em um cenário de forte demanda.