São Paulo – A receita cambial das exportações brasileiras de café atingiu o maior valor dos últimos oito anos. Segundo dados divulgados hoje (6) pelo Conselho dos Exportadores de Café Verde do Brasil (Cecafé), o faturamento com as exportações somou US$ 2,91 bilhões no ano passado.
A receita do ano passado foi a segunda melhor dos últimos 25 anos e ficou abaixo apenas dos US$ 3,1 bilhões registrados em 1997. Já o volume exportado no ano passado ficou praticamente estável, com queda de 1,3%.
Os embarques, incluindo o volume equivalente em sacas de café solúvel, somaram 26,12 milhões de sacas em 2005, contra 26,46 milhões de sacas em 2004. Na exportação de grãos verdes, foram exportadas 21,48 milhões de sacas de café da variedade arábica e 1,1 milhão de conillon. A receita cambial em dezembro, incluindo o equivalente em café solúvel, cresceu 10%, para US$ 262,2 milhões, em comparação US$ 238,6 milhões em dezembro de 2004.
O aumento se deve à recuperação dos preços internacionais, já que o volume embarcado recuou 19,3%. As exportações em dezembro/04 foram de 2,82 milhões e no mês passado 2,28 milhões de sacas. O volume de grãos verdes caiu 23,7% no mês passado, passando de 2,50 milhões em dezembro/04 para 1,91 milhão de sacas em dezembro/05. O volume de café arábica recuou 22,9% em dezembro, passando de 2,45 milhões em dezembro/04 para 1,88 milhão de sacas em dezembro/05.
A redução do embarque de conillon foi mais expressiva. A queda foi de 56%. O embarque passou de 58.268 sacas em dezembro/04 para 25.622 sacas no mês passado. Segundo Guilherme Braga, diretor geral do Cecafé, a queda nas exportações de conillon se deve ao fato de a indústria nacional absorver quase toda produção brasileira, pois os preços internos ficaram acima dos praticados por outras origens.
Projeções
A colheita de uma volumosa safra de café, aliada à alta dos preços internacionais, permite estimar que o Brasil terá bons resultados com exportação do produto este ano. O Cecafé projeta receita cambial recorde dos últimos 25 anos: US$ 3,18 bilhões, o que corresponde a um faturamento 9% maior do que em 2005 (US$ 2,91 bilhões) e supera o melhor desempenho anterior obtido em 1997 (US$ 3,09 bilhões). Em 2005, a participação do café na pauta de exportações do agronegócio do País foi de cerca de 6,7%.
Em termos de volume, o País deve embarcar 27,10 milhões de sacas de 60 kg. O resultado representa aumento de 3,8% em relação ao ano anterior (26,11 milhões de sacas).
Braga prevê dificuldades no fluxo de embarque do primeiro semestre, por causa da pequena safra colhida em 2005 (cerca de 33 milhões de sacas). Mas os concorrentes também enfrentam dificuldades. O Vietnã tem atrasado os embarques, em virtude do clima desfavorável. Países exportadores da América Central, mais o México, tiveram prejuízos provocados por tempestades e furacões. Com baixa oferta mundial, os preços tendem a subir.
No segundo semestre, com a entrada da nova safra brasileira no mercado (estimada entre 40 milhões e 44 milhões de sacas), o País deverá elevar o volume das exportações. Quanto às cotações, o Cecafé avalia que deverá ocorrer uma acomodação, com preços ligeiramente abaixo do primeiro semestre.
Exportadores não afastam, porém, a possibilidade de os preços sustentarem novas altas, em virtude da especulação com relação à safra brasileira de 2007. A produção deverá ser pequena, cumprindo a característica de bianualidade da cultura (grandes safras alternadas com pequenas safras).
O preço médio de exportação da saca em 2006 está estimado em cerca de US$ 117, com aumento de cerca de 5% em comparação com 2005. No ano passado, a saca foi exportada, em média, a US$ 111 41, correspondendo a um aumento de 47% em relação ao ano anterior (US$ 75,94).
Braga salienta que o resultado de 2006 leva em conta taxa de câmbio entre R$ 2,40 e R$ 2,45. Em 2005, o setor trabalhou com dólar médio de R$ 2,43, em comparação com R$ 2,93 do ano anterior. “Se o real não tivesse se valorizado tanto no ano passado, a receita interna do setor produtivo, em reais, poderia ter dobrado”, diz Braga, ao ressaltar os efeitos negativos do câmbio para as exportações de café em 2005.
Os exportadores não esperam mudanças entre os principais destinos do café verde brasileiro, os quais são, respectivamente pela ordem decrescente, Alemanha, Estados Unidos, Itália e Japão.