Para que a lavoura de café possa expressar seu potencial produtivo e ter facilidades de manejo é preciso que seja definido o sistema de condução das plantas tanto na fase de formação como na fase de produção.
Este sistema de condução do cafezal envolve a definição de espaçamento desde os mais abertos até os mais adensados, escolha pela maior ou menor densidade de plantio, realização de controle ou não do crescimento das plantas, determinação da conformação ou arquitetura da planta e aplicação do manejo manual ou mecanizado.
Qualquer que seja esta condução, de maneira geral se determina a forma de realização ou não das práticas de desbrota e de poda as quais direcionam, corrigem e mantém a estrutura vegetativa adequada do cafeeiro.
A Desbrota consiste na retirada de ramos-ladrões ou ramos improdutivos de crescimento vertical que surgem no caule principal do cafeeiro. Em cafeeiros jovens ocorre seu surgimento natural, cujo crescimento desses ramos ocasionam a deformação da planta e provocam enfraquecimento por concorrência de nutrientes. Em cafeeiros adultos esses ramos prejudicam a estrutura da planta e provocam diminuição da produção, sendo suas emissões estimuladas por deficiências nutricionais, ataques de pragas e doenças, competição das plantas infestantes, deficit hídrico e podas drásticas.
A desbrota deve ser realizada de 2 a 3 vezes durante o ano quando os brotos atingirem de 20 a 30 cm de altura, fazendo em plantas novas sua retirada total e em plantas podadas com recepa ou decote deixando de 1 a 2 brotos mais vigorosos.
A Poda compreende a eliminação parcial ou total da parte aérea da planta, visando os seguintes objetivos:
– Renovar pela indução de ramos produtivos plantas depauperadas pela idade ou manejo;
– Recuperar cafeeiros que sofreram lesões na copa causadas por fenômenos climáticos;
– Promover maior luminosidade e arejamento dos cafeeiros em lavouras com fechamento;
– Melhorar a arquitetura das plantas renovando e ajustando a estrutura de sua copa;
– Reduzir a altura e partes laterais das plantas para facilitar os tratos culturais e a colheita;
– Inibir a incidência de pragas e doenças no cafezal, bem como facilitar seu controle;
– Programar a condução e produção de cafeeiros em sistema de lavouras adensadas;
– Aumentar a vida útil de produção do cafeeiro com melhor vigor e maior rendimento.
Na Planta pode ser realizada os seguintes tipos de podas:
* Decote – é uma poda alta e menos drástica aplicada em plantas que ainda possuem saia mas que apresentam esgotamento ou deformações na parte superior ou altura excessiva.
Pode ser um decote alto com corte da planta realizado de 1,80 a 2,40 m de altura ou um decote baixo com corte de 1,20 a 1,80 m de altura.
* Desponte – consiste em cortar na lateral da planta no sentido de cima para baixo as extremidades dos ramos plagiotrópicos, deixando com comprimento médio de 0,60 a 1,20 m, para estimular nos mesmos um número maior de ramificação com aumento do seu potencial produtivo.
* Esqueletamento – consiste também em cortar na lateral da planta porém no sentido de baixo para cima as extremidades dos ramos plagiotrópicos próximo ao tronco do cafeeiro, deixando com comprimento médio de 20 a 30 cm, com o objetivo de promover a abertura da lavoura e renovar suas hastes produtivas.
* Recepa – é uma poda baixa e mais drástica aplicada em plantas que perderam os ramos produtivos inferiores que formam a saia da planta ou em plantas totalmente depauperadas ou deformadas. Pode ser uma recepa com pulmão ou recepa alta com o corte da planta a uma altura média de 60 a 80 cm do solo ou uma recepa sem pulmão ou recepa baixa com o corte de 30 a 40 cm do solo.
Na lavoura dependendo do sistema de condução, da situação da planta e da análise de custo pode ser adotada as seguintes modalidades de aplicação das podas:
em linhas alternadas, em linhas duplas alternadas, alternada de 1/3 das linhas, de forma parcial nas linhas, em determinadas linhas, no total das linhas, em combinação e alternância de podas nas linhas e podas diferenciadas em plantas isoladas.
A época mais adequada para execução das podas deve ser logo após a colheita, iniciando no período de agosto indo até novembro no começo das chuvas, quando as plantas já tem suas reservas acumuladas de fotoassimilados recompostas e começam aumentar seu ritmo de crescimento.
Após a realização das podas deve-se ter atenção para com a defesa e o fortalecimento das novas brotações, fazendo a desbrota, capinas, adubações, proteção dos ventos e controle fitossanitário, para não comprometer o revigoramento da planta.
Julio Cesar Freitas Santos / Pesquisador Fitotecnísta
Embrapa Café / Epamig Patrocínio