Em regiões de terras naturalmente férteis não é difícil conduzir o plantio de café orgânico. Portanto, o segredo está em melhorar a fertilidade do sistema e isso pode ser feito elevando a quantidade de biomassa.
Uma das formas mais baratas de aumentar a biomassa da cultura do café orgânico é por meio da utilização de adubos verdes, que podem trazer uma série de benefícios que resultam em maiores produtividades e menores custos como: maior cobertura de solo; economia de capina, devido a menor incidência de invasoras; maior que líbrio nutricional, sobretudo em relação ao nitrogênio; além do aumento da matéria orgânica do solo.
Segundo pesquisa do Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR (CHAVES, 2000a), a adubação verde combinada com outros adubos orgânicos (estercos de animais, húmus de minhoca, compostagem, etc.) proporciona maior equilíbrio à nutrição nitrogenada, reduz a incidência da doença causada por Cercospora coffeicola e também reduz eficientemente a mortalidade dos ramos produtivos
Estudos do IAPAR, durante 8 anos, comparando diferentes tipos de adubação mostraram que o uso exclusivo de leucena como adubo verde aplicada ao solo como fonte de nutrientes, proporcionou ganhos consideráveis de produção. Em relação à área não adubada – que representa a produtividade média do pequeno cafeicultor (4-5 sacas/hectare), o aumento foi de 340%. Os dados do IAPAR (CHAVES, 2000a), mostraram que o adubo verde adicionou o equivalente a 130 kg/ha de nitrogênio para o cafeeiro, o que resultou em um aumento de produtividade superior a média brasileira que não passa de 12 sacas/ha. Ainda vale lembrar que o nitrogênio é o nutriente mais exigido pela cultura e o mais caro. Por isso, a adubação verde contribui para tornar o agricultor orgânico mais independente.
Alguns critérios devem ser observados para escolha dos adubos verdes a serem utilizados, como: tipo de crescimento, característica da cobertura e ciclo vegetativo do adubo verde. Plantas de crescimento rasteiro (não trepadoras), cobertura densa e ciclo curto a mediano podem facilitar o manejo e são mais desejáveis na produção orgânica. Veja na tabela 1, algumas sugestões para utilização dos adubos verdes.
Sistema de Plantio do Café
1. Tradicional (ruas largas)
2. Medianamente adensado
3. Adensado
Hábito de crescimento do adubo verde
1. Rasteiro e semi erecto
2. Semi erecto e erecto
3. Erecto
Quando utilizar os adubos verdes
1. Todos os anos
2. Nos 2 ou 3 primeiros
3. Nos dois primeiros anos
Segundo as pesquisas do IAPAR o ideal é plantar simultaneamente nas linhas de café, adubo verde de ciclo curto (p. ex. mucuna anã, crotalaria breviflora) com adubo verde de ciclo longo (p. ex. mucuna preta, amendoim cavalo, guandu) invertendo-se a posição das espécies no ano seguinte. Outra experiência que vem sendo utilizada na Estância Filgueira, no município de Dois Córregos – SP, combina o plantio de dois ciclos de leguminosas (o primeiro, no início das águas e o segundo, entre janeiro e fevereiro), associado com húmus de minhoca na linha que não recebe adubo verde. Assim, depois da roçada, a linha que estava com adubação verde irá receber o húmus de minhoca e vice-versa.
Para equilibrar os outros elementos necessários à nutrição do cafeeiro orgânico pode-se ainda utilizar fertilizantes minerais pouco solúveis, de acordo com a análise de solo e da folha. Como corretivos de solo e fonte de cálcio e magnésio, podem ser utilizados os calcários calcíticos e magnesianos espalhados a lanço nas ruas em quantidades pequenas (até 1,5 ton/hectare) para evitar desequilíbrios nutricionais. Para suprir o fósforo os fosfatos naturais de baixa solubilidade são uma boa alternativa. No caso do potássio, além do uso da própria casca do café, que é rica em potássio, pode-se utilizar cinzas vegetais que são uma excelente alternativa (foto ao lado).
Algumas rochas minerais moídas fornecem vários elementos simultaneamente, como é o caso pó de rocha MB4, que vem sendo utilizado com bons resultados na lavoura cafeeira orgânica. No tocante aos microelementos, tem-se procedido a sua utilização na forma quelatizada, por meio de fermentação da matéria-prima em solução de água, esterco e aditivos energéticos. Formulações caseiras como os biofertilizantes supermagro e biogel têm mostrado bons resultados, por fortalecerem o equilíbrio da planta.