Diversificação no campo capixaba
Responsável por cerca de 70% da produção e das exportações brasileiras de café robusta, o Espírito Santo vem se estruturando nos últimos anos para reduzir a dependência de sua agricultura das oscilações das cotações do produto nos mercados externo e interno. Nesse sentido, vêm crescendo no Estado os investimentos públicos e privados no cultivo de florestas e em pólos de fruticultura, que começam a dividir com o café o sustento de pequenos produtores e cidades dependentes do campo. Segundo Ricardo Ferraço, secretário da Agricultura do Espírito Santo, a agricultura ainda é, hoje, a principal atividade econômica em pelo menos 80% das cidades capixabas com “importância social”. O desafio, afirma ele, é diversificar levando-se em conta o perfil do produtor local, normalmente de pequeno porte e estabelecido em propriedades de base familiar. E tradicionalmente voltado ao café. Somando-se os cafés robusta (de qualidade inferior) e arábica (ramo em que o Brasil lidera as exportações globais), a produção cafeeira ainda é a âncora da maior parte das cidades agrícolas do Estado. Responde, de acordo com Ferraço, por 35% do PIB agrícola local, ocupa entre 500 mil e 550 mil hectares e emprega de 320 mil a 360 mil pessoas espalhadas por quase 70 mil propriedades, de um total de mais de 82 propriedades rurais capixabas. Atualmente a produção de robusta soma de 7 milhões a 8 milhões de sacas por safra – ante as 2,5 milhões de 1994 -, e a expectativa é alcançar a marca de 10 milhões de sacas em cinco anos. “Somos o segundo produtor brasileiro de café, com o robusta em terras quentes e o arábica em terras frias. Estamos ampliando a produção sem aumentar a área plantada, e com isso continuamos investindo em outros segmentos”, afirma o secretário da Agricultura. Daí a aposta no Plano de Desenvolvimento Florestal do Estado do Espírito Santo, lançado em 2003 com o apoio de empresas de papel e celulose e que de lá para cá agregou 15 mil hectares à área capixaba de florestas plantadas, que hoje supera 200 mil hectares. “Nesse programa, estamos ampliando o plantio de florestas em áreas de solos erodidos. Ainda há no Estado 1,8 milhão de hectares de pastos, 700 mil deles em fase evoluída de erosão. Há, portanto, boas perspectivas de crescimento. Por nossa localização geográfica, vamos nos firmar com grandes exportadores de celulose”, diz. De acordo com os números da secretaria, as florestas plantadas respondem por aproximadamente 60 mil empregos diretos e indiretos em 14 mil propriedades e representam cerca de 10% do PIB agrícola do Espírito Santo. O plano de fomento às florestas conta com a apoio do Banco do Brasil, que em 2005 deve fechar cerca de 1,5 mil operações de crédito para pequenos produtores. Neste caso, a instituição financia até R$ 3 mil por hectare. A Secretaria da Agricultura do Espírito Santo fornece assistência técnica e serviços de extensão rural. Segundo Ferraço, também avança no Estado o desenvolvimento da fruticultura, ainda dependente da produção e das exportações de mamão papaya, em grande parte voltadas aos EUA. Há 80 mil hectares de frutas no Espírito Santo, mas pólos de manga, maracujá, goiaba, morango e banana vêm se multiplicando – graças, em grande parte, ao desenvolvimento de uma forte indústria local de sucos de frutas prontos para beber. As frutas também puxam a agricultura orgânica, que deve conta com 1.000 famílias capixabas até 2006. Ferraço lembra, ainda, que para todas as atividades agrícolas (café, florestas, frutas etc) os pequenos produtores contam com o Pronaf Capixaba, lançado neste ano e que, no total, disponibiliza a agricultores familiares mais de R$ 3 milhões por ano – R$ 150 mil para cada um dos 21 municípios que participam desta etapa inicial do programa. “O Pronaf Capixaba é um programa de médio prazo [de cinco a dez anos] que busca dar condições para que os municípios se estruturem para atividades agrícolas. Os municípios com IDHs [índice de desenvolvimento humano] mais baixos são prioritários “, diz Ferraço. |