Geada negra fez surgir um novo cenário agrícola no Norte do PR – Veja fotos do dia 17 de julho de 1975 quando da última nevasca em Curitiba(PR) Brasil


fotos do dia 17 de julho de 1975 quando da última nevasca em Curitiba(PR) Brasil


A madrugada do dia 18 de
julho foi de perplexidade. Nas horas mais frias os termômetros despencaram e de
repente nada mais restou

“Um verdadeiro cataclisma”. Assim noticiaram
os jornais da época a respeito da geada negra que se abateu sobre o Norte do
Paraná, dizimando cerca de 850 milhões de pés de café e mudando definitivamente
as configurações econômicas de Londrina e região. 

Era dia 16 de
julho de 1975. A geada chegou sinistra, disfarçada de chuva. No dia seguinte, em
Curitiba, a neve caiu e o vento gelado cortou todo o Paraná. Sem aviso, a geada
queimou o “ouro verde” do Norte do Estado, esteio da cafeicultura
brasileira.

No final da tarde o céu azul ficou marcado por manchas
vermelhas que anunciavam a tragédia que ninguém queria aceitar. A madrugada do
dia 18, sexta-feira, foi de perplexidade. Nas horas mais frias os termômetros
despencaram e de repente nada mais restou.

Diferente da geada normal,
que em anos anteriores atingiu somente algumas áreas e permitiu que os pés de
café rebrotassem, a geada negra foi destruidora e torrou o pé de café das folhas
até a raiz, sem chance de recuperação.
O Norte do Estado amanheceu,
literalmente, coberto por uma mancha negra, que rapidamente se decompôs sob os
raios do sol. Tudo o que era verde morreu – não apenas o café, mas toda a
vegetação que recobria a região.

No meio desse cenário, o então
governador Jayme Canet Júnior desembarcou pesaroso no aeroporto de Londrina. Ele
já havia sobrevoado – durante cinco horas – toda a região do Norte do Estado e
se dirigiu à sede imponente do Instituto Brasileiro do Café (IBC) para trazer a
confirmação daquilo que ninguém queria aceitar.

Londrina, que já
ostentara com orgulho o título de “capital mundial do café”, depois da terrível
geada era pura desolação.

No entanto, não demorou para a Cidade começar a
se reorganizar dentro de uma nova realidade. Os agricultores substituíram o café
pela soja e o trigo, preferindo as lavouras mecanizadas, e dispensaram toda a
mão-de-obra necessária que antes cultivava o café.

Logo no segundo
semestre de 1975, a Transparaná, uma das principais revendedoras de maquinário
agrícola, bateu recorde nas vendas de tratores – não tinha nem como atender
todos os pedidos.

Do dia para a noite, trabalhadores do campo ficaram
sem trabalho.

Segundo especialistas, a geada de 1975 foi a responsável
pela mecanização da agricultura no Paraná e também um dos motivos do rápido
crescimento de Londrina, que se transformaria nas décadas seguintes num dos mais
importantes municípios do Sul do Brasil.   

Fonte de
pesquisa: Biblioteca Municipal de Londrina

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