Alimento orgânico: demanda maior que oferta

Para especialista, falta incentivo aos produtores; atualmente 150 municípios do Paraná produzem orgânicos

13 de fevereiro de 2011 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

13/02/2011 10:02:00 – Folha de Londrina

O consumo sustentável também pode ser praticado por meio da nossa alimentação. Ingerir alimentos orgânicos, livres de fertilizantes sintéticos e agrotóxicos é uma das maneiras mais eficientes de mantermos a saúde do planeta. A prática, porém, é relativamente nova no Brasil (no Paraná ela foi iniciada em 1982) e a demanda ainda é muito maior que a oferta. Este, entre outros motivos, eleva os preços e faz com que a disponibilidade de produtos seja menor do que o ofertado pela agricultura convencional.


Para o engenheiro agrônomo Iniberto Hamerschmidt do Instituto Emater, uma saída seria um maior incentivo aos produtores por parte do governo, como o subsídio a fundo perdido para o agricultor se manter durante a fase de conversão da propriedade, que dura de um a três anos. Durante esta fase, necessária para a desintoxicação do solo, o lucro cai bastante porque a produção ainda não pode ser comercializada como orgânica, diz Hamerschmidt, que é extensionista estadual na área de olericultura.


Outra dificuldade encontrada pelos produtores, de acordo com o agrônomo, é o custo da certificação, necessária para que o alimento seja comercializado como orgânico. O Governo do Paraná oferece a possibilidade de certificação gratuita, mas só no caso de pequenos agricultores, que se encaixam no modelo de agricultura familiar. A certificação é uma garantia para o consumidor de que o produto foi produzido de acordo com os princípios agroecológicos e de conservação dos recursos naturais.


O produtor acostumado ao sistema de cultivo tradicional é que mais sofre para se adaptar, de acordo com Hamerschmidt, pois no início os resultados custam a aparecer. O produtor tem que estar bem consciente dos benefícios da agricultura orgânica, para não se render facilmente ao uso de agrotóxicos. Neste sentido, uma boa assistência técnica é fundamental, ressalta o agrônomo, lembrando que os produtores aventureiros, que migram para a agricultura orgânica apenas de olho nos lucros, acabam desistindo.


Atualmente 150 municípios do Paraná produzem orgânicos, ou seja, não chega a 50%, mas temos notado uma evolução, argumenta o agrônomo. Segundo ele, há 10 anos a produção era de 4,5 mil toneladas. No último levantamento (safra 2007/2008) o volume chegou a 124 mil toneladas. A expectativa é que o próximo levantamento (safra 2008/2009) aponte para algo em torno de 150 mil toneladas.


A agricultura orgânica é viável, mas leva tempo para ser incorporada. Não é da noite para o dia que vamos conseguir substituir a agricultura convencional, argumenta. De acordo com Hamerschmidt, o Estado já produz soja, milho, trigo, feijão, arroz, café, mandioca, frutas, hortaliças, erva mate, cana-de-açúcar, fum o, girassol, amendoim e algodão pelo sistema orgânico.


Silvana Leão
Reportagem Local

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