Quinta, 20 Janeiro 2011
* Artigo publicado em 10 de janeiro de 2005 por Henrique de Souza Dias.
Hoje, um bom assunto para novelas de TV e livros de mesa de Bancos. Aos preços atuais, não existem condições de produção, para mais da metade das lavouras de café no Brasil, em plena decadência. As coisas poderão mudar ?
Vão dizer que é choro, mas a realidade é esta mesmo. Mais da metade dos cafezais brasileiros têm mais de 9 anos. A outra metade foi plantada no último ciclo de preços altos, em 1997/98. De janeiro de 1997 a fevereiro de 1998, os preços ficaram em torno de 200 dólares ou 200 reais da época.De fevereiro de 2001 a fevereiro de 2002 estavam a menos de 50 dólares, preços absurdamente baixos, 50% do custo de produção das lavouras veteranas. A produção continuou a manter bons níveis, desfrutando da juventude da metade mais nova do parque cafeeiro.
Por suas características botânicas, no café a formação de botões florais (e frutos) só aparece em partes novas do ramo, condicionando o sucesso do produtor à existência permanente de plantas jovens, de alta produtividade , suportando assim os preços baixos que acabam seguindo o estímulo ao plantio.As lavouras velhas ,em grande parte, passam a ser extrativas e não respondem a tratos culturais. Manter as plantações sempre novas é muito caro.
Operações cosméticas como recepa, decote ou esqueletamento têm efeitos efêmeros. As mulheres que fazem plásticas (e também os homens) sabem que a idade não pára de subir e seus efeitos são irreversíveis. As lavouras mais novas seguem, é claro, a mesma sina.
A melhoria e modernização do setor depende de novo estímulo de preços, que só virá do mercado, já que, nas condições atuais da economia brasileira, a importância econômica (e política) do café é muito reduzida. Bom ou ruim, certamente virá um novo ciclo de plantio, renovando o parque cafeeiro, com aumento de safra. É claro que todo mundo sabe disso. O mercado já mostrou certo ânimo, esfriado agora pela entrada da safra dos nossos principais concorrentes de café arábica, Colômbia e América Central, mas ainda está longe de incentivar novos plantios.
A produção caiu em todo o mundo, os estoques também, e o consumo aumentou. Já os preços ainda não refletem o futuro da oferta, que só no Brasil cairá em 40%.
Vamos ver até onde o mercado agüenta…
Henrique de Souza Dias
Diretoria de Café da Sociedade Rural Brasileira