Londrina – De capital do café a centro de tecnologia

Com a vinda de novas indústrias e o crescimento das que já estão instaladas na cidade, desafio é investir na capacitação da mão de obra e na infraestrutura

13 de setembro de 2010 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: Gazeta do Povo

Publicado em 13/09/2010 | Daniel Costa, do Jornal de Londrina

Londrina – Londrina chega à condição de metrópole firmando-se como uma cidade com forte e amplo setor de prestação de serviços. No entanto, o futuro aponta para crescimento nas áreas industrial e tecnológica. Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Nivaldo Benvenho, essa é a nova identidade do município. “Em 1975, Londrina anoiteceu capital mundial do café e amanheceu sem nenhum pé do grão, em razão da forte geada. Desde essa época, o município está tentando encontrar a sua identidade. Acredito que este é o momento, no qual culminam todos os esforços feitos nesse período. Temos um forte setor de serviços, com uma grande diversificação no comércio, com aproximadamente 3 mil indústrias, e um momento muito propício para aumentarmos esse número.”


Mas quais são os desafios que Londrina deverá superar para se firmar nos próximos anos como uma metrópole, que continua em franco desenvolvimento? O presidente do Fórum Desenvolve Londrina, Clóvis Coelho, afirma que é preciso forte investimento na infraestrutura básica do município para ter condições de receber grandes indústrias. “Londrina precisa melhorar o aeroporto e oferecer alternativas energéticas mais eficientes, como o gás e a biomassa, para ser competitiva. Com essas melhorias, vamos ter grandes empresas querendo vir para cá. Daí teremos o salto de qualidade que planejamos”, destaca.


Capacitação


Com a vinda de novas indústrias e o crescimento das que já estão instaladas em Londrina, é preciso investir na capacitação da mão de obra. Setores como o da construção civil, o de metal mecânico e o de vestuário encontram dificuldades para preencher o quadro de funcionários. São vagas que ficam ociosas pela falta de profissionais capacitados.


Para o gerente regional do Sesi/Senai Norte, Almir Gaspar Schelfeld, esse desafio só começará a ser vencido quando os jovens londrinenses desmistificarem o trabalho na indústria. Ele explica que muitos novos trabalhadores preferem áreas ligadas à informática, por exemplo, enquanto sobram vagas em outros setores. “Estamos trabalhando para mudar isso. No Senai estamos abrindo novas turmas e ampliando ainda mais a gama de cursos.”


O bom momento do setor industrial, segundo Schelfeld, também pode ser verificado na qualificação de empresas do setor metal mecânico junto à Petrobras para o fornecimento de equipamentos à estatal. Os produtos e peças produzidos em Londrina terão como destino final a exploração do petróleo na região do pré-sal.


Schelfeld afirma que o setor industrial deu grande contribuição para que Londrina alcançasse a condição de metrópole. E, para ele, o segmento ainda tem “muito a crescer”. O impulso para essa evolução passa pela aprovação do novo Plano Diretor, como defende o presidente da Acil, Nivaldo Benvenho. “Temos condições de continuar crescendo, pois o novo plano tem tudo para isso, pois tem zonas previamente definidas para a industrialização.”


Cidade tecnológica


Se o futuro projeta maior dependência das pessoas pela tecnologia, Londrina está no caminho certo pa­­ra apresentar soluções para esse novo tempo. A união entre empresários, entidades, instituições de en­­­­sino e poder público, com todos trabalhando em conjunto, possibilitou o desenvolvimento da área tecnológica na cidade.


Atualmente, segundo o diretor de tecnologia da Companhia de De­­senvolvimento de Londrina (Co­­del) e fundador do Arranjo Pro­­du­­tivo Local de Tecnologia da In­­for­­mação, Marcus Von Borstel, são cerca de 450 empresas do setor de tecnologia da informação atuando na cidade. De acordo com o diretor, não há um número preciso de quantas pessoas trabalham no segmento atualmente, contudo ele informou que as em­­presas estão fazendo um le­­van­­tamento. “Londrina tem hoje o me­­­­lhor ambiente favorável do Brasil para esse segmento”, afirma.


O avanço do setor ainda foi fa­­vorecido pela criação do parque tecnológico. Em uma área de 126 mil metros quadrados será implantado um tecnocentro, que concentrará o desenvolvimento de tecnologia na cidade. Um exemplo é a instalação um laboratório de alimentos. Somente para esse projeto será destinado R$ 2 milhões, capacitando o laboratório para emitir certificações alimentares. “Tudo isso é tecnologia. Também pretendemos ter um centro de referência em tecnologia da informação, com as instituições de ensino se instalando no local e proporcionando a transferência do conhecimento, transformando pesquisa em inovação tecnológica”, diz.

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