Terça, 29 Junho 2010
J.B. Matiello, Engo Agro Mapa e Márcio Carvalho, Engo Agro Faz Reun L e S
A cafeicultura na Zona da Mata de Minas e também do Espírito Santo sofreu bastante com a falta de chuvas, associada a altas temