Brasil deve faturar US$ 8,9 bi com as exportações de café

Já o volume das vendas externas deve ficar parecido com o de 2010. Nem a crise europeia ou o retorno colombiano ao mercado podem afetar os resultados

26 de setembro de 2011 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

Daniel Popov – DCI


SÂO PAULO


O consumo mundial de café não deve mesmo cair, nem por causa da crise europeia,  nem pela a alta das commodities, sustentando as exportações brasileiras. A expectativa do setor é que o consumo crescerá em ritmo mais lento.


Com isso o volume de exportações de café do Brasil deve ficar em 33 milhões de toneladas este ano, em linha com as quantidades embarcadas no ano passado. No entanto, a expectativa está no faturamento deste ano, que pode superar a marca de US$ 8,9 bilhões, segundo levantamento do Conselho dos Exportadores de Café no Brasil (CeCafé).


Apesar da safra atual ser menor que a do ano passado, devido principalmente à bianualidade dessa cultura, e às recentes perspectivas de um volume de exportações menor por causa disso, o CeCafé, que esperava um volume de embarques de 29,5 bilhões de toneladas em seu primeiro levantamento, contra os 33,1 de 2010, reviu os números para cima.


De janeiro a agosto deste ano o volume exportado pelo Brasil foi 8% maior que o do mesmo período do ano passado. “Esse ano teremos menos café no Brasil, e a volta dos embarques da Colômbia, mas como os preços tendem a ficar sustentados, os valores com as exportações devem ser muito maiores que no ano passado“, garantiu Gil Barabach, analista da Safras & Mercado.


Para ele, a atual crise financeira na Europa não irá se refletir no consumo do produto. E mesmo se a situação piorar e se equiparar aos problemas vistos em 2008, a expectativa é que o consumidor passe a tomar cafés mais baratos. “No primeiro momento, caso a crise se intensifique, existe sim, uma tendência de que o consumo migre dos cafés mais caros para os mais baratos. No entanto, isso está longe de acontecer”, disse o analista de café.


Para a empresa exportadora de café Guaxupé, de Minas Gerais, o faturamento brasileiro com a venda do produto pode ficar até 25% maior que o ano passado. “Os valores devem ficar até 25% mais altos este ano, já que os preços têm aumentado devido ao baixo volume do estoque mundial. Tanto nos países produtores que estão com seus estoques quase zerados quanto nos consumidores que não têm carregado de um ano para o outro um estoque de segurança”, frisou o diretor-comercial João Hopp.


A empresa, a exemplo do setor brasileiro, também espera exportar a mesma quantidade de café, mas a receita deve mesmo ficar maior. “Aqui, na Guaxupé, prevemos, sim, um crescimento. Esse ano prevemos manter os volumes de exportação do ano passado, que foi muito grande. Em 2012 esperamos crescer 15% no volume de exportação”, garantiu o executivo mineiro.


Já sobre a concorrência com a Colômbia, Barabach contou que depois desses três anos de produção menor no País, o Brasil se aproveitou e acabou conquistando um espaço no mercado internacional. Entretanto a busca por cafés suaves e de alta qualidade segue aquecida. “O mundo também está buscando um produto diferenciado no mercado mundial. E eles chegam a partir de outubro, principalmente da Colômbia. A carência do mundo é pelo café suave”, afirmou Barabach.


Para Hopp, o efeito da volta da Colômbia será uma pequena queda dos embarques dos cafés finos do Brasil. “O retorno de um grande produtor de cafés de qualidade sempre afetará outros países produtores. No Brasil os produtos de qualidade mais alta sofrerão essa concorrência.”


Produção recorde


A safra 2011/2012 de café do Espírito Santo será recorde. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra total de café no estado (robusta e arábica) está estimada em 11,6 milhões de sacas de 60 kg, 14% maior que a temporada anterior.


Segundo o produtor Ricardo Brunoro, da fazenda Brunoro AgroAvícola, na região de Venda Nova dos Imigrantes (ES), um dos motivos do bom desempenho das lavouras capixabas é o investimento em novas tecnologias, o crescimento de área, e o clima favorável. “Espero fechar com uma ótima colheita. Os preços seguem muito bons e acredito que as vendas também o serão”, garantiu o produtor rural.


 

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