Noble amplia operações no Brasil

O café é mais um dos itens da pauta da trading. “Além das refinarias de açúcar e da soja, estamos procurando locais no interior do País e depósitos para café, um negócio que estamos expandindo”, confirmou.

12 de outubro de 2010 | Sem comentários Comércio Empresas

11/10/2010 11:10:16 – Global – Comércio Exterior e Transporte


Érica Amores, de Santos


O porto de Santos acaba de receber mais uma importante contribuição para a modernização da margem direita do seu complexo.O Noble Group inaugurou, na última sexta-feira (08.10), seu primeiro terminal portuário no Brasil, o graneleiro 12-A, em parceria com o grupo Itamaraty, de Santos (SP).A trading global, sediada em Hong Kong, fornecedora de matérias-primas essenciais, com destaque às agrícolas (soja, açúcar, trigo e milho) e de energia (carvão, óleo e gás), está ampliando seus negócios no País e já avisou que não tem limites para investir.Atualmente, o controle do fluxo de seus produtos inclui desde os campos de produção até os mercados de destino, como a China, a Europa e o Oriente Médio. Na América Latina, a Noble possui outros portos sob seu controle: na Argentina, em Timbues; no Peru (Delta Dock, em Lima), além de Paraguai e Uruguai. A multinacional dispõe ainda de seis armazéns no Mato Grosso e no Paraná, bem como instalações no Uruguai e Argentina.
 
Em operação desde julho, o Terminal 12-A foi lançado oficialmente na presença de empresários, autoridades e representantes da autoridade portuária santista. Em operação há apenas três meses, o terminal já escoou mais de 600 mil toneladas de açúcar, mas a trading tem como meta movimentar, até o final deste ano, 1,2 milhão e chegar a 2,3 milhões de toneladas de granéis por ano em 2011.O 12-A tem capacidade de armazenamento de 90 mil toneladas estáticas, em uma área de 10 mil metros quadrados, onde pode fazer a operação de até 3 mil toneladas por hora e carregar navios do tipo panamax em menos de 48 horas.A maioria (70%) da carga movimentada pelo terminal chegou ao cais santista pelo modal ferroviário, pois o 12-A tem a vantagem de contar com um desvio ferroviário exclusivo. O restante do volume foi transportado por rodovia.


O chairman e fundador do Noble Group, o inglês Richard Elman, afirmou querer expandir os negócios da empresa no porto de Santos. “Precisamos de portos para exportar nossa mercadoria”.Elman disse também ter a intenção de construir uma área para soja aqui, no Brasil. A Noble tem interesse ainda em algodão e minério de ferro. “Tudo o que sai da terra, seja para comer, seja para construção, nos interessa”, destacou.Em relação ao minério, Elman demonstrou empenho especial e contou já ter um projeto na Bahia, cujos aportes, segundo ele, não podem ser revelados.“Não posso dar números sobre o investimento; é a vida do projeto. Posso garantir, porém, que vai ser o maior do mundo. Não há limites para o que queremos fazer – se o projeto certo for encontrado, com o suporte adequado e a economia correta, logicamente, pois se você investe, quer ganhar dinheiro, mas para isso precisa de todo o apoio local”, adiantou.O fundador da Noble, assim como de muitas outras multinacionais, também tem interesse no etanol brasileiro. A trading tem 65 mil hectares de terra produzindo açúcar no País e duas usinas de cana-de-açúcar localizadas no noroeste paulista, nas cidades de Sebastianópolis do Sul e Meridiana.Questionado sobre a possibilidade de as usinas produzirem o biocombustível, Elman não hesita na resposta: “O etanol faz parte tanto do nosso interesse na agricultura quanto em energia. Há cogeração nas usinas onde também produzimos energia; tudo está muito interligado”, lembrou.
 
O café é mais um dos itens da pauta da trading. “Além das refinarias de açúcar e da soja, estamos procurando locais no interior do País e depósitos para café, um negócio que estamos expandindo”, confirmou. O chairman da Noble reconhece o potencial do Brasil e diz que os projetos no País oferecem uma rentabilidade boa em relação a outros países. “A empresa investe pretendendo retorno de, em média, 20%”, confirma.


Ainda que a maior queixa da iniciativa privada seja a falta de infraestrutura adequada para o País desempenhar melhor sua participação no mercado internacional, para o executivo a falta de mão de obra especializada é a principal barreira a ser vencida. “O mais difícil é encontrar gente de talento, porque a economia está crescendo muito, mais até do que as obras de infraestrutura”, critica Elman. PioneirismoPara conseguir seu primeiro terminal portuário no Brasil – e dentro do principal cais da América Latina –, o Noble Group investiu R$ 100 milhões em uma obra cuja conclusão levou 18 meses.

O investimento só foi viável graças a uma parceria com o Grupo Itamaraty, detentor do contrato de arrendamento da área com a autoridade portuária santista, agora com 75% de participação do grupo internacional.O 12-A trata-se de um terminal arrendado no Proaps (Programa de Arrendamentos e Parcerias de Porto de Santos), com licitação realizada em dezembro de 2001 e cedido parcialmente ao grupo Itamaraty em dezembro de 2004, mas posteriormente tombado, por se encontrar no entorno de uma das três estações elevatórias de esgoto da Sabesp, edificações remanescentes do sistema coletor de esgoto sanitário idealizado pelo engenheiro Francisco Saturnino de Brito.Para que a Itamaraty, então a única detentora do contrato, pudesse construir um novo terminal em substituição ao antigo de zinco, era preciso fazer a desmontagem integral do 12-A, assim como o transporte e a remontagem do armazém em outra área designada pela Codesp ou pela prefeitura – um trabalho inédito que exigiu a aplicação de técnicas de preservação patrimonial e histórica.

A obra de execução do projeto técnico de desmonte e restauro do Armazém 12-A, em 2007, foi orçada em R$ 500 mil pela Itamaraty, mas, segundo a Noble, que entrou no negócio em setembro de 2008, os custos chegaram a R$ 2 milhões.A solução do caso veio com um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta assinado com a Prefeitura Municipal de Santos e o Condepasa (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural da Cidade), que designou como área para a remontagem do velho armazém a antiga estação do Valongo, adjacente à estação ferroviária do Valongo e lindeira ao Armazém 01, da Codesp, onde serão realizados projetos sociais do município. A restauração também foi apresentada no último dia 8.
A Noble em númerosFaturamento:2009 – de US$ 31 bilhões no mundo e de cerca de US$ 600 milhões no Brasil.2010 – deve superar US$ 1 bilhão no Brasil.
 

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