A medida da erosão dos solos

Por: Estado de Minas

16/01/2012
 
A medida da erosão dos solos 
O uso de geotecnologias adquiriu caráter fundamental que possibilita, com eficiência, a obtenção e tratamento de elevada quantidade de dados e informações sobre os recursos naturais
 
O uso de tecnologias inadequadas provoca resultados indesejáveis sobre os recursos naturais. Isso tem contribuído para degradação ambiental, principalmente neste último século, o que demandou quantidades crescentes de recursos naturais, extrapolando, assim, a escala sustentável do uso desses recursos.


Para auxiliar na avaliação ecossistêmica tem-se utilizado a modelagem econômico-ecológica. Um dos principais objetivos desse instrumento é representar, através de equações, a interação dos componentes do ecossistema, e deste com o sistema antropogênico. Nesse contexto, o uso de geotecnologias adquiriu caráter fundamental que possibilita, com eficiência, a obtenção e tratamento de elevada quantidade de dados e informações sobre os recursos naturais.


Como exemplo do uso de geotecnologia, utilizou-se o ambiente de Sistema de Informação Geográfica (SIG) para a definição das taxas de erosão do município de Araras (SP), cuja área é caracterizada por condições de clima, solo, relevo e infraestrutura logísticas e aptidão agrícola adequadas, favorecendo uma exploração intensiva dos solos acima da sua capacidade de suporte. Essas características contribuem para processos erosivos em diferentes magnitudes na região.


MÉTODO As taxas de perda de solo na área de estudo foram estimadas, a partir do modelo universal soil loss equation (USLE), também conhecido por equação universal de perda de solo, que foi adaptada para as condições brasileiras por Bertoni e Lombardi (1998). Consiste de um modelo multiplicativo, onde a perda média anual de solo é obtida pelo produto de seis fatores determinantes, de acordo com a equação:


A = R*K*L*S*C*P, onde: A = perda anual de solo em Mg.ha-1.ano-1; R = fator erosividade da precipitação e da enxurrada, em M.J.mm.ha-1.h-1.ano-1; K = fator erodibilidade do solo em Mg.ha.h/ha.MJ.mm, que, conforme Bertoni e Lombardi Neto (1999), obteve-se o valor de K= 0,0250; L = fator comprimento da encosta; S = fator grau de declividade; LS = fator topográfico; C = fator de cobertura e manejo da cultura. Os valores de C foram aqueles calculados por Bertoni e Lombardi Neto (1998); P = fator de práticas conservacionistas do solo P= 0,69947 – 0.08911 * S + 0.01184 * S – 0,000335* S.


O mapeamento do uso e cobertura dos solos foi feito a partir de interpretação analógica da imagem orbital do satélite CBERS 2, com resolução espacial de 20 metros. Para definição dos padrões de uso, utilizou-se de características das imagens, como cor, textura, tonalidade, sombra, tamanho, altura e localização, entre outras. A classificação de imagens que não puderam ser definidas em laboratório foi verificada in loco, em trabalho de campo, com auxílio de GPS. A caracterização do uso resultou nas seguintes classes: cafeicultura, cana-de-açúcar, pastagem, cultura anual, fruticultura, uso misto, silvicultura, vegetação ripária e floresta estacional.


O mapa de solos do município de Araras foi derivado do mapa pedológico do estado de São Paulo. Com o mapa de solo, mapa do uso e cobertura das terras e a equação universal de perdas de solos, em ambiente SIG, foi gerado o mapa das taxas de perdas de solos.


RESULTADO Em uma análise geral dos resultados, verificou-se que grande parte da área municipal apresentou a menor perda de solo (0-12 Mg.ha-1.ano-1), certamente devido à combinação de práticas conservacionistas e boas condições morfo-pedológicas, caracterizadas por relevos planos ou quase planos e solos profundos e bem drenados. A seguir, embora com menor representatividade de área, foram encontradas as outras três categorias de perdas de solo (12-24; 24-60 e 60-120 Mg.ha-1.ano-1, respectivamente), que podem significar não apenas a drástica perda de oferta de serviços ecossistêmicos, mas sobretudo a insustentabilidade produtiva de diferentes agroecossistemas.


Assim sendo, estudos dessa natureza, com o emprego de geotecnologias, podem subsidiar planos e programas, visando não apenas a restauração da oferta de serviços ecossistêmicos mas também a manutenção da sustentabilidade e melhoria da qualidade ambiental.


Pesquisadores da Embrapa Monitoramento por Satélite e da Embrapa Meio Ambiente

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