Melitta do Brasil compra a gaúcha Café Bom Jesus

17 de janeiro de 2006 | Sem comentários Consumo Torrefação
Por: Valor por Mônica Scaramuzzo De São Paulo











A Melitta do
Brasil anunciou ontem a compra da Café Bom Jesus, torrefadora com sede em Caxias
do Sul (RS). A aquisição faz parte da estratégia da multinacional alemã de
expandir e consolidar seus negócios no Sul do país, afirmou ao Valor o
presidente da subsidiária brasileira, Bernardo Wolfson.

As negociações
envolvendo a aquisição da Bom Jesus se desenvolveram ao longo de todo o ano
passado, de acordo com Wolfson. O valor do negócio não foi divulgado pelas duas
empresas.

Segundo Wolfson, além de ampliar a presença no Rio Grande do
Sul – a Café Bom Jesus é líder em torrado e moído no mercado gaúcho, mas
disputava mercado com a própria Melitta -, a compra também vai permitir que a
múlti avance em Santa Catarina, onde a companhia adquirida tem boa penetração.
No ranking nacional da Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café), a Bom
Jesus ocupava a 14ª posição em 2005.

Com a aquisição, a Melitta
consolida-se como a terceira maior companhia torrefadora do país. A empresa já
ocupava a posição, atrás da americana Sara Lee e da Santa Clara Participações,
segundo Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Abic. A Santa Clara anunciou,
no dia 30 de dezembro último, uma joint venture com a israelense Strauss-Elite,
controladora da Café 3 Corações. “Com essa operação, a empresa consolidou-se na
vice-liderança”, disse Herszkowicz.

A Melitta informou que vai manter a
marca Café Bom Jesus, que deverá ter estratégia de marketing distinta dos
produtos Melitta. “Um dos motivos pelo qual a Melitta decidiu adquirir a empresa
é a boa aceitação do produto no Sul do país”, afirmou Wolfson.

O
executivo disse que a companhia deverá fazer investimentos para elevar a
capacidade de produção da Café Bom Jesus, mas não quis divulgar os valores e nem
quanto a empresa processa por mês de torrado e moído. O Valor apurou no mercado
que a Bom Jesus é considerada uma empresa de médio porte, com um processamento
que gira em torno das 400 toneladas de café
por mês.

Com vendas de R$ 370 milhões em 2005, 18,2% mais
que em 2004, a Melitta do Brasil representa o segundo maior faturamento do grupo
no mundo, atrás da matriz na Alemanha, disse Wolfson. A múlti chegou ao Brasil
em 1968. Oito anos depois, adquiriu a fábrica Celupa, em Guaíba, onde passou a
produzir seus filtros de papel, produto em que a empresa é líder absoluta no
país. Em 1980, construiu sua primeira torrefadora na cidade paulista de Avaré,
única fábrica da companhia no país até a aquisição anunciada
ontem.

Fundada há 40 anos, na cidade de Bom Jesus, a torrefadora Bom
Jesus, por sua vez, faturou R$ 25 milhões no ano passado. Segundo Antônio Irineu
da Rocha, ex-diretor presidente, a venda da empresa não colocará um ponto final
na história da família no café. “A Melitta concretizará o sonho do meu pai de
expandir os negócios da empresa para o país”, disse. Rocha disse que não vai se
aposentar e estuda continuar nos agronegócios, mas não deu pistas. “Agora vou me
dedicar à pesca”.

Com cerca de 1.100 empresas torrefadoras no país e mais
de 2 mil marcas, o mercado brasileiro de torrado e moído começou a ser
redesenhado com a chegada da Sara Lee, no fim de década de 90. Segundo
Herszkowicz, o crescimento de torrado e moído no país – consumo em torno de 16
milhões de sacas -, o setor está propenso a novas operações de fusões e
aquisições.
 

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