O CAFEICULTOR É O PRINCIPAL (ANTES QUE DIGAM QUE O CAFEICULTOR ESTA CHORANDO DE BARRIGA CHEIA…):
Infelizmente aqueles que deveriam esclarecer a verdadeira situação da cafeicultura nacional, tentam, na verdade, utilizarem-se do atual momento de elevação dos preços internacionais para criar uma falsa realidade, um “mundo de fantasias” onde todos os problemas serão resolvidos como em um passe de mágica. Fazem isso sem o menor pudor, transmitindo para toda sociedade Brasileira – através dos meios de comunicação – que teremos alguns anos de “ÓTIMOS PREÇOS” para o café Brasileiro, e que esta nova situação trará renda para a atividade, permitindo assim ao cafeicultor quitar suas dividas passadas.
Assim, antes que pessoas “MAL INFORMADAS” ou “MAL INTENCIONADAS” utilizem de duas velhas máximas (1.º “O BRASILEIRO TEM MEMORIA CURTA” e 2.ª “\”A MENTIRA DITA VÁRIAS VEZES TORNA-SE VERDADE\”) com o objetivo de enganar a opinião pú blica, e mais uma vez colocar o cafeicultor em situação de culpado, incompetente, chorão, entre outros adjetivos, vamos mostrar a verdadeira situação em que se encontra os cafeicultores — BRASILEIROS (CAFEICULTORES) QUE MESMO DURANTE ESTES MAIS DE 10 ANOS DE PREJUIZO NA ATIVIDADE SUSTENTARAM EM SEUS OMBROS A POSIÇÃO DO BRASIL COMO MAIOR PRODUTOR MUNDIAL DE CAFÉ, GERANDO RIQUEZAS E DIVISAS PARA O PAIs, RESPOSÁVEIS POR SUSTENTAR MAIS DE 6 MILHÕES DE EMPREGOS DIRETOS E INDIRETOS. ASSIM, SEREMOS VERDADEIROS E REALISTAS, POIS:
“A realidade tem limites; a estupidez não.\” (Napoleão Bonaparte)
REALIDADE
A crise da cafeicultura foi ocasionada devido a mais de 13 anos de venda ininterrupta por parte do produtor, de sacas de café abaixo do custo de produção. Portanto, a falta de renda (lucro) provocou o acúmulo de dívidas, e esta situação, associada, a juros altos, aumento dos custos de produção e a falta de políticas de ordenamento de ofer ta por parte dos governos frente a nova realidade da cafeicultura mundial, colocou uma população de aproximadamente 6 milhões de pessoas, entre proprietários e empregados que dependem da cafeicultura para sua sobrevivência em estado de calamidade. Proprietários (cafeicultores) abandonaram e estão abandonando suas lavouras e demitindo seus funcionários (mão de obra especializada), condição que gera duas situações:
1- O cafeicultor ao abandonar sua lavoura, perde automaticamente sua capacidade de produzir e conseqüentemente a sua capacidade de honrar com seus compromissos financeiros (dívidas), restando-lhe apenas uma saída, discutir judicialmente a legalidade de seus débitos do passado (já quitados), do presente (vencidos) e do futuro (à vencer), e durante este tramite, continuar a tirar o sustento de sua família da própria terra, através de novas culturas ou até mesmo através de arrendamentos.
2- Para o funcionário que sempre trabalhou nas lavouras de café (mão de obra especializada), resta-lhe o recebimento de seus direitos trabalhistas (fundo de garantia, férias proporcionais, 13º salário proporcional e seguro desemprego) e prosseguir para os centros urbanos em busca da sobrevivência de sua família, tornando-se assim, mais um na grande massa humana, que vive em condições sub humanas nas favelas, colocando sua família a mercê de todo tipo de criminalidade (roubo, drogas, prostituição, homicídio, bebidas etc…).
O Governo Federal vem tentando solucionar este endividamento crônico da cafeicultura nacional através de prorrogações sistemáticas das dívidas, medidas que infelizmente não evitaram o crescente endividamento do setor, como veremos a seguir.
2001- Alongamento das dívidas do funcafé: Dívidas da cafeicultura (FUNCAFÉ) foram alongadas por 14 anos.
Dívida inicial – R$ 800.000.000,00
2009 – Grande parte dos cafeicultores não conseguiram quitar as parcelas do alongamento anterior, mostrando que mesmo com as dívidas parceladas a cafeicultura não gerou renda para quitar suas dívidas do passado, e muitos abandonaram a atividade, mas continuam com suas dívidas (parcelas vencidas e parcelas à vencer). A grande maioria continuou a acreditar na atividade, mudando drasticamente o modelo de produção na busca de qualidade, quantidade,e, pasmem, “DIMINUIÇÃO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO!!”.
Não que seja impossível conseguir qualidade e quantidade diminuindo os custos de produção, entretanto, devemos lembrar que estes que continuaram na atividade tiveram que mudar drasticamente a estrutura de suas propriedades para tentar alcançar a tão almejada “sustentabilidade econômica” (qualidade + quantidade = diminuição dos custos), e estas mudanças não foram feitas a custo zero:
– QUALIDADE:
1 – Aumento das áreas de terreirões (cimentados ou asfálticos).
2 – Secadores (rotativos)
3 – Lavadore s mecânicos
4 – Despolpadores e Desmussiladores
5 – Certificação : compra de reservas, autorga de uso das águas, alojamentos, fossas sépticas, etc…
– QUANTIDADE:
1- Renovação das lavouras: variedades mais produtivas.
2 – Sistema de irrigação altamente eficiente.
3 – Potencialização dos insumos utilizados na lavoura: compra de novos equipamentos como, tratores, tanques pulverizadores, roçadeiras, trinchas, etc…
4 – Mecanização da colheita: Compra de máquina colheitadeira.
Infelizmente, a busca pela sustentabilidade econômica pautada sobre a equação: qualidade + quantidade = diminuição dos custos de produção, na realidade se tornou em mais um agravante para o crônico endividamento do setor, pois, qualidade + quantidade = aumento dos custos de produção (“o tiro saiu pela culatra”). Isso ocorreu, pois os produtores que buscavam esta alternativa como forma de aumentar a sua capacidade de pagamento não analisaram a seguinte situação:
– A reestruturação de suas propriedades para alcançar a sustentabilidade econômica e aumentar assim a sua capacidade de pagamento, teve um alto custo financeiro, custo esse que foi coberto por novas linhas de empréstimos (novo endividamento). Assim, essa nova empreitada foi mortal para a já combalida situação financeira destes cafeicultores, pois, mesmo aumentando sua produtividade e sua qualidade os preços do café Brasileiro no mercado internacional não receberam os “prêmios” necessários para cobrir o custo dos novos investimentos.
Portanto, a situação destes cafeicultores que se aventuraram bravamente em busca da sustentação econômica alicerçados na QUALIDADE + QUANTIDADE= DIMINUIÇÃO DE CUSTOS, é simplesmente agonizante e degradante. Possuindo hoje em suas propriedades o mais alto grau de tecnologia mundial para a produção do café arábica, propiciando alta produtividade aliada a qualidade, e m esmo assim, safra após safra sua dívida aumenta, sua capacidade de pagamento diminui, seus equipamentos vão se depreciando e perdendo valor, sem que tenham sido quitados junto aos bancos.
Assim, com dívidas e juros alongados (2001) para serem honradas e novas dívidas com mais juros adquiridos na reestruturação de suas fazendas, estes cafeicultores não tiveram outra saída a não ser buscar novas fontes de recursos financeiros para continuar na atividade. Surgiram neste momento de desespero os famosos Rls, EMPRÉSTIMOS PESSOAIS (CDC, CUSTÓDIAS DE CHEQUE, PAPAGAIOS) E CPRs (físicas e financeiras), esta última foi totalmente deturpada pois a sua finalidade maior era de proporcionar ao cafeicultor a possibilidade de vender sua mercadoria nos melhores momentos, e esta foi utilizada como meio de fazer dinheiro vendendo o que já estava comprometido.
Desta forma, podemos explicar a seguinte situação:
2001- DÍVIDA DA CAFEICULTURA (FUNCAFE) = R$ 800.000.0 00,00
2009 – DÍVIDA DA CAFEICULTURA = R$ 10.000.000.000,00
RO, RL, CPRs (física, financeira), Empréstimos pessoais, Cooperativas de Produção, Cooperativas de Crédito e FUNCAFE.
As respostas para alguns questionamentos que poderão surgir ao analisarmos este texto, questionamentos estes que são diariamente levantados por aqueles que não conhecem profundamente a história desta crise financeira que se abateu sobre a cafeicultura.
1- Como explicar a existência de produtores que estão se destacando na cafeicultura, conseguindo lucros com os preços do passado e os atuais?
– Estes produtores podem ser classificados da seguinte forma:
. Cafeicultores que não dependem da atividade para sua sobrevivência e de sua família, tendo outra fonte de renda ligada ao comércio; indústria; políticos; funcionários públicos etc.
. Cafeicultores e exportadores, estes produtores conseguem através da exportação obter ganhos que não estão r elacionados apenas com a venda física da mercadoria, obtendo bons ganhos com os incentivos fiscais do governo através do PIS/COFINS.
. Cafeicultores que entraram na atividade justamente no início da crise, ou que entraram na crise capitalizados, estes através do emprego das novas tecnologias já citadas acima, conseguiram na prática a sustentabilidade econômica utilizando a máxima da, QUALIDADE + QUANTIDADE = DIMINUIÇÃO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO.
Na verdade, todos os 3 exemplos de cafeicultores citados acima utilizaram a máxima da sustentabilidade econômica, o que os permitiu obter resultados positivos mesmo com os preços praticados no mercado de café.
Assim, estes produtores são exemplos vivos e irrefutáveis que as dívidas existentes hoje, não são frutos de incompetência e falta de investimento por parte do cafeicultor. Essas dívidas, são frutos de uma política adotada para a cafeicultura que não buscava o saneamento do passivo da ativid ade através da produção, mas sim, utilizar a produção como forma de prender o cafeicultor ao mercado, pagando juros sobre juros, em uma eterna ciranda de dependência e servidão financeira.
2 – Como explicar a permanência destes cafeicultores em uma atividade sem rentabilidade?
“Infelizmente, a cafeicultura dentro do agronegócio tem particularidades que torna esta atividade em um casamento de pelo menos 20 anos, entre a lavoura e o produtor”, estas palavras foram pronunciadas pelo Sr. Rheinold Stephanes (Ex Ministro da Agricultura) em um encontro de cafeicultores na cidade de Patrocinio-MG.
Particularidades:
– Lavoura com vida útil de 20 anos.
– Sistema de irrigação (tripa e gotejo): como o café é uma planta perene, a erradicação dos pés de café significa a perda parcial ou quase que total destes sistemas de irrigação (prejuízo de mais de R$4000,00 por hectare).
– Maquinários que são exclusivamente utilizados p ela cafeicultura, tornando-se difícil a venda destas máquinas velhas (usadas), já que existem planos de financiamentos mais atraentes para máquinas novas.
– A cafeicultura é praticada em sua maioria (80%) em propriedades menores que 100 hectares e com um alto valor agregado em bem imóveis (barracões, casas de funcionários, alojamentos, tulhas de armazenagem, secadores, terreirões , etc..), assim, com a atual situação da cafeicultura o valor de venda destas propriedades não corresponderia ao seu real valor de mercado. E a implantação de uma nova alternativa que pudesse aproveitar estas instalações levaria a um maior aporte de recursos financeiros, conseqüentemente criando um novo problema sem resolver o antigo.
Assim, nós da SINCAL queremos através deste trabalho demonstrar para o Governo Federal (Ministério da Agricultura; Ministério da Fazenda), CNC, CDPC, Frente Parlamentar do Café, que o problema da cafeicultura brasileira só será resolvi do em uma ação conjunta de todos os envolvidos, atacando de forma decisiva o endividamento, dando um prazo condizente com a realidade do setor para a quitação destes passivos, e acabando com os juros através da transformação destes passivos em mercadoria. Pois como já foi demonstrado, o cafeicultor brasileiro possui tecnologia e experiência para produzir com QUALIDADE e QUANTIDADE , mas os CUSTOS só irão diminuir quando pararmos de pagar os JUROS, e ai sim, teremos a tão almejada SUSTENTABILIDADE ECONOMICA:
QUALIDADE + QUANTIDADE = BAIXO CUSTO DE PRODUÇÃO
ESTUPIDEZ
1- ESTUPIDEZ, É O MINISTRO DA AGRICULTURA CONTINUAR A ESCUTAR E CONFIAR EM PESSOAS QUE SE DIZEM RESPONSÁVEIS PELO AGRONEGÓCIO CAFÉ, MAS QUE INFELIZMENTE SÃO TRAÍDAS PELAS PRÓPRIAS PALAVRAS:
\”Em termos de preços aos produtores brasileiros, o mercado até superou um pouco nossas expectativas. Ele antecipou uma alta que nós esperávamos para outubro – dezembro, o que foi mui to bom porque deu oportunidade para os produtores terem bons preços durante a colheita.\”
Estas palavras foram pronunciadas pelo Sr. Manoel Vicente Bertone (Secretario de produção e Agroenergia). Portanto, se os “responsáveis” pelo café dentro do MAPA esperavam esta alta somente para outubro ou dezembro, não seria de extrema importância terem liberado os recursos do FUNCAFE (colheita e retenção) em tempo hábil para que o cafeicultor segurasse sua safra.
Imaginemos que a expectativa do MAPA tivesse se confirmado, teríamos que vender nossa safra a qualquer preço, pois não teríamos, como não tivemos os recursos (FUNCAFE) a tempo e a situação que já é desesperadora, se tornaria desumana.
OBS: Sr. Bertone, nesta Deus foi muito mais generoso com vossa senhoria, do que com os cafeicultores, pode ter certeza!!
2- ESTUPIDEZ, É O MINISTÉRIO DA FAZENDA (SECRETÁRIO GILSON BITTENCURT) ACREDITAR QUE O CAFEICULTOR CONSEGUIRÁ QUITAR SUAS DIVIDA S PASSADAS, DEVIDO (GRAÇAS A DEUS) A MELHORA DOS PREÇOS ATUAIS.
3- ESTUPIDEZ, É O MERCADO ACREDITAR QUE OS CAFEICULTORES QUE SE DIZEM SATISFEITOS, POIS NÃO CARREGAM OS PASSIVOS QUE A GRANDE MAIORIA POSSUE, DAREM CONTA DE MANTER SOZINHOS O BRASIL COMO O MAIOR PRODUTOR MUNDIAL DO GRÃO.
4- ESTUPIDEZ, É ACREDITAR QUE SACAS DE CAFÉ APARECEM SOZINHAS DENTRO DOS BARRACÕES DE ARMAZENAGEM.
ESTUPIDEZ, É ACREDITAR QUE O CAFEICULTOR CONTINUARA À SER FEITO DE ESTUPIDO!!!!!!
Silvio Marcos Altrão Nisizaki
Diretor SINCAL-CERRADO
Diretor de Café do Sindicato Rural de Coromandel
silvionisizaki@bol.com.br
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