Com a expansão do café no Estado, São Gabriel da Palha – antes da sua emancipação – já tinha boas áreas de plantio da cultura cafeeira, sendo que a maioria das lavouras composta da espécie coffea arábica – variedade Bourbon (arábica) e poucas espécies coffea canephora – variedade de Conilon (robusta). Esta variedade era insignificante para a renda dos produtores rurais, já que o comprador daquela época não queria nem ouvir falar em conilon, pois surgiu-se a idéia absurda de que ele seria veneno.
Possivelmente, foi a cafeicultura de bourbon que serviu como fator de peso ao lado, da pecuária, extração de madeiras e serrarias, que incentivaram a geração de renda para a região e consequentemente agilizando a emancipação de São Gabriel da Palha, em 1963.
No mesmo ano, foi fundada a COOABRIEL, com objetivo de melhorar a comercialização do café no mercado e equilibrar o quadro econômico-social dos cafeicultores.
Pouco tempo depois da emancipação da cidade de São Gabriel da Palha e da fundação da Cooperativa, ambas começaram a sofrer com o impacto dos problemas econômicos provocados pela erradicação do café, incentivada pelo Governo Federal. A crise se acentuou em 1966/67 quando houve um elevado êxodo rural, sobrando então, apenas algumas lavouras de café pertencentes a uma pequena quantidade de produtores que ainda se mantinham esperançosos com a reação dos preços do produto.
Embora tivesse algumas lavouras isoladas de plantio, ainda não era o suficiente para a arrecadação do município, cedendo lugar à expansão da pecuária, que tinha pouco valor comercial na época. Mas mesmo assim, a crise perdurava e a arrecadação da cidade era mínima e os resultados desastrosos.
O Governo Federal lançou recursos para recuperar cafezais, entretanto, as regiões privilegiadas foram somente aquelas que tinham acima de 600 metros de altitude e com plantio de arábica. Portanto, São Gabriel da Palha havia ficado de fora do benefício, pois localiza-se abaixo de 400 metros.
Então, em 1970, as autoridades do município resolveram se organizar para juntos solucionarem os problemas. Foram analisados os solos e o clima da região, ficando constatado que à cafeicultura do conilon era favorável para o município. Havia também uma esperança no fim do túnel, pois o robusta seria absorvido pela indústria de solúvel no Estado.
Em 1971, na administração do Prefeito Dário Martinelli, foi montado o primeiro viveiro de mudas de café conilon em São Gabriel da Palha, sendo o primeiro do Estado.
A partir daquela data, as autoridades em parceria com técnicos da ACARES (hoje EMCAPER) e religiosos, promoveram uma campanha de conscientização entre os produtores, incentivando o plantio do robusta. A Prefeitura local chegou a doar mudas de café para aqueles que desejassem plantar em curvas de nível, sendo orientados pelos técnicos.
Um dos argumentos utilizados, era o acordo firmado com a indústria de solúvel, que se comprometeria em comprar o robusta produzido no município.
Embora o descaso do Governo em relação ao Conilon, o café foi ganhando espaço e adeptos. A sua expansão era tão satisfatória entre os gabrielenses, que chegou rapidamente aos municípios vizinhos, entre eles: Pancas, Boa Esperança, Nova Venécia e Barra de São Francisco.
Após observar o crescente interesse pela cultura, o Governo Federal designou alguns técnicos para estudarem o desenvolvimento da cultura em São Gabriel da Palha como lavoura experimental.
Comprovada a qualidade do robusta, em 1975, abriam-se as primeiras linhas de financiamento para o robusta em todo o Brasil, graças ao trabalho e as solicitações de São Gabriel da Palha.
Com o uso do café solúvel em todo o mundo, o conilon passou a ser matéria prima com características excelentes para o comprador: menor preço, paladar neutro, maior concentração de extratos e maior rendimento industrial.
Hoje, São Gabriel da Palha, é reconhecida como a “CAPITAL NACIONAL DO CAFÉ CONILON” e berço do avanço genético do robusta no mundo.
Antes mesmo de sua emancipação, São Gabriel já tinha boas áreas de plantio de café, na maioria lavouras de café bourbom (arábica) e raros plantios do conilon (robusta), variedade que não representava absolutamente nada para a renda dos produtores, pois nenhum comprador queria ouvir falar em conilon, que inspirava a idéia absurda de que ele seria veneno.
Foi talvez, a cafeicultura de bourbom, que serviu como fator de peso, ao lado da pecuária, extração de madeiras e serrarias, que gerava rendas para a região, para facilitar a emancipação de São Gabriel, em 1963.
