Forte em café, o Espírito Santo estimula plantio de florestas e pólos de frutas

Diversificação no campo capixaba

14 de dezembro de 2005 | Sem comentários Origens Cafeeiras Produção
Por: VALOR por Fernando Lopes De São Paulo








Responsável por
cerca de 70% da produção e das exportações brasileiras de café robusta, o Espírito Santo vem se
estruturando nos últimos anos para reduzir a dependência de sua agricultura das
oscilações das cotações do produto nos mercados externo e interno.

Nesse
sentido, vêm crescendo no Estado os investimentos públicos e privados no cultivo
de florestas e em pólos de fruticultura, que começam a dividir com o café o sustento de pequenos produtores e
cidades dependentes do campo.

Segundo Ricardo Ferraço, secretário da
Agricultura do Espírito Santo, a agricultura ainda é, hoje, a principal
atividade econômica em pelo menos 80% das cidades capixabas com “importância
social”.

O desafio, afirma ele, é diversificar levando-se em conta o
perfil do produtor local, normalmente de pequeno porte e estabelecido em
propriedades de base familiar. E tradicionalmente voltado ao café.

Somando-se os cafés robusta (de qualidade inferior) e
arábica (ramo em que o Brasil lidera as exportações globais), a produção
cafeeira ainda é a âncora da maior parte das cidades agrícolas do Estado.
Responde, de acordo com Ferraço, por 35% do PIB agrícola local, ocupa entre 500
mil e 550 mil hectares e emprega de 320 mil a 360 mil pessoas espalhadas por
quase 70 mil propriedades, de um total de mais de 82 propriedades rurais
capixabas.

Atualmente a produção de robusta soma de 7 milhões a 8 milhões
de sacas por safra – ante as 2,5 milhões de 1994 -, e a expectativa é alcançar a
marca de 10 milhões de sacas em cinco anos.

“Somos o segundo produtor
brasileiro de café, com o
robusta em terras quentes e o arábica em terras frias. Estamos ampliando a
produção sem aumentar a área plantada, e com isso continuamos investindo em
outros segmentos”, afirma o secretário da Agricultura.

Daí a aposta no
Plano de Desenvolvimento Florestal do Estado do Espírito Santo, lançado em 2003
com o apoio de empresas de papel e celulose e que de lá para cá agregou 15 mil
hectares à área capixaba de florestas plantadas, que hoje supera 200 mil
hectares.

“Nesse programa, estamos ampliando o plantio de florestas em
áreas de solos erodidos. Ainda há no Estado 1,8 milhão de hectares de pastos,
700 mil deles em fase evoluída de erosão. Há, portanto, boas perspectivas de
crescimento. Por nossa localização geográfica, vamos nos firmar com grandes
exportadores de celulose”, diz.

De acordo com os números da secretaria,
as florestas plantadas respondem por aproximadamente 60 mil empregos diretos e
indiretos em 14 mil propriedades e representam cerca de 10% do PIB agrícola do
Espírito Santo.

O plano de fomento às florestas conta com a apoio do
Banco do Brasil, que em 2005 deve fechar cerca de 1,5 mil operações de crédito
para pequenos produtores. Neste caso, a instituição financia até R$ 3 mil por
hectare. A Secretaria da Agricultura do Espírito Santo fornece assistência
técnica e serviços de extensão rural.

Segundo Ferraço, também avança no
Estado o desenvolvimento da fruticultura, ainda dependente da produção e das
exportações de mamão papaya, em grande parte voltadas aos EUA.

Há 80 mil
hectares de frutas no Espírito Santo, mas pólos de manga, maracujá, goiaba,
morango e banana vêm se multiplicando – graças, em grande parte, ao
desenvolvimento de uma forte indústria local de sucos de frutas prontos para
beber. As frutas também puxam a agricultura orgânica, que deve conta com 1.000
famílias capixabas até 2006.

Ferraço lembra, ainda, que para todas as
atividades agrícolas (café, florestas,
frutas etc) os pequenos produtores contam com o Pronaf Capixaba, lançado neste
ano e que, no total, disponibiliza a agricultores familiares mais de R$ 3
milhões por ano – R$ 150 mil para cada um dos 21 municípios que participam desta
etapa inicial do programa.

“O Pronaf Capixaba é um programa de médio
prazo [de cinco a dez anos] que busca dar condições para que os municípios se
estruturem para atividades agrícolas. Os municípios com IDHs [índice de
desenvolvimento humano] mais baixos são prioritários “, diz
Ferraço.

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