A soma de notícias mais favoráveis da economia mundial deu novo fôlego para as Bolsas de Valores e derrubou os preços da moeda americana para abaixo de R$ 1,75, nível que muitos operadores do mercado de câmbio já consideram um \”piso\” informal para as cotações. Os mercados reagiram positivamente ao crescimento do setor manufatureiro chinês, bem com ao índice dos EUA, que apontou recuperação do setor industrial.
O dólar comercial recuou para R$ 1,747 nas últimas operações de hoje, o seu menor preço desde o início de maio, numa queda de 0,56% no dia. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,749 e R$ 1,739. Nas casas de câmbio paulistas, o dólar turismo foi cotado por R$ 1,860, em declínio de 1,06%.
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) opera com forte alta de 2,52%, aos 66.784 pontos. O giro financeiro é de R$ 6,6 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York avança 2,55%.
\”Os indicadores econômicos melhoraram muito hoje, e é perfeitamente natural que o dólar caia\”, comenta Mário Paiva, analista da corretora BGC Liquidez. \”E amanhã, se o mundo continuar \’bom\’, é claro que a taxa pode ceder até mais\”, acrescenta.
O profissional acredita que os preços devem oscilar em torno de R$ 1,75 no curto prazo, observando que, no mercado futuro, as taxas projetadas para outubro continuam nesse patamar. Embora para os próximos meses haja expectativa de um aumento da demanda pela moeda, Paiva avalia que a pressão não deve ser suficiente para puxar com muito mais força os preços.
Ele lembra ainda que os bancos continuam apostando na baixa das cotações. Segundo dados do Banco Central, as posições chamadas \”vendidas\” (operações financeiras em que o agente ganha com a queda das cotações) ultrapassam a casa dos US$ 13 bilhões.
O dólar abaixo de R$ 1,75, no entanto, revive um antigo temor do mercado, de que o governo volte a interferir com mais força na formação dos preços, seja no mercado à vista, elevando os lotes comprados por meio dos leilões diários; ou no mercado futuro, \”ressuscitando\” a prática dos leilões de \”swap\” cambial.
Somente no mês passado, período em que o dólar subiu menos de 1%, o BC comprou quase US$ 3 bilhões no segmento de dólar \”pronto\” (à vista), praticamente o dobro das intervenções registradas em julho.
JUROS FUTUROS
No mercado futuro de juros, que serve de referência para o custo dos empréstimos nos bancos, as taxas projetadas ficaram praticamente estáveis, poucas horas antes da decisão do Copom (Comitê de Política Monetária). Há um relativo consenso de que os juros primários do país devem ser mantidos em 10,75% ao ano.
No contrato para outubro deste ano, a taxa prevista foi mantida em 10,66%; no contrato para janeiro de 2011, a taxa projetada permaneceu em 10,69. O contrato para janeiro de 2012 foi a exceção, e a taxa prevista subiu com força: de 11,26% para 11,37%.
Os números são preliminares e estão sujeitos a ajustes.
Fonte: Folha Online