Consumo e beneficiamento de uma das bebidas mais consumidas no mundo
Fonte: Bureau Café
O café é uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo, sendo que em alguns países, perde apenas para a água. Esse consumo, no entanto, não é uniforme. Analisando alguns dos maiores importadores e consumidores da commodity, podem-se destacar algumas particularidades dos mercados, assim como os diferentes motivos pelos quais esses países lideram as importações do produto.
De acordo com dados da OIC (Organização Internacional do Café), o consumo mundial de café em 2009 foi de 128,8 milhões de sacas (60Kg), tendo caído 1,5% em relação a 2008, ano em que o mesmo atingiu 130,7 milhões de sacas. Nesse período, a Alemanha, segundo maior importador mundial da commodity, foi responsável por uma retração de 6,7% no consumo, uma das maiores registradas. Tal queda no consumo mundial foi largamente associada à crise econômica deflagrada no final de 2008.
No entanto, é necessário que se leve em conta que esses números não englobam a liberação de estoques dos países consumidores, que possivelmente suplementaram as importações mais baixas. Segundo a OIC, os estoques certificados das bolsas de futuros de Nova Iorque e Londres sofreram quedas consideráveis no período de julho de 2009 a julho de 2010, de 40,2% e 44,8%, respectivamente. Sendo assim, infere-se que essa baixa no consumo não é uma representação completamente fiel da realidade e as expectativas para 2010, segundo diversas fontes, apontam para uma provável recuperação.
Mas de que forma esse consumo é distribuído?
Atualmente, os cinco maiores importadores mundiais de café são, respectivamente, Estados Unidos, Alemanha, Japão, Itália e França, dos quais os primeiros quatro são também os maiores importadores de café brasileiro.
Os norte-americanos são grandes consumidores de café, consumindo 400 milhões de xícaras da bebida por dia, segundo dados da Coffee-Statistics. Tem-se ainda, de acordo com pesquisas realizadas entre os anos de 2001 e 2006 pelo Coffee Research Institute (Instituto de Pesquisa do Café) que 54% da população adulta dos Estados Unidos bebe café diariamente, sendo que 18,12% dos bebedores de café consomem cafés especiais todos os dias e, por fim, 25% dos americanos consomem a bebida ocasionalmente. Ademais, é possível dizer que esse alto nível de consumo foi potencializado pela elevação da popularidade da bebida entre os jovens, para o que muito colaborou o grande número de informações sobre efeitos benéficos do consumo produto.
Reflexo dos altos níveis de consumo de café, tanto nos Estados Unidos como no resto do mundo, é a Starbucks, uma cafeteria bem sucedida, criada na década de 70 em Seattle e hoje presente em diversos países. A Starbucks retrata muito bem a atual tendência de diversificação nas formas de consumo da bebida, \”Tem café quente, café gelado, café batido com creme e gelo, com sabores de chocolate, baunilha, caramelo, amêndoas, chá e até com sabores de frutas, como framboesa e manga, além do tradicional morango.\”, diz blogueira a respeito dos cafés oferecidos pela empresa em questão.
Portanto, vale ressaltar, que as importações de café nos Estados Unidos, objetivam, basicamente, suprir a demanda nacional pelo produto. Diferentemente da Alemanha, que apesar de também contar com elevados índices de consumo per capita – cerca de 5,86Kg/hab/ano – reexporta grande parte do café que importa, num processo que agrega valor à commodity e gera altíssimos lucros para a economia alemã. E, apesar de ser a maior importadora de café brasileiro, não tem o Brasil como seu único fornecedor. Segundo reportagem da Revista Adega, publicada em outubro de 2009, cerca de 60% do café verde exportado pelo Peru para União Européia, seguiu para o mercado alemão.
Em relação às características do consumo interno, no ano de 2003, manchetes de jornais e revistas já apontavam o café sofisticado como a nova mania alemã, isso em um país onde beber café é tradição de longa data. E, assim como nos Estados Unidos, os coffee-shops despertaram no povo alemão e, principalmente no público jovem, o gosto pelo café, reinventando suas formas de consumo. Portanto, numa visão geral, temos um grande consumidor e importador da commodity, mas que desempenha um processo altamente qualificado de beneficiamento do café para reexportação – o que explica os elevadíssimos índices de importação.
O Japão é o terceiro maior importador mundial, sendo um país onde o café se tornou tão popular quanto o chá – bebida tradicionalmente consumida por lá. Inclusive, relaciona-se a preferência dos japoneses pelo café solúvel à sua maior similaridade de preparo com o chá. O japonês consome, em média, 11 xícaras de café por semana, segundo reportagem publicada na Revista Adega e suas importações chegam a mais de 400 milhões de quilos de café por ano. Seus maiores fornecedores são Brasil e Colômbia, mas o país também comercializa com produtores menos tradicionais, como Costa Rica, México e Guatemala. É valido salientar que o Japão é o maior consumidor mundial de bebidas energéticas, o que justifica o fato de o país consumir também produtos mais baratos e de qualidade inferior.
Ocupando o quarto lugar dentre os importadores tem-se a Itália, que também é expressiva na torrefação do produto. Nesse país, 14 milhões de cafés expresso são consumidos a cada ano, alcançando 200 mil bares e cafés e, ainda, com perspectivas de crescimento, segundo informações da Coffee Statistics. Um dado interessante diz respeito aos baristas, profissionais especializados em cafés de alta qualidade, que entre os italianos, ainda em 2006, excediam 270.364 indivíduos, dos quais 57,5% possuiam 10 ou mais anos de experiência. Por fim, não se pode deixar de dizer, que assim como a Alemanha, a Itália abriga algumas das melhores beneficiadoras do mundo, onde grãos de café são selecionados, torrados e embalados através dos processos mais sofisticados existentes no mercado, o que, obviamente, agrega imenso valor ao produto final.
O último importador em discussão é a França, país onde surgiram as tão promissoras \”casas de café\”. Os franceses consomem, em média, 5,05kg/hab/ano de café, sendo, assim como na Itália, uma média alta. O mercado francês segue a tendência dos grandes consumidores mundiais, valorizando os cafés gourmet e importando apenas grãos de alta qualidade.
Finalmente, apesar de terem-se focado os grandes importadores, é importante deixar claro que os campeões de consumo são os países nórdicos – Finlândia, Noruega e Dinamarca – onde o volume consumido de café gira em torno dos 13Kg/hab/ano.
Analista do Bureau Café: Marcela Guimarães
Fontes: OIC, PEDEAG (Plano de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba), Supermercado Moderno, CaféPoint, Deutsche Welle World, Revista Adega, Coffe-Statistics, UOL Economia, Coffee Research Institute, Jornal de Bauru.