França atrai companhias verde-amarelas com incentivos fiscais e expectativa de exportação para toda a Europa
BRASIL
01/07/2010
Carolina Alves, de Paris
calves@brasileconomico.com.br
Se não pode comeles, junte-se a eles. Frente à dificuldade que empresas brasileiras encontram para ingressar no cobiçado e protegidomercado europeu, um simples ditado se torna uma eficiente estratégia. Se por umlado a entrada é dificultada por leis fitossanitárias, que favorecem o produtor local contra a concorrência estrangeira, empresas brasileiras têm conseguido driblar cada vez mais essa barreira.
As maiores, como Marfrig e BR Foods, ingressam por meio de aquisições. Já as empresas de menor porte podem acessar um mercado de 550 milhões de consumidores com poder aquisitivo três vezes maior que os brasileiros por outros meios.
Esse foi o caso da cooperativa Cooparaiso, que recentemente começou a produzir café torrado e moído para a França, em parceria coma cooperativa local Agrial. A Cooparaiso vende café em grão para o Brasil e paramais 20 países, mas adotou a estratégia de comercializar um produto já beneficiado para atender às demandas do mercado francês. “As barreiras são grandes, mas conseguimos driblá-las sem incomodar os grandes produtores da região”, afirma o diretor de comercialização de café da Cooparaiso, Paulo Sérgio Elias. Presente em 142 lojas na França, a partir de agosto a cooperativa estará presente em mais 147 estabelecimentos. Desta forma, a exportação para o país passará das atuais 17,6 toneladas para 80 toneladas este ano.
“O Brasil precisa agregar valor aos seus produtos primários para ampliar penetração em um dos principais mercados globais, a Europa, e chegar à quinta maior potência mundial, como almeja o governo“, afirma Philippe Lecourtier, presidente do conselho administrativo da Câmara Brasileira de Comércio na França e embaixador da França no Brasil durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2000.
Segundo ele, o mercado francês se torna uma porta de acesso a novas tecnologias. “Nos últimos anos, a França flexibilizou sua legislação e criou incentivos fiscais na área de desenvolvimento de pesquisa”, destaca. Desta forma, os custos com criação de produtos de maior valor agregado são reduzidos. O governo pode subsidiar 50% dos custos das companhias com desenvolvimento de pesquisa no primeiro ano, porcentagem que cai para 40% no segundo e 30% nos demais.
Outra medida de incentivo ao capital estrangeiro é a redução de impostos sobre os investimentos produtivos, válida desde janeiro deste ano. A expectativa é de que a iniciativa reduza em € 5 bilhões por ano a carga tributária das companhias instaladas na França.
Com base nesse ambiente de incentivos, três subsidiárias brasileiras na França devem realizar este ano um projeto de expansão dos negócios locais, segundo David Appia, presidente da Agence Française pourles Investiments Internationaux (AFII), agência de fomento.