Milenia enxuga produção e demite 250

Pressionada pelo avanço dos genéricos, empresa do grupo Makhteshim Agan faz reestruturação

11 de novembro de 2010 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

AGRONEGÓCIOS
11/11/2010 
  
 
 
Fernando Lopes | De São Paulo


A Milenia, controlada pelo grupo israelense Makhteshim Agan, não resistiu à disparada das vendas de defensivos genéricos asiáticos no Brasil nos últimos anos e anunciou ontem uma profunda reestruturação de seus negócios, que inclui a readequação de unidades produtivas, o enxugamento do portfólio e a demissão de 250 funcionários.


Segundo Luiz Cláudio Barone, que assumiu a presidência da Milenia em janeiro de 2002, pouco antes de consumada a transferência integral do controle da companhia à múlti de Israel, os problemas começaram em 2008, com a derrubada das barreiras às importações dos genéricos, sobretudo chineses. A abertura levou empresas de China e Índia a elevarem suas capacidades de produção para vender mais no Brasil, o que acelerou do avanço dos genéricos no país, mais baratos para os agricultores.


Paralelamente a esse avanço, lembrou Barone, houve a introdução do conceito de similaridade na regulamentação do registro de novos produtos que barateou o processo e estimulou novos concorrentes a entrarem no mercado, aprofundando os problemas da companhia, que não conseguiu manter o mesmo ritmo de crescimento observado entre 2002 e 2008. Em 2002, a Milenia faturou US$ 246 milhões no país; em 2010, o valor deverá se aproximar de US$ 400 milhões, mesmo nível de 2009.


Barone esclarece que a Milenia não fechará nem a fábrica de Londrina (PR), sua base principal, nem a unidade de Taquari (RS), mas que linhas específicas de produção serão descontinuadas para reduzir as respectivas ociosidades. O portfólio será reduzido e focado nos produtos de margens melhores destinados ao cultivo de soja, milho, cana, café e algodão. \”A empresa não vai mais atuar em pequenos segmentos, com pequenas embalagens\”, disse ele.


Barone garantiu que o processo não significa o primeiro passou para o desaparecimento ou a venda da empresa pelo Makhteshim Agan, que fatura mais de US$ 2 bilhões por ano e que desde janeiro tem um novo presidente mundial, Erez Vigodman. \”Vamos acelerar o crescimento da empresa. A ideia é crescer acima de dois dígitos\”, afirmou Vigodman sobre a Milenia em entrevista concedida logo após assumir o cargo.


Barone informou, ainda, que a Milenia pôs à disposição dos demitidos um pacote de desligamento com extensão de planos de saúde e seguros de vida e assessoria para a recolocação, entre outros benefícios. O próprio Barone confirmou que só ficará no cargo até o fim deste mês, mas por conta de projetos pessoais que já estavam definidos.
 
 

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