A ferrugem (Hemileia vastatrix) é a principal doença da cultura do café no Brasil. Desde de 1972 o Iapar – Instituto Agronômico do Paraná, vem pesquisando soluções para este problema. Uma da metas desse trabalho é a obtenção de cultivares resistentes á ferrugem e que tenham boa qualidade agronômica. O café IAPAR 59, recomendado para planto a partir de 1993, tem como principal característica a resistência à ferrugem do cafeeiro, o que elimina a necessidade de produtos químicos para o controle da doença, propicia economia de investimentos e evita a contaminação do meio ambiente.
ORIGEM
A cultivar IAPAR 59 originou-se do cruzamento entre Coffea arabica, Villa Sarchi 971/10 e o Hibrido de Timor 832/2 , realizado no CIFC – Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro, em Portugal, onde recebeu a denominação de H361. A geração F2 (h361-4) foi recebida pelo IAC – Instituto Agronômico de Campinas que a denominou LC 1669. Em 1975 o IAPAR introduziu a geração F3 (LC 1669 Ep 127 c.506), que passou a ser denominada IAPAR 15163. Nos estudos realizados pelo Iapar a progênie 75163-22 destacou-se pelas características agronômicas e resistência à ferrugem. Seu desempenho nas regiões de Londrina. Loanda e Carlópolis, demostrou condições para seu lançamento como cultivar, passando a receber a denominação de IAPAR 59.
CARACTERÍSTICA DE RESISTÊNCIA À FERRUGEM Na geração F1 do H361 analisada no CIFC, todas as plantas pertencem ao grupo fisiológico. A (plantas que apresentam resistência ás 30 raças de H. Vastatrix conhecidas no mundo). No IAPAR, avaliações em campo e por inoculações artificiais, realizadas no período de 1977 a 1992, mostram que a maioria das gerações sucessivas do IAPAR 15163 mantém-se resistente. Esses resultados foram confirmados no CIFC em plantas da geração F4, oriundas de sementes enviadas pelo IAPAR. Nesta análise, 90,9% das plantas foram enquadradas no grupo fisiológico A 10,0% resistentes a 29 raças e apenas 0,1% no grupo fisiológico E (no grupo E se classificam as cultivares Mundo Novo e Catuaí, por exemplo). Análises posteriores realizadas no IAPAR com a mesma população e usando o mesmo método do CIFC, mostraram que também não há plantas do grupo fisiológico M (suscetíveis à raça XIII, já existente no Paraná). Além de não possuir plantas suscetíveis ao grupo fisiológico M, a progênie IAPAR 75163-22 – que originou a cultivar IAPAR 59 – apresentou 94% de plantas do grupo fisiológico A 6% de outros fisiológicos, o que confere resistência a 29 das 30 raças existentes. Assim, a maioria da população da IAPAR 59 tem resistência ás 30 raças conhecidas de H. Vastatrix.
Esta característica evita um dano médio anual, provocado pela ferrugem, da origem de 30 a 50% na produção de café, que pode chegar a 80% em anos favoráveis á doença. Além disso, evita danos na qualidade do produto, já a desfolha provocada pela doença impede a boa formação dos grãos e reduz o vigor vegetativo do cafeeiro. Permite ainda o aumento do retorno econômico, pela não aplicação de fungicidas para controle da doença.
CARACTERÍSTICA AGRONÔMICA Porte e volume da copa Comparado com as cultivares comerciais em uso no Paraná e na maioria das regiões cafeeiras do Brasil, a IAPAR representa menor altura, diâmetro e volume de copa, características desejáveis para adensamentos de plantio e que ajustam aos propósitos do Plano Integrado para a Revitalização da Cafeicultura Paranaense, coordenado pela SEAB – Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento.
Cultivares Altura(m) Diâmetro(m) Volume(m3)
IAPAR
2,0
1,7
3,4
CATUAÍ
2,2
1,9
4,8
Mundo Novo
2,8
2,3
10,2
Valores Obtidos em condições de livre crescimento
Produtividade Mesmo apresentando volume de copa, menor, a média da produção anual por planta, obtida nos período de dois, quatro e seis anos em Londrina, Carlópolis e Loanda, demonstrou que a cultivar IAPAR 59 é altamente competitiva, no mesmo espaçamento em comparação com as cultivares comerciais em uso, com a vantagem de não necessitar tratamentos químicos para o controle da ferrugem.
Produção média de café beneficiada por período
Cultivar
1º ao 2º ano
1ºao 4º ano
1º ao 6º ano
g/cova/ano
g/cova/ano
g/cova/ano %
IAPAR 59
526
189
653
123
592
93
Catuaí
278
100
530
100
637
100
Mundo Novo
222
80
481
91
700
110
% – Relativa á produção de Catuai
* – Cultivares tratados contra a ferrugem com oxícloreto de cobre.
Nas regiões estudadas, o diâmetro da copa e a média das produtividades alcançadas por planta na cultivar IAPAR 59 permitem sua utilização em plantios com menor espaçamento, possibilitando rendimentos anuais, por área, mais elevados, sem alterar o nível de competição entre plantas, como mostra a Tabela a seguir:
Cultivar Covas/ha Espaçamento Produção media anual em 6 anos de produção – Kg/ha %
IAPAR 59
5.0000
2,0 x1,0 m
2.960
140
Catuaí
3.333
2,5 x 1,2m
2.123
100
Mundo Novo
2.646
2,7 x 1,4m
1.852
87
% – Relativa á produção de Catuaí * – Cultivares tratados contra a ferrugem com oxicloreto de cobre.
Outras Características O café IAPAR 59 possui todos brotos de cor predominante bronze, com pequeno percentual de brotos verdes; frutos vermelhos, com maturação medianamente precoce que, na região de Londrina, podem ser colhidos no final de junho. Esta cultivar apresenta maior precocidade de produção, em relação ao Catuaí, e longevidade produtiva por pelo 10 anos, com bom vigor vegetativo. Possui grãos de bom tamanho (peneira média 16) e qualidade de bebida semelhante á do Catuaí. È, entretanto, suscetivel a Cercospora coffeicola e a Pseudomonas siryngae pv. Garcae, bem como ao bicho mineiro.
RECOMENDAÇÕES É preferencialmente indicado para regiões mais frias e chuvosas, como Ibaiti, Santo Antônio da Platina, Bandeirantes, Cornélio Procópio, Londrina, Assaí, Apucarana, Ivaiporã e Campo Mourão, por amadurecer mais precoce e uniformemente que Catuaí, antecipando a colheita e escapando do dano das geadas precoces sobre frutos verdes.
É ideal para plantio adensados e superadensados, devido ao pequeno porte e resistência á ferrugem.
O café IAPAR 59 deve ser plantado preferencialmente em partes altas da propriedade, onde o calor e a geada são menos intensos. Em torno do quinto ano da colheita recomenda-se uma poda de rejuvenescimento. As adubações de plantio, formação e produção devem ser realizadas com base análise química do solo e proporcionalmente á produtividade por hectare.