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24/11/2010
Alta do café só impactará safra em 2012, diz Cooxupé
15h19
ROBERTO SAMORA – REUTERS
Os produtores de café associados à Cooxupé, a maior cooperativa do setor situada na principal região produtora do Brasil, têm aproveitado os bons preços da commodity para investir na lavoura, mas a melhora nos tratos culturais terá impacto positivo apenas na colheita de 2012 (safra 2012/13).
Segundo Carlos Alberto Paulino da Costa, presidente da Cooxupé, com sede em Guaxupé, no sul de Minas Gerais, a principal florada para a colheita em 2011 já ocorreu e pouco do que o produtor fizer agora pode ter alguma influência na próxima safra, que aliás é a de baixa no ciclo bianual do arábica.
\”No ano que vem, (o investimento atual) não vai se refletir em nada. O café vai tratar bem este ano para colher em 2012. 2011 já está na árvore, pode fazer o que quiser, a fruta já está começando a crescer\”, afirmou Costa, em entrevista à Reuters, acrescentando que a recente florada foi concentrada, o que indica uma safra de boa qualidade.
Ele observou, entretanto, que a produção em 2012 (a do ciclo de alta) poderá ser ainda maior com os melhores cuidados, especialmente na aplicação de fertilizantes.
Atualmente, o cafeicultor compra uma tonelada de adubo (formulação 25-00-25) com 2,5 sacas de café, contra 4 sacas necessárias no momento de maior dificuldade, há cerca de dois anos, disse Costa.
A saca de 60 kg de café comercializada pela Cooxupé em outubro atingiu média de 175,63 dólares, ante 141,16 dólares no mesmo mês de 2009, após o setor amargar um prolongado período de cotações defasadas.
\”Com essa recuperação dos preços, eles vão melhorar os tratos, não resta dúvida. A moeda do produtor é o saco de café…\”, afirmou Costa, de 71 anos, sendo quase oito deles à frente da cooperativa.
Os preços vêm num crescente este ano, tendo atingido uma máxima de mais de 13 anos na bolsa de Nova York no início de novembro, em meio à baixa oferta de café de alta qualidade, especialmente da Colômbia.
PREÇO INDICA APERTO
Mas até a cafeicultura do Brasil –o maior produtor e exportador global– voltar a ter uma grande safra, haverá um período de aperto ainda maior nos estoques que já se reflete nos preços, ressaltou Costa, apontando para o 2011/12.
\”Vamos entrar em uma safra baixa, então você imagina o que vai acontecer. Vai ter problema de abastecimento no ano que vem, não resta dúvida… Acho que o mercado já está antecipando, está vendo que vai ter problema no ano que vem.\”
\”Este ano a exportação e o consumo interno vão quase que consumir a safra brasileira, vamos continuar passando maio e junho com estoques baixos, o que produziu (este ano) não vai recompor os estoques.\”
Diante dessa situação, ele avalia que o governo provavelmente venderá ao mercado no ano que vem cerca de 2 milhões de sacas adquiridas por meio do programa de opções realizado no ano passado. Mas ele minimizou o efeito de eventual operação para um mercado apertado –o Brasil exporta mais de 30 milhões de sacas por ano.
O presidente da Cooxupé não quis fazer previsões sobre a próxima safra. Mas no último ano de baixa (2009/10) a produção de café do país caiu 15 por cento ante o ano anterior (2008/09) de alta no ciclo. Em 2010/11, a colheita está oficialmente estimada em 47,2 milhões de sacas.
FATURAMENTO DE R$2 BI
De acordo com o presidente da Cooxupé, 2010 foi um \”bom\” ano para o setor, com uma grande colheita em ano de preços elevados, especialmente para a cooperativa.
Pois dos 5,2 milhões de sacas de café que a cooperativa espera receber em 2010, 75 por cento deve ser de produto de boa qualidade, que efetivamente seguiu a alta de preços, diferentemente do grão de qualidade inferior.
Assim, o faturamento da cooperativa subirá para 2 bilhões de reais, ante 1,74 bilhão no último ano de alta do ciclo do arábica (2008), quando a cooperativa recebeu 4,6 milhões de sacas de seus cooperados.
A cooperativa, cujos 12 mil cooperados atuam em uma área de café de aproximadamente 300 mil hectares, não exige que os associados entreguem toda a colheita para a Cooxupé, que exporta 80 por cento do total recebido, sendo a metade por meio de sua exportadora própria