23/11/2010
Catarina Guedes
Assim como nas artes, na geografia e no jeito de ser da sua gente, o estado da Bahia vem mostrando que, quando o assunto é café de qualidade, também consegue ser, ao mesmo tempo, “singular e plural”. Os diferentes climas e relevos das regiões cafeeiras do estado têm permitido a revelação de resultados primorosos nos mais diversos tipos de café. Natural, despolpado, com gosto frutado ou notas de chocolate, leve ou encorpado, o estado tem uma diversidade de cafés capaz de agradar aos mais diferentes paladares. E, neste mês novembro, o café da Bahia fez bonito nas principais provas dentro e fora do estado. Na nona edição do Concurso de Qualidade Cafés da Bahia, realizado pela Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé), a surpresa ficou por conta dos municípios de origem dos ganhadores dos primeiros lugares na categoria “Despolpado”. Os postos que eram quase exclusividade de Piatã, na Chapada Diamantina, foram ocupados por Brejões, Barra do Choça e Encruzilhada. Já na categoria “Natural”, os premiados vieram dos municípios de Barreiras e São Desidério.
“Isto é uma prova de que a consciência da qualidade está se espalhando e confirma a vocação que o estado tem para a produção de cafés especiais”, diz o juiz internacional de café, Silvio Leite, integrante do corpo de jurados do Concurso.
Segundo Leite, a Bahia conseguiu resultados ímpares em uma diversidade maior de origens. “Piatã é uma referência, tanto que o mesmo café que disputou o concurso baiano, do produtor Antonio Rigno, reconhecidamente um expert, ficou em 7º lugar no concurso Cup of Excellence, da Brazil Speciality Coffee Association (BSCA), realizado na semana passada, em Minas Gerais, no qual concorreram 254 amostras”, conta Silvio Leite.
Mas, nem só de planalto vive a cafeicultura baiana. Na margem esquerda do Rio São Francisco, região Oeste da Bahia, também se produz excelência. Dos 17 campeões do Concurso de Qualidade Cafés da Bahia, cinco eram do Oeste. Segundo o presidente da Assocafé, João Lopes Araujo, esta região tem a versatilidade de produzir tanto o café despolpado, quanto o natural. Este último é preparado com a casca, tem corpo, doçura e um leve sabor de frutas secas. O Oeste se notabilizou na produção do tipo natural por causa do clima, mais seco, que impede o surgimento indesejado de fungos, já que não chove na época da colheita, nos meses maio e junho. Já o cereja despolpado é mais leve, com o que os provadores chamam de uma “acidez brilhante”, que torna a bebida excepcionalmente elegante.
Dois produtores baianos também foram premiados no 7º Concurso Nacional Abic de Qualidade de Café. Na categoria Natural, o café da Fazenda Campo Aberto, da Agrifirma, de Luís Eduardo Magalhães, ficou em terceiro lugar. Na categoria Despolpado, Lessivan Marcos Pacheco, de Brejões, arrebatou o segundo lugar.
“Vibro pessoalmente a cada uma dessas vitórias, pois acompanhei de perto a evolução da atividade na Bahia. Sei que ainda vamos muito mais longe. Quero parabenizar a cada participante do concurso, especialmente aos campeões, porque provaram que estão fazendo um grande trabalho”, disse o secretário da Agricultura, Eduardo Salles.
As provas de qualidade animam o produtor. “Essa corrida pela melhor colocação é especialmente benéfica para a nossa cafeicultura e a do Brasil. No caso da Bahia, onde salvo raras exceções, os produtores de qualidade são pequenos agricultores, os concursos são a principal janela de visibilidade destes produtos. Se não têm condições de competir por escala, o fazem em excelência. Isto gera prêmios e melhores vendas, bastante remuneradores para o produtor”, conclui João Lopes Araujo.
O Concurso de Qualidade Cafés da Bahia conta com a parceria do Ministério da Agricultura (Mapa), Sebrae, Governo do Estado da Bahia/Seagri/SICM, Banco do Nordeste (BNB) Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb), Aiba, Coopmac, Centro de Comércio de Café da Bahia, Agricafé, Abacafé, Empresas Tristão, e Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).