Cooperativas ajudam na melhoria de vida da população
A presença de cooperativas em pequenas cidades mineiras está refletindo na melhoria da vida de muita gente do interior. Essas instituições que se sustentam na força de trabalhadores, sejam eles das áreas urbanas ou rurais, transformam municípios em verdadeiros motores da economia do estado. As 780 cooperativas existentes em Minas geram 27 mil empregos diretos, com salário médio de R$ 1.377,59, e faturaram nada menos do que R$ 16,2 bilhões no ano passado, de acordo com a Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg). Isso representa 6,3% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual.
Um bom exemplo de mineiro que viu seu negócio deslanchar depois que uma cooperativa foi montada em sua cidade foi Roldão de Faria Machado. Quando abriu as portas de sua loja de eletrodomésticos, em 2004, ele só tinha colchões e sofás para oferecer aos seus clientes. Mesmo assim, no dia da inauguração, vendeu praticamente todo o estoque. A abertura ocorreu há quatro anos e, de lá para cá, a trajetória de vendas da empresa permanece ascendente, com uma variedade de produtos muito maior. \”Quando abri a Eletrogally já tinha outros dois negócios, por isso pensei em deixá-la nas mãos de empregados. Mas as vendas superaram tudo o que imaginei e tive que tomar conta da loja\”, diz o empresário.
O município onde estão instalados os negócios de Roldão Machado é São Roque de Minas, no Centro-Oeste do estado, que conta com apenas 6,3 mil habitantes. O comércio é tão pujante que a cidade costuma ser apelidada de Tigre Mineiro, uma referência bem humorada aos Tigres Asiáticos, países que a partir da década de 1980 começaram a apresentar altos índices de crescimento econômico e de interferência no mercado mundial. São Roque de Minas tem uma trajetória estranhamente parecida em termos de desenvolvimento econômico. Em 1992, produzia 3,5 mil sacas de café, faturando com isso, durante um ano, em valores corrigidos, R$ 875 mil. Hoje produz 100 mil sacas do grão, o que significa uma injeção anual de recursos de R$ 25 milhões. Em 1992 contava com 300 mil pés de café plantado. Agora, são mais de 10 milhões.
A transformação ocorrida na cidade tem origem na criação da Cooperativa de Crédito Rural de São Roque de Minas (Sicoob Saromcredi), em 1991, por causa da liquidação da Minas Caixa, que deixou a cidade sem agência bancária. \”Era preciso viajar 64 quilômetros até Piumhi para trocar um cheque ou receber a aposentadoria. A falta de uma agência bancária levou as pessoas a se mudarem da cidade. Nossa atividade econômica se limitava à pecuária leiteira para a produção de queijo Canastra, num esquema de agricultura familiar\”, explica o presidente da entidade, João Carlos Leite. Mas a cooperativa acabou estimulando o desenvolvimento econômico e social do município ao se tornar fonte de financiamento para os produtores rurais locais.
Formoso, no Noroeste de Minas, tem 6,8 mil habitantes, e uma história parecida com a de São Roque de Minas. Ali foi fundada a Cooperativa Agropecuária da Região do Piratininga (Coopertinga), há 22 anos. De lá para cá, a região do Cerrado, que tinha como principal atividade econômica a pecuária extensiva, passou a plantar soja, milho, feijão, laranja e café. \”Somos responsáveis por mais de 90% da arrecadação do município\”, diz Irineu José Balbinot, presidente da Coopertinga.
A maioria dos produtores rurais que hoje vive ali veio de fora, em geral do Sul do país. \”Aqui não tinha nada. Tivemos que abrir estrada. A energia elétrica só chegou há dois anos, por pressão da cooperativa, e o asfalto está chegando agora. Dos 130 quilômetros que nos separam de Burutis, 30 km já estão asfaltados.\” A cooperativa construiu uma escola, que atende a mais de 300 alunos, filhos de cooperados, e ganhou até internet. Tudo bancado pela cooperativa.
Isman Carneiro é dono da Drogaria Santa Rita, em Formoso, há 20 anos. \”Antes a vida aqui era muito difícil. Com a chegada da cooperativa, as coisas melhoraram 100%. Mais gente veio para a cidade, o movimento do comércio melhorou\”, atesta
Zulmira Furbino – Estado de Minas
05/07/2010
A presença de cooperativas em pequenas cidades mineiras está refletindo na melhoria da vida de muita gente do interior. Essas instituições que se sustentam na força de trabalhadores, sejam eles das áreas urbanas ou rurais, transformam municípios em verdadeiros motores da economia do estado. As 780 cooperativas existentes em Minas geram 27 mil empregos diretos, com salário médio de R$ 1.377,59, e faturaram nada menos do que R$ 16,2 bilhões no ano passado, de acordo com a Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg). Isso representa 6,3% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual.
Um bom exemplo de mineiro que viu seu negócio deslanchar depois que uma cooperativa foi montada em sua cidade foi Roldão de Faria Machado. Quando abriu as portas de sua loja de eletrodomésticos, em 2004, ele só tinha colchões e sofás para oferecer aos seus clientes. Mesmo assim, no dia da inauguração, vendeu praticamente todo o estoque. A abertura ocorreu há quatro anos e, de lá para cá, a trajetória de vendas da empresa permanece ascendente, com uma variedade de produtos muito maior. “Quando abri a Eletrogally já tinha outros dois negócios, por isso pensei em deixá-la nas mãos de empregados. Mas as vendas superaram tudo o que imaginei e tive que tomar conta da loja”, diz o empresário.
O município onde estão instalados os negócios de Roldão Machado é São Roque de Minas, no Centro-Oeste do estado, que conta com apenas 6,3 mil habitantes. O comércio é tão pujante que a cidade costuma ser apelidada de Tigre Mineiro, uma referência bem humorada aos Tigres Asiáticos, países que a partir da década de 1980 começaram a apresentar altos índices de crescimento econômico e de interferência no mercado mundial. São Roque de Minas tem uma trajetória estranhamente parecida em termos de desenvolvimento econômico. Em 1992, produzia 3,5 mil sacas de café, faturando com isso, durante um ano, em valores corrigidos, R$ 875 mil. Hoje produz 100 mil sacas do grão, o que significa uma injeção anual de recursos de R$ 25 milhões. Em 1992 contava com 300 mil pés de café plantado. Agora, são mais de 10 milhões.
A transformação ocorrida na cidade tem origem na criação da Cooperativa de Crédito Rural de São Roque de Minas (Sicoob Saromcredi), em 1991, por causa da liquidação da Minas Caixa, que deixou a cidade sem agência bancária. “Era preciso viajar 64 quilômetros até Piumhi para trocar um cheque ou receber a aposentadoria. A falta de uma agência bancária levou as pessoas a se mudarem da cidade. Nossa atividade econômica se limitava à pecuária leiteira para a produção de queijo Canastra, num esquema de agricultura familiar”, explica o presidente da entidade, João Carlos Leite. Mas a cooperativa acabou estimulando o desenvolvimento econômico e social do município ao se tornar fonte de financiamento para os produtores rurais locais.
Formoso, no Noroeste de Minas, tem 6,8 mil habitantes, e uma história parecida com a de São Roque de Minas. Ali foi fundada a Cooperativa Agropecuária da Região do Piratininga (Coopertinga), há 22 anos. De lá para cá, a região do Cerrado, que tinha como principal atividade econômica a pecuária extensiva, passou a plantar soja, milho, feijão, laranja e café. “Somos responsáveis por mais de 90% da arrecadação do município”, diz Irineu José Balbinot, presidente da Coopertinga.
A maioria dos produtores rurais que hoje vive ali veio de fora, em geral do Sul do país. “Aqui não tinha nada. Tivemos que abrir estrada. A energia elétrica só chegou há dois anos, por pressão da cooperativa, e o asfalto está chegando agora. Dos 130 quilômetros que nos separam de Burutis, 30 km já estão asfaltados.” A cooperativa construiu uma escola, que atende a mais de 300 alunos, filhos de cooperados, e ganhou até internet. Tudo bancado pela cooperativa.
Isman Carneiro é dono da Drogaria Santa Rita, em Formoso, há 20 anos. “Antes a vida aqui era muito difícil. Com a chegada da cooperativa, as coisas melhoraram 100%. Mais gente veio para a cidade, o movimento do comércio melhorou”, atesta.