A Cafeína

18 de dezembro de 2005 | Sem comentários Curiosidades Terminologias

Presente em algumas bebidas largamente consumidas, como café, chá, guaraná e refrigerantes à base de cola, a cafeína induz à dependência por reduzir a sensação de fadiga.

A cafeína é um composto orgânico do grupo dos alcalóides, substâncias que têm efeitos fisiológicos marcantes e que são encontradas em certas plantas já consumidas como estimulantes pelos antigos. A cafeína apresenta-se sob a forma de um pó branco ou pequenas agulhas, que derretem a 238°C e sublimam a 178°C, em condições normais de temperatura e pressão. É extremamente solúvel em água quente, não tem cheiro e apresenta sabor amargo.

Uma xícara média de café contém, em média, cem miligramas de cafeína. Já numa xícara de chá ou um copo de alguns refrigerantes encontram-se quarenta miligramas dessa substância. A cafeína estimula o sistema nervoso central, o coração,os vasos sangüíneos e os rins. Sua rápida ação estimulante faz dela poderoso antídoto à depressão respiratória em conseqüência de intoxicação por drogas como morfina e barbitúricos. A ingestão excessiva pode provocar, em algumas pessoas, efeitos negativos, como irritabilidade, ansiedade, agitação, dor de cabeça e insônia.


Café não é apenas cafeína

A maioria das pessoas que toma café diariamente ignora quais são as substâncias presentes nele e pensa que ele contém apenas ou principalmente cafeína. Grande engano. O café possui apenas de 1% a 2,5% de cafeína e diversas outras substâncias em maior quantidade. Estas outras substâncias podem até ser mais importantes do que a cafeína para o organismo humano.

O grão de café (café verde) possui, além de uma grande variedade de minerais, como potássio (K), magnésio (Mg), cálcio (Ca), sódio (Na), ferro (Fe), manganês (Mn), rubídio (Rb), zinco (Zn), cobre (Cu), estrôncio (Sr), cromo (Cr), vanádio (V), bário (Ba), níquel (Ni), cobalto (Co), chumbo (Pb), molibdênio (Mo), titânio (Ti) e cádmio (Cd), aminoácidos, como alanina, arginina, asparagina, cisteína, ácido glutâmico, glicina, histidina, isoleucina, lisina, metionina, fenilalanina, prolina, serina, treonina, tirosina, valina; lipídeos, como triglicerídeos e ácidos graxos livres, açúcares, como sucrose, glicose, frutose, arabinose, galactose, maltose e polissacarídeos. Adicionalmente, o café também possui uma vitamina do complexo B, a niacina (vitamina B3 , PP ou “pelagra preventing” do inglês) e, em maior quantidade que todos os demais componentes, os ácidos clorogênicos, na proporção de 7% a 10%, isto é, 3 a 5 vezes mais que a cafeína. Mas, apenas a cafeína é termo-estável, isto é, não é destruída com a torrefação excessiva. As demais substâncias, como aminoácidos, açúcares, lipídeos, niacina e os ácidos clorogênicos, são preservadas, formadas ou mesmo destruídas durante o processo de torra.

A cafeína atua antagonizando os efeitos da adenosina, uma substância química do cérebro (neurotransmissor) que causa o sono e da microcirculação, melhorando o fluxo sangüíneo. Os ácidos clorogênicos (7%-10%) são polifenóis com ação antioxidante que, no processo de torra, formam quinídeos, os quais possuem um potente efeito antagonista opióide. Ou seja, bloqueiam, no sistema límbico, o desejo excessivo de auto-gratificação que leva o indivíduo insatisfeito a se deprimir e a consumir drogas, como nicotina, álcool e, mesmo, as ilegais. Adicionalmente, o quinídeos inibem a recaptação da adenosina (a qual atua por mais tempo), agindo, assim, de forma protetora contra os efeitos da cafeína nas células nervosas e melhorando a microcirculação. Por isso, o consumo regular de café, na dose de quatro xícaras diárias, pode ajudar a prevenir a depressão e suas conseqüências, como o consumo de drogas, conforme dados de diversos estudos científicos modernos no Brasil e no exterior.

Estes resultados justificam o fato de a humanidade ter escolhido esta planta para retirar dela a bebida matinal para consumo logo ao acordar e para se manter desperta, ativa e de bom humor durante o dia: a cafeína estimula a vigília, a atenção, a concentração e a capacidade intelectual e os ácidos clorogênicos modulam o estado de humor, impedindo a depressão que leva ao consumo de drogas legais, como o álcool ou ilegais, como cocaína, maconha e outras. Por isso, o consumo diário de café, com ou sem leite, em doses moderadas de até quatro xícaras diárias, é recomendado para jovens e adultos de todo o mundo.

“Em doses moderadas, café e cafeína não trazem riscos para a saúde”

As críticas ao consumo de cafeína em quantidades moderadas são total e completamente infundadas, mas ainda arraigadas ao limitado conhecimento de pessoas desinformadas. Em quantidades moderadas – o equivalente a 400-500mg/dia – dose de até quatro xícaras – a cafeína não é prejudicial à saúde humana, desde a gestação até o final da vida. A administração aguda de cafeína causa um aumento modesto da pressão sangüínea arterial, dos níveis de catecolaminas, da atividade de renina plasmática, dos níveis de ácidos graxos livres, da produção de urina e da secreção gástrica. Ela altera o espectro eletroencefalográfico, o humor e o padrão do sono em voluntários normais.

O consumo crônico de cafeína não causa efeitos na pressão sangüínea, nos níveis plasmáticos de catecolaminas, na atividade de renina plasmática, na concentração de colesterol no soro, nos níveis de glicose no sangue ou na produção de urina. A cafeína não está associada com o infarto do miocárdio, nem com o câncer do trato genitourinário inferior ou do pâncreas, com teratogenicidade ou doença fibrocística da mama. O papel da cafeína na produção de arritmias cardíacas ou de úlcera gástrica ou duodenal em pessoas normais também não foi confirmado, não havendo evidências de que a cafeína seja prejudicial ao ser humano sadio. Apesar do consumo de café e chá ser antigo, as pesquisas que avaliam os efeitos do café no homem são recentes. Cerca de uma centena de produtos químicos foi identificada no café, sendo algumas, como o ácido clorogênico, até mais abundantes que a cafeína. A cafeína é o elemento do café mais estudado até o momento e o principal responsável pelas propriedades estimulantes que deram a popularidade à bebida. Mas, seu consumo moderado não é prejudicial ao organismo.

Por isso é possível afirmar, sem margem de erro, que a cafeína é uma substância bastante segura para o consumidor, mesmo em doses razoavelmente elevadas. Um limite máximo não prejudicial para a saúde humana está na faixa de 500mg diários de cafeína, o que equivale a meio litro de café tomado em quatro doses divididas durante o dia. Algumas pessoas, consumidoras regulares, podem desenvolver tolerância, fazendo uso de grandes doses sem qualquer sinal de toxicidade. O recorde mundial de consumo de café até o momento é de 215 xícaras grandes consumidas no espaço de 4 horas (DISCOVERY CHANNEL, janeiro, 2004), sem problemas para a saúde do treinado consumidor (detentor de outros recordes de consumo de alimentos).

FONTE: Abic; Artigos sobre Café e Saúde escritos pelo Prof. Dr. Darcy Roberto Lima

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