30/01/2012
Na dose certa para o café
Chuvas no estado neste mês não castigaram muito a região cafeeira. A água caiu na medida esperada para o enchimento dos grãos. Condições são boas para garantir a safra recorde
As chuvas que castigaram diversas regiões mineiras pouparam as lavouras cafeeiras. E foram, inclusive, benéficas para os cafezais. O bom volume de água é essencial neste período para o enchimento dos grãos e contribui para a perspectiva de recorde de safra do café para este ano, de acordo com análise feita pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na semana passada. As precipitações iniciadas por volta de dezembro, no Espírito Santo e em Minas Gerais, eram, inclusive, esperadas. Os dois estados chegaram a registrar prejuízos pontuais em alguns municípios, mas nada que afete, até o momento, a boa perspectiva da produção.
Segundo o coordenador do Núcleo Tecnológico do Café da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), César Botelho, talvez haja algum prejuízo nas plantações mais novas devido à evasão de nutrientes e à diminuição da proteção do solo decorrentes do escoamento das águas pela lavoura, mas nada que comprometa a safra total. Ele explica que o produtor ainda pode adotar medidas preventivas de conservação do solo, como manejar o mato, levantar terraços emergenciais e bacias de contenção. A previsão é de que, com a bienalidade positiva em 2012, o estado alcance uma produção maior do que a anterior.
Apesar de a safra total não ter sofrido perdas por causa das chuvas, foram registradas exceções. Em Itamogi, na Região do Sul de Minas Gerais, por exemplo, houve prejuízos por conta da chuva de granizo neste mês, atingindo cerca de 17% da área em produção. A perda estimada foi de 10 mil sacas de café, um prejuízo de mais de R$ 5 milhões. A previsão era de que o município colhesse cerca de 170 mil sacas nesta safra. O município tem 90% de sua economia baseada na lavoura cafeeira de pequenos produtores.
No Espírito Santo, as chuvas representam benefícios para o café conilon, mantendo as boas previsões de produção para este ano. “A chuva é bem-vinda”, ressalta o pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) Antônio Lani. A expectativa para a região é de que as chuvas durem até fevereiro. “O ideal é que chova até o fim de fevereiro, uma estiagem agora pode ser ruim para quem não tiver irrigação, gerando grãos malformados. Aí, sim, é prejuízo”, pondera. No Espírito Santo, a produtividade do conilon vem crescendo a cada ano. O uso de tecnologias desenvolvidas com o apoio do Consórcio Pesquisa Café vem contribuindo para isso, inclusive neste período de chuvas. Os produtores utilizam cultivares mais resistentes, técnicas de nutrição do solo e combatem pragas e doenças.
Enquanto isso…
…seca curta no Paraná
A estiagem na região produtora do Paraná também não chegou a afetar as lavouras de café. Segundo o agrometeorologista do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) Paulo Henrique Caramori, as águas começaram a cair na região cafeeira ainda em outubro e novembro, havendo apenas um pequeno período de seca em dezembro. “A partir desta semana, a previsão é de que as chuvas na região se regularizem, por isso, não se espera prejuízo na região cafeeira do Paraná”, adianta. A expectativa e torcida agora é para que as chuvas continuem no próximo mês. “Esta é uma fase importante para formação dos frutos. Janeiro e fevereiro são meses cruciais para a qualidade do café.”