Empresa perdeu espaço no mercado por questão tributária, em particular o PIS/Cofins
Agência Estado
O exportador Jair Coser, da Unicafé, informou que a sua empresa deve retomar este ano o nível de exportação de 2009, quando embarcou cerca de 2,1 milhões de sacas de 60 quilos. Em 2010, a Unicafé exportou perto de 1,6 milhão de sacas. Coser participa nesta terça, dia 31, do 4º Fórum do Café, promovido pelo Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), em São Paulo.
Segundo o exportador, a Unicafé perdeu espaço no mercado por questão tributária, em particular o PIS/Cofins, que reduzia a competitividade ante concorrentes.
– Uma medida provisória deverá ser assinada em breve para garantir isonomia no setor – prevê.
Atualmente, exportadores tradicionais, sem outros tipos de atividade, recolhem o PIS/Cofins, mas não têm como se beneficiar do crédito. Um exportador que tenha outra atividade, como torrefação, por exemplo, pode se valer do crédito do PIS/Cofins para abater outros tributos.
O exportador lamenta, ainda, a situação do câmbio, com o real fortalecido ante o dólar.
– Deixaremos de ser grande exportador para virarmos grande importador. Será um desastre – afirma.
De acordo com ele, as cotações das commodities agrícolas sobem, mas não será para sempre.
– Lamentavelmente, exportamos apenas produto primário – diz.
Com relação à produção de café, Coser informa que o futuro está no Brasil. Ele cita que o consumo global da bebida cresce 2,5% ao ano.
– Em dez anos precisaremos de 25 milhões de sacas. Só o Brasil tem condições de suprir essa demanda – garante.
Preço
O vice-presidente da empresa japonesa Ueshima Coffee (UCC), Masaro Ueshima, maior importador de café da Ásia, diz que apesar da alta dos preços do grão, o Brasil ainda é competitivo em relação a outros países produtores. A UCC importa anualmente cerca de um milhão de sacas de café do Brasil, de altíssima qualidade, volume que tem se mantido estável nos últimos anos.
O grão nacional representa perto de 40% do total comprado pela empresa japonesa. Ueshima ressalta, no entanto, que existe preocupação com a alta das cotações internacionais do café.
– O consumidor tende a substituir o produto por outros tipos de bebida – explicou ele, que também participa hoje do Cecafé.
De acordo com Ueshima, a qualidade do café brasileiro tem correspondido às necessidades dos japoneses.
– O Japão é rigoroso [em termos de qualidade] e o café brasileiro tem melhorado cada vez mais – afirmou.
O presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Coouxupé), Carlos Alberto Paulino da Costa, comentou que cerca de 30% do café utilizado pela Nespresso em suas cápsulas tem como origem o Brasil. A norte-americana Starbucks, maior rede de cafeterias do mundo, cada vez mais compõe seus blends com café brasileiro.
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