A variedade se adapta bem ao clima mais quente e tem sido alternativa dos produtores paulistas
17/09/2010
EPTV.com – Caminhos da Roça
O café do tipo robusta mudou de terra. Deixou a Bahia, Rondônia e Mato Grosso para criar raízes em Mococa, no nordeste de São Paulo. Os novos ares so fizeram bem a planta. Elas estão ainda mais vistosas. Os grãos e as folhas são bem maiores do que o tipo arábica, principal variedade cultivada no país. Os frutos, amadureceram todos, de maneira uniforme. Há mais de 30 anos, pesquisadores da polo experimental da Secretaria de Agricultura tem estudado como a planta se comporta com as temperaturas altas da região.
\”Como a origem dele é de uma região equatorial da África, ele é um café mais adaptável as regiões de alta temperatura, em que o arábica não suporta então o robusta poderia estar se desenvolvendo nessa região mais quente de São Paulo\”, diz o agricultor Paulo Boller Gallo.
A variedade se mostra mais resistente as pragas, mas precisa de irrigação durante o período de seca. E os galhos devem ser podados, depois da colheita. Com isso a planta tem diversos caules e mais ramos, garantia de uma produtividade 30% maior do que o café arábico.
\”Como o robusta tem essa característica multi-caule, que desenvolve bastante caules no mesmo ano, há a necessidade de o agricultor eliminar os caules que produziu no ano anterior, deixando somente os novos para a produção do ano que está por vir\”, explica Paulo Boller Gallo.
O que pode parecer um problema para o catador, é na verdade um benefício para o pequeno produtor: \”Ele pode colher todo o café cereja, sem deixar cair no solo\”, diz Paulo.
As vantagens da variedade, aos poucos, conquistam os produtores de café. Algumas fazendas em regiões quentes do estado de São Paulo já começaram a cultivar o tipo robusta. Mas a produção ainda é tímida e de forma experimental. As plantações se estendem por menos de 100 hectares, em apenas 10 cidades. Como em Mococa, Matão, Campinas e Adamantina.
Em Araraquara, onde as temperaturas passam dos 37º, o cafeicultor André Abrantes decidiu apostar na nova cultura, os 15 hectares de café conilon, da mesma espécie do robusta nem chegam perto dos 400 hectares de cana e laranja. Mas o que está longe de aparecer por aqui são as doenças que atacam o citrus. O produtor ainda pode esperar o melhor momento para negociar a safra
\”Hora que a fruta ficar pronta ou a gente colhe pelo preço que as indústrias nos impõe ou a gente perde. E o café a gente encherga como uma moeda, onde a gente pode guardar essa moeda, a gente tem mais de um comprador, o principal motivo\”, diz o cafeicultor.
O cultivo começou há um ano e os pés estão prontos para a primeira florada, a expectativa é tão boa que até o fim do ano o produtor pretende aumentar a área para 25 hectares.