No mesmo ano, surgiu em função também do café, a COOABRIEL, com objetivo de melhorar os preços, facilitar a comercialização do café do produtor e trabalhar para o melhoramento econômico e social dos cafeicultores.
Nem bem começavam a marchar com suas próprias pernas, o município de São Gabriel da Palha e consequentemente, a Cooperativa, depararam com sérios problemas econômicos, provocados pela erradicação do café, incentivada pelo Governo Federal.
A erradicação foi desenfreada na região, provocando uma série crise, que se acentuou em 1966/67, causando grande êxodo rural, com sérios problemas econômico social.
Sobraram apenas algumas lavouras de café de produtores que persistiram, acreditando em novas reações de preços do produto.
Com a erradicação, o município que era considerado cafeeiro, teve somente algumas áreas isoladas de plantio, que não representava quase nada para a arrecadação. Isto deu lugar para a expansão da pecuária, que tinha pouco valor comercial.
Os efeitos daquela crise perduraram por muito tempo. A arrecadação do município era mínima e os balanços anuais quase sempre fechavam com resultados desastrosos.
Em 1970, apesar do desânimo que tomava conta das autoridades e dos produtores, o então Prefeito de São Gabriel, Eduardo Glazar, preocupado com a situação, convocou todas as autoridades municipais para juntos encontrarem a saída para o problema.
Após estudar as viabilidades, constatou-se que os solos e o clima de São Gabriel da Palha eram favoráveis à cafeicultura de conilon, e mesmo a região não tendo sido incluída para ajudar a recuperação de cafezais, com recursos do Governo, indo somente para o arábica nas regiões acima de 600 metros de altitude (São Gabriel, não se incluía no programa, pois localiza-se abaixo de 400 metros), resolveram pensar no conilon, pois encontrava-se um “espelho guia” que era a istalação da indústria de solúvel no Estado, que aceitava absorver a produção de café colon, que seria plantado no município.
Em 1971, na administração do Prefeito, Dário Martinelli, foi montado, na propriedade do Senhor, Moisés Colombi, o primeiro viveiro de mudas de café conilon em São Gabriel, sendo o primeiro do Estado.
E mesmo desafiando o Governo Federal, que na época fazia aversão ao conilon e não estimulava o plantio da variedade, homens como, Eduardo Glazar, Dário Martinelli, Batista Colombi, Ailton Vargas de Souza, então técnico da ACARES (hoje INCAPER), padre José Laira e o Pastor Roberto Hollebach, promoveram uma campanha de conscientização entre os produtores, incentivando o plantio do robusta (conilon), levando como argumentos, o café robusta que viesse a ser produzido no município e as condições favoráveis de solo e clima que o município apresentava.
Assim em março de 1972, alguns produtores formaram suas lavouras, na razão de cinco mil pés por propriedade, com mudas doadas pala Prefeitura local, que as doava de graça, porém, para aqueles que aceitassem plantá-las em curva de nível, com a orientação dos técnicos da ACARES local, que faziam sem autorização da Central, autorizado, no entanto, pelo então chefe do escritório da Empresa no Município, Dr. Ailton Vargas de Souza, que colocou o técnico, Elias dos Anjos a disposição do programa.
Nossos homens decidiram entender o comportamento da cultura, instalando uma lavoura experimental em São Gabriel, na propriedade de Dário Martinelli, onde os técnicos avaliaram os estágios de desenvolvimento dos cafeeiros, ficando satisfeitos com os resultados, o que serviu para estimular ainda mais os produtores.
Na verdade, a introdução do café conilon, veio “por baixo dos panos”, pois não havia nenhum tipo de incentivo do Governo, que nem queria ouvir falar na variedade, então ridicularizado pelos tradicionais produtores de arábica. Nossos “heróis”, os incentivadores acima, tinham consciência da responsabilidade que estavam assumindo sobre os ombros, mas não se intimidaram com o desafio.
A notícia sobre o conilon expandiu-se entre os cafeicultores gabrielenses que se interessaram em formar as lavouras, havendo necessidade de ampliar os viveiros, sendo que algumas mudas foram também doadas para alguns municípios vizinhos que despertaram para a atividade, como, Pancas, Boa Esperança, Nova Venécia e Barra de São Francisco.
O estimulo para a variedade partia somente das autoridades do Município (que não tinha mais recursos para bancar a ampliação do parque) e das lideranças da COOABRIEL, que divulgava a importância do café e da organização dos produtores em cooperativa, para a hora da comercialização da produção.
Mesmo o Governo continuando a Ter total descaso sobre o conilon, não liberando recursos, o café mesmo assim, foi ganhando seu espaço e sendo bem aceito entre os produtores. E somente após observar e crescente interesse pela cultura, é que o Governo despertou, designando uns técnicos do IBC, para estudar e desenvolvimento da cultura em São Gabriel, tomando a lavoura do Sr. Eduardo Glazar, ,a Cachoeira da Onça, como lavoura experimental.
E em 1975, abria-se as primeiras linhas de financiamento para o conilon em todo o Brasil, graças ao trabalho e as solicitações de São Gabriel da Palha.
A medida que o uso do solúvel se generalizava no mundo, ganhava espaço o uso do café conilon, que passou a ser a matéria prima com características ideais para o comprador: menor preço, paladar neutro, maior concentração de extratos solúveis e maior rendimento industrial.
Nesse contexto, o município de São Gabriel da Palha, ampliou dez vezes mais o seu parque cafeeiro, dentro de dez anos e com a grande vantagem de Ter a COOABRIEL, despontando como Cooperativa forte, capaz de servir de termômetro regulador de preços do café na região e ainda com estruturas ideais de armazenagem e comercialização para facilitar a vida do produtor.
E assim, São Gabriel da Palha, foi conduzindo com total exclusividade e monocultura do café conilon, tanto, que no próprio município, foi desenvolvido o maior avanço tecnológico em mudas clonais de café conilon, através da VERDEBRAS Biotecnologia, que revolucionou a maneira de pensar do produtor tradicional.
Tudo isto, deu a São Gabriel da Palha, o reconhecimento como a “Capital Nacional do Café Conilon” e berço do avanço genético do conilon do mundo.
Da crise à expansão tecnológica motivada pela COOABRIEL
Nos últimos 12 anos, muitas frases marcaram a cafeicultura de conilon: frase de glória, com excelentes preços e grande produção (1985/87); frases de decadência com longo período de baixíssimos preços (87/93), que levou ao abandono de muitas lavouras e a migração de centenas de famílias para os Estados de Rondônia, Pará, Minas Gerais e Bahia.
Em 1990, a situação estava tão preocupante, que a Cooperativa, as autoridades Municipais e os produtores, se mobilizaram num SOS cafeicultura, na busca de alternativas para problema.
Em 1993, haviam inúmeras lavouras depauperadas e improdutivas, efeito do abandono, muitas sendo substituídas por outras culturas, como o coco, e vimos nossos cafeicultores totalmente descapacitados e desanimados com a atividade, o que alarmou, principalmente, as lideranças da área agrícola.
A COOABRIEL a partir daí, viabilizou com recursos próprios tres megas programas: o de revitalização da lavouras e de seus associados, com planos de financiamento de adubos e corretivos na equivalência café, dando aos associados a possibilidade de recuperar lavouras melhores, pela facilidade do plano, sendo a “tábua de salvação” do momento, visto que a maioria dos cafeicultores estão e ela vinculada: o Programa de implantação de lavouras altamente produtivas para melhoria da qualidade e produtividade, montando para isto uma grande estrutura de produção de mudas clonais, com jardim de matrizes, formado por mudas precoce, média e tardia e viveiro com capacidade para 4 milhões de mudas ano, que são financiadas para os sócios na equivalência café e repassadas a preços normais para não sócios, através de convênios com prefeituras municipais; e o Programa de incentivo à recuperação do solo, com a implantação do laboratório de Análise Químicas de Solo e Plantas, que entrou em funcionamento em março de 1996, realizando análises de solo, plantas, calcário, matéria orgânica e em breve, analisará água, financiando tudo isso para os sócios e também atendendo toda a região, estando inclusive, classificada entre os 10 melhores do Pais.
Em suma, São Gabriel, que emancipou (nos 10 anos) dois grandes pólos cafeeiros de sua extensão – Águia Branca e Vila Valério, continua sendo a “capital do café conilon”, e hoje com lavouras de alto padrão tecnológico, apesar de assim mesmo, Ter convivido com estiagens, tendo ainda a honra de sediar a maior cooperativa de café conilon do Brasil, empresa respeitada e conceituada no “mundo do café”, honrando o município por Ter sido reconhecida como a 65ª Empresa no ranking das maiores empresas economicamente equilibradas do Espírito Santo, elevando o nome de São Gabriel e também dos municípios de sua área de ação.
Fonte: COOABRIEL – Relatório de atividades de 1997