PMDB vê interesse petista nas denúncias contra Agricultura

Pemedebistas veem interesse de petistas em acusação de corrupção no Ministério da Agricultura

 
Caio Junqueira | De Brasília | VALOR


A cúpula do PMDB se reuniu ontem no gabinete do vice-presidente da República, Michel Temer, para blindar o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), contra o que considera “ataques especulativos” de aliados.


A estratégia posta em prática após a reunião é considerar as denúncias contra a legenda como um problema pessoal do senador, e não político. O partido identificou interesse, sobretudo de senadores petistas, em desestabilizar Jucá após a entrevista à revista “Veja” em que seu irmão, o ex-diretor da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Oscar Jucá Neto, declara haver corrupção no Ministério da Agricultura.


A Pasta é controlada pelo pemedebista Wagner Rossi, indicado diretamente por Temer. As declarações foram feitas após Oscar Jucá ser exonerado do cargo por ter autorizado uma liberação de recursos irregular.


O PMDB também identificou interesse em partidos aliados envolvidos em denúncias, como PP e PR, de que haja, para o partido, o mesmo tratamento que foi dado aos demais, em especial ao PR, após as denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes e a consequente “faxina” promovida pela presidente Dilma Rousseff.


Por essas razões, a alegação é de que se trata de uma questão pessoal do senador Jucá que não deve ser contaminada pela nem pelos correligionários e tampouco pelo governo e base aliada. “Não é um problema político, é um problema familiar”, afirmou ontem ao Valor o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), que participou do encontro com Temer, segundo ele, para fazer uma avaliação do cenário político, econômico e da agenda legislativa do semestre.


Ele negou que tenha havido tensão entre os dirigentes do partido em decorrência do episódio. “O PMDB está unido e feliz. Não há desconforto entre nós. Há desconforto do senador Jucá por conta de seu irmão ter feito as declarações que fez. Mas as acusações já foram esclarecidas pelo ministro e amanhã (hoje) ele irá a Câmara falar sobre isso na comissão de Agricultura.”


O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), também adotou a linha de se tratar de uma questão familiar. Disse a jornalistas que “parentes no governo sempre criam problemas, ou para o governo, ou para o parente.” A ideia a ser passada é que, sendo um processo familiar, não havia como Jucá controlar os atos de seu irmão. Situação que ele mesmo confirmou ontem. “É um processo que não estava no meu controle. Eu só podia me desculpar e dizer o que tenho dito, que discordei da posição de meu irmão”. O partido considera ainda que a presença de Rossi na Câmara irá baixar a temperatura do caso.


Por outro lado, o apoio do PMDB a outro de seus ministros, Nelson Jobim (PMDB), não recebe o mesmo apoio. Pemedebistas consideram que Jobim os desqualificou após afirmar em entrevista ao programa “Roda Viva” que seu posto fora uma indicação pessoal de Dilma e que, por isso, não entrou na cota partidária. Também consideraram impróprias a revelação dele de que votou no candidato derrotado a presidente, José Serra (PSDB). Jobim, contudo, participou da reunião ontem no gabinete de Temer.

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