Quando a mulher vai dando adeus à meia-idade e começam a vir transformações com a menopausa, entra em cena o risco de uma doença que afeta homens e mulheres, sem distinção: a gota. As articulações inflamam, ficam inchadas e causam dor intensa, e aquele que contrai os sintomas se desespera em busca de medicamentos e de varrer uma série de alimentos das refeições rotineiras. Mas uma recente pesquisa da Universidade de Boston (Massachussets, EUA) sugere que pequenas doses de café ao longo do dia podem diminuir substancialmente esse risco.
Caracterizado por um acúmulo no sangue de ácido úrico que forma cristais em forma de agulha, a gota é rara em mulheres mais jovens, mas acomete cerca de uma em cada 20 mulheres depois da menopausa. A relação entre o café e o ácido úrico (responsável pelas inflamações da gota) levou os cientistas a fazer testes, de eficiência já comprovada, entre homens. Mas com mulheres é uma novidade.
Os pesquisadores analisaram os casos de gota em 89.433 mulheres registradas em um programa de acompanhamento médico, iniciado em 1976. Paralelamente, compararam os estilos de vida, dieta e hábitos de consumo de bebida das mulheres em questão.
O levantamento foi atrelado a outros fatores que representam risco de gota, tais como a massa de gordura corporal, consumo de álcool, uso de diuréticos e ingestão de leite. No resultado, descobriram que uma vida inteira bebendo café diminui significativamente as chances de haver um primeiro ataque de gota. A relação, segundo os pesquisadores, é direta: quanto mais café consumido, menor o risco da doença.
O risco de gota, de acordo com a pesquisa prática, foi 22% mais baixo com a ingestão de uma a três xícaras por dia e 57% menor com mais de quatro xícaras diárias. Também se testou se haveria o mesmo efeito com chá cafeinado ou refrigerante, mas sem sucesso. É mesmo o café quem tem esse poder, mas não é influência da cafeína em si. Os cientistas explicam, no entanto, que a alimentação livre de gorduras continua sendo a melhor prevenção contra a gota. Até porque aqui no Brasil, onde quase todo mundo bebe café, ninguém teria gota se a bebida sozinha fosse suficiente para nos livrar desse mal. [Reuters]