Perspectivas para o café brasileiro

4 de fevereiro de 2011 | Sem comentários Mais Café Opinião
Por: Estado de Minas

OPINIÃO
04/02/2011 
 
Antônio Carlos Arantes – Deputado estadual, presidente da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais
 
Em 2010, o Brasil colheu bons frutos com sua cafeicultura. A alta das exportações e o preço atingindo níveis históricos deram o tom nas estatísticas do maior produtor mundial de café. Dados do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafe) confirmaram uma receita de US$ 5,6 bilhões em exportações e comercialização 9% maior em relação a 2009, o maior volume dos últimos cinco anos. Além da competência de nossos produtores, o maior consumo mundial e a redução da oferta em tradicionais países produtores como Colômbia, Indonésia e Costa Rica, são apontados como fatores que explicam esta evolução. Os preços do café havia tempo não atingiam patamares tão significativos.


Na Bolsa de Nova York, os preços internacionais alcançaram os mais altos índices dos últimos 13 anos. No Brasil, o preço da saca foi pressionado não só pela demanda mundial, mas também pelo consumo interno. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Café (Abic), a melhoria continua da qualidade do produto, o crescimento do consumo de cafés tipo gourmet e especiais e a melhoria da percepção do café como benéfico à saúde fizeram o consumo interno aumentar 4,18% na comparação entre 2008 e 2009. Ao que parece, a conjuntura para 2011 promete um ano de grandes ganhos para a cafeicultura nacional, seguindo o embalo dos resultados de 2010, mesmo em um ano de baixa bienalidade.


A primeira estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra de 2011 indica que o Brasil poderá colher até 44,7 milhões de sacas superando em 13% o ano de 2009, último de bienalidade baixa. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepa), em 2011, a demanda mundial continuará crescente e os estoques ainda baixos, levando a uma tendência de fechamento dos preços internacionais em uma média superior a R$ 400 por saca do café arábica, contra os R$ 310,91 obtidos na média de 2010. Ainda no primeiro trimestre, o preço pode atingir picos de R$ 500 por saca. O cenário já é compreendido pelos produtores que estão tendo dificuldades até de adquirir novas mudas para plantio. Em novembro, não havia mudas no mercado para os produtores mineiros, mesmo pagando mais por elas.


A conjuntura favorável tem permitido aos cafeicultores de Minas Gerais, maior produtor nacional, a adotarem sistematicamente diferentes tipos de poda, inovadores tipos de manejo e a renovarem suas lavouras. Além disso, o estado tem apresentado melhoria da qualidade do café a ser colhido na próxima safra, com incrementos no beneficiamento do café. Todos esses fatores terão reflexo na produção de 2011 e, principalmente, em 2012, ano de alta produção. Apesar do cenário otimista, é preciso atentar para o problema da dívida dos cafeicultores. Na campanha eleitoral, a presidente Dilma Rousseff prometeu dar prioridade ao caso.


Cerca de 80% dos produtores de café não estão aproveitando as altas de preços, pois já venderam a produção para pagar dívidas. Mas a tendência é de que os bons valores pagos perdurem por mais três anos, aí sim, com políticas realmente efetivas, o produtor vai poder ter melhores rendimentos. Nesse sentido, o governador Antonio Anastasia prometeu criar comitês gestores para auxiliar a administração estadual em áreas consideradas estratégicas (do leite, café e de assuntos sindicais). Objetivo é dar suporte às decisões do governo em diferentes áreas. Para compor os comitês, serão chamados o vice-governador, secretários, deputados e representantes de setores da sociedade. A intenção é englobar a iniciativa privada como forma de levantar propostas eficientes, que, quando implantadas, possam aumentar as divisas e os empregos por meio da produção do café e também do leite. Sabe-se da importância do café e do leite para a economia mineira entretanto será necessário adoção de políticas eficientes que estimulem esses setores. Mesmo com a perspectiva de queda de até 13% na produção brasileira de café, o país pode evitar impactos em suas exportações. A alta do preço permanecendo como está compensará a queda na produção. Com o preço médio do produto no mercado internacional mantendo trajetória ascendente, equilibrará possíveis perdas com a redução da safra.

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