Produção deverá reduzir cerca de 10 a 20% em 2010/11
Agência Reuters | AGROCIM
O presidente da cooperativa de café do Quênia, Gikanda Farmers, que tem 2.700 membros, Charles Muriuki, disse que as fortes chuvas fora de época do começo desse ano deverão reduzir a produção em cerca de 10-20% em 2010/11 (outubro-setembro) com relação a cerca de 2 milhões de quilos desse ano.
\”Choveu em janeiro, fevereiro e março\”. Ele disse que nesses três meses, os cafezais devem produzir boas flores, o que não aconteceu. O produtor, George Gakuo, que produziu 2.600 quilos no ano passado, disse que a próxima colheita deverá ser de 2.000 quilos. Ele disse que, apesar disso, espera bons preços devido aos menores volumes.
Os grãos de fazendas dessa região do Quênia e nas províncias vizinhas ao leste, que são igualmente férteis, estão sendo procurados por torrefadores globais que misturam esses grãos com o café de outras nações. \”O café é conhecido por sua acidez e aroma\”, disse o diretor executivo da operação no Leste da África de uma casa de commodities de Londres, Charles Cardoso. \”Os preços têm estado muito mais altos e esperamos que se mantenham nos próximos 12 meses\”.
O café de referência do Quênia de classificação AA está com seu preço mais alto desde 1998. O café atingiu o preço máximo de US$ 489 por saca de 50 quilos no último leilão, dos US$ 446 por saca na última venda em 22 de junho.
O diretor gerente do Coffee Board do Quênia, Loise Njeru, disse que a alta qualidade do café apoiou as receitas. As receitas totais para o ano safra que termina no próximo mês já atingiram 10,2 bilhões de xelim (US$ 124,69 milhões) comparado com 10,7 bilhões de xelim (US$ 130,81 milhões) em todo o ano anterior, disse ela.
Durante o ano de 2009/10, a entidade projeta que a produção será de 40.000 toneladas, menos que as 52.000 toneladas do ano anterior. As previsões para 2010/11 ainda não estão prontas, disse Njeru, mas ela disse que, se o clima se mantiver favorável no começo de 2011, poderá ajudar a compensar as quedas na colheita principal de outubro-janeiro.
Essas previsões foram um pequeno consolo aos produtores da cooperativa Gikanda, como George Gicheru, cuja colheita de 15.000 quilos do ano passado está em perigo de cair pela metade, para 8.000 quilos, devido ao clima chuvoso e à doença da ferrugem das folhas do café. No entanto, ele viu consolo nos preços maiores, que frequentemente se traduzem em melhores ganhos aos produtores.
Os produtores da cooperativa ganharam em média 59,09 xelim (US$ 0,72237) por quilo de café para a safra de 2009/10, mais que os 33,24 xelim (US$ 0,40636) na safra de 2005/06. Os ganhos foram aumentados pelos maiores preços e pela determinação do Governo que requer que as associações paguem aos produtores pelo menos 80% dos ganhos totais da cooperativa, disse Muriuki.
No final dos anos noventa e começo dos anos 2.000, a indústria de café do Quênia sofreu com a má administração, levando os produtores que estavam insatisfeitos com a falta de pagamento a negligenciar suas plantações ou cortá-las.
\”Os lucros aumentarão, aqueles produtores que abandonaram o café começaram a voltar a suas plantações porque perceberam que houve uma mudança. Isso significa que, se tivermos outros dois ou três anos de bons lucros, a produção também aumentará\”, disse Gicheru.