Costa do Marfim proíbe exportações e preço do cacau dispara

Responsável por 40% da produção mundial, país é o maior fornecedor do produto; medida tem motivação política

25 de janeiro de 2011 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: Folha de São Paulo

MERCADO
25/01/2011 
  
 
JAVIER BLAS
ORLA RYAN
DO \”FINANCIAL TIMES\”, EM LONDRES

Os preços do cacau subiram pelo menos 7% depois que o presidente eleito reconhecido internacionalmente da Costa do Marfim impôs uma suspensão de exportações durante um mês.


A medida é parte de seus esforços para derrubar Laurent Gbagbo, que, de acordo com a comunidade internacional, perdeu a eleição do mês passado, embora continue presidente. A Costa do Marfim é o maior produtor mundial de cacau, respondendo por cerca de 40% da oferta total.


O produto é a principal fonte de receita para o governo e qualquer suspensão de exportações estancaria as verbas de que Gbagbo depende para pagar os funcionários civis e das forças armadas que lhe são leais. Alassane Ouattara, reconhecido pela ONU como vitorioso na recente eleição presidencial de resultado contestado, enviou uma carta aos principais exportadores de cacau do país.


No texto, ordenou a suspensão dos embarques por um mês, desde ontem. \”Estou instruindo que suspendam imediatamente todas as exportações de cacau e café\”, diz a carta, assinada por Jeannot Ahoussou Kouadio, aliado de Ouattara.


O cacau para entrega imediata saltou para 2.307 (R$ 6.186) por tonelada, na abertura do pregão de Londres, 7,4% acima do cotação de sexta-feira e sua marca mais alta em seis meses.


Em uma sessão volátil, os preços caíram durante a tarde e fecharam a 2.202 (R$ 5.888) por tonelada, alta de 2,5%. O contrato futuro para maio registrou alta de 2,7%, para 2.170 (R$ 5.802), mas os corretores identificaram pesada atividade no mercado de opções, à medida que os participantes do mercado buscavam proteção contra preços mais altos.


As tradings (empresas responsáveis pelas operações de comércio exterior) que operam na Costa do Marfim estão desacelerando suas operações, como o primeiro passo para obedecer ao bloqueio de um mês, disseram diversos executivos.


Diante das questões das maiores tradings mundiais de cacau -entre as quais Cargill e Armajaro-, as entidades europeia e mundial de cacau afirmaram que estão \”procurando respostas a fim de obter mais esclarecimentos\” sobre a questão.


O bloqueio das exportações surge no momento em que a União Europeia reforça as sanções contra o país.


Tradução de PAULO MIGLIACCI

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