16/01/2012
Vendas de produtos do agronegócio brasileiro para outros países devem somar mais de US$ 100 bi neste ano, de acordo com as primeiras previsões do Ministério da Agricultura
A receita das exportações brasileiras do agronegócio deve ultrapassar os US$ 100 bilhões neste ano e atingir um novo recorde, de acordo com previsão divulgada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), na semana passada. A expectativa é de que a alta no faturamento alcançado chegue a 5,7%. No ano passado, as vendas dos produtos agropecuários nacionais para o exterior movimentaram US$ 94,59 bilhões. O crescimento frente a 2010 foi de 24% e o valor foi o maior, até então, já registrado pelo ministério.
Os produtos do complexo soja (grão, farelo e óleo) foram os que mais contribuíram para o crescimento nas vendas externas e os que registraram o maior valor de exportação no país. O complexo sucroalcooleiro e as carnes também se destacaram. Os principais destinos dos embarques de produtos nacionais foram os mercados da União Europeia, China, Estados Unidos, Rússia e Japão.
As importações brasileiras de produtos agropecuários, por sua vez, atingiram US$ 17,08 bilhões (valor 28% superior ao registrado em 2010), resultando em um superávit de US$ 77,51 bilhões na balança comercial do agronegócio de 2011. O saldo do setor agropecuário é quase três vezes superior ao acumulado no resultado global da balança comercial brasileira, que fechou 2011 com superávit de US$ 29,8 bilhões.
Os produtos do complexo soja foram os que mais contribuíram para a expansão das vendas externas em 2011, sendo responsáveis por 38,7% do crescimento total de US$ 18,15 bilhões no agronegócio. Em seguida encontram-se o café (16,4%), os produtos do complexo sucroalcooleiro (13,2%), as carnes (11,1%) e os cereais, farinhas e preparações (8%).
Na comparação com 2010, as exportações de soja em grãos cresceram 47,8% em valor (US$ 11,03 bilhões para US$ 16,31 bilhões), devido ao crescimento de 30,3% no preço médio de venda. Em volume, o aumento foi de 13,5%. As exportações de farelo e óleo de soja somaram, respectivamente, US$ 5,69 bilhões e US$ 2,13 bilhões em 2011.
O complexo sucroalcooleiro teve receita de US$ 16,18 bilhões com vendas externas em 2011 (17,45% superior em relação ao ano anterior). O crescimento se deu em função do aumento de 29,9% no preço de venda, apesar da queda de 9,6% na quantidade exportada no período (29,52 milhões para 26,70 milhões de toneladas).
As carnes foram o terceiro setor de maior exportação, com vendas de US$ 15,64 bilhões, o que representa 14,8% de expansão em relação a 2010. Esse crescimento ocorreu em função da elevação de 16,6% no preço médio do produto, o que compensou uma queda de 1,6% na quantidade exportada em relação a 2010. O setor foi responsável por 16,5% do montante total das vendas externas do agronegócio em 2011, com destaque para a carne de frango, cujas vendas somaram US$ 7,49 bilhões, 19,9% a mais do que o ano anterior.
Os produtos florestais ficaram em quarto lugar no ranking de exportações do agronegócio, com US$ 9,64 bilhões e 3,8% de crescimento em relação ao ano anterior. Destaca-se ainda o café, que atingiu a cifra de US$ 8,73 bilhões (51,5% superior ao ano anterior).
No bule dos outros As exportações brasileiras de café apresentaram, em 2011, recorde histórico. A receita do país com a atividade foi 53,6% superior à registrada em 2010 e atingiu US$ 8,706 bilhões. O volume exportado também mostrou um crescimento de 1,3% em relação ao ano anterior, totalizando 33.455.683 sacas. Os números são do Balanço das Exportações divulgado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé).
De acordo com Guilherme Braga, diretor-geral da instituição, “os resultados superaram as expectativas iniciais de uma receita de US$ 8,4 bilhões e posicionam o café com uma participação de 3,4% sobre a pauta das exportações brasileiras, e de 9,2% sobre as exportações totais do agrobusiness”.
Para este ano, é esperado, no mínimo, um desempenho semelhante. Segundo as últimas previsões de safra divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção mineira de café, que é a mais expressiva do país, deverá ficar entre 25,5 milhões e 27,1 milhões de sacas (60 kg). Os números superam os recordes de 2002 e 2010, quando o estado produziu 25,1 milhões de sacas. “Isso é resultado dos investimentos brasileiros em pesquisas e tecnologia e dos melhores tratos culturais aplicados pelos produtores de café, os quais vêm aproveitando esse cenário de melhores preços após uma década de prejuízos”, explica o presidente executivo do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro.
Concentração
Em conjunto, os cinco principais setores (complexo soja, complexo sucroalcooleiro, carnes, produtos florestais e café) somaram US$ 74,33 bilhões em exportações, sendo responsáveis por 78,6% do total das vendas externas de produtos brasileiros agropecuários em 2011. Essa participação representa um aumento na concentração da pauta exportadora. Em 2010, os mesmos setores foram responsáveis por 77,9% dos embarques.