“Quem vai mudar a política de café será Minas Gerais”, diz Armando Matielli
Para dirigente sindical, período de 8 anos foi inoperante para o setor
O presidente executivo do Sincal, Armando Matielli, faz críticas contundentes ao período do governo Lula em relação à cafeicultura. “Vejo como um dos piores da história para o café”, afirma o dirigente, em entrevista exclusiva ao Coffee Break como parte da serie “O presidente e o café”.
Para ele, o setor cafeeiro sofreu um dos piores revezes da década. “No governo Lula houve descaso com o setor cafeeiro. Apesar do empenho das lideranças, elas não foram ouvidas”, aponta Matielli.
Segundo o presidente do Sincal “havia incompatibilidade política por parte do governo, apesar do grande empenho de lideranças, como a do presidente da Frente Parlamentar do Café, deputado federal Carlos Melles, do Conselho Nacional do Café (CNC) e também Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Na verdade, o governo Lula trabalhou com pirraça contra a cafeicultura”, lembra Armando Matielli.
E ele diz ainda que “foram oito anos em que a cafeicultura ficou ao léu. Não houve gestão interna e ficamos nas mãos dos compradores internacionais. Enfim, foi um governo inoperante para o café”.
Pontos nevrálgicos
Armando Matielli diz que o Sincal faz um trabalho de estudo do setor, com o objetivo de apontar os “pontos nevrálgicos” da cafeicultura. Ele diz que esses aspectos têm que ser considerados para que o setor passe por uma transformação definitiva e que auxilie na formatação concreta de políticas para o produtor.
Segundo o presidente do Sincal, os pontos são:
1- Melhor planejamento estratégico e gestão,
2 – Mudar a comercialização dos cafés brasileiros da bolsa de valores de Nova York para a bolsa de valores de Chicago. “A bolsa de Nova York não representa o nosso café. Essa bolsa tem como referência o café colombiano, que não é igual ao nosso”, explica. Matielli recomenda que a comercialização passe a ser feita pela bolsa de Chicago, onde “teríamos como vantagem não ficar mais preso a Nova York, que usa o raciocínio que o café brasileiro é inferior, vendendo abaixo do preço”, reclama.
O presidente sindicalista contou que o Sincal já está em negociação com a bolsa de valores de Chicago há um ano e que a BMF está auxiliando, onde seria comercializado o café natural. Ele explicou que não é possível que os cafés brasileiros sejam comercializados em peso na bolsa de São Paulo, por causa dos tributos nacionais que pesam sobre os contratos.
3 – Melhor distribuição das verbas do Funcafé. “Não são todas, mas as cooperativas de crédito e os bancos não têm interesse em passar isso aos produtores por causa dos juros mais baixos. Essas cooperativas estão jogando sujo com os produtores. Temos mudar isso”, disse.
“Todos esses pontos já deveria estar implantados há 15 anos. Assim o produtor não estaria passando por tantas dificuldades”, completou Matielli.
Futuro
Quanto às ações para a cafeicultura nos governos estadual e federal, com o governador Antonio Anastasia e a presidente Dilma Rousseff, Matielli se diz esperançoso. “Estou otimista com a iniciativa do Anastasia na criação do Fundo Estadual do Café, com o apoio dos deputados de nossa região. Eles são capazes de fazer do café o que ele realmente representa, como o grande produto brasileiro e ainda pode representar muito mais”, ponderou.
“Quem vai mudar a política de café será Minas Gerais. Temos que tirar a vantagem de ser o estado maior produtor de café do país”, finalizou o presidente do Sincal, Armando Matielli.
*Matéria originalmente publicada no site Coffee Break (www.coffeebreak.com.br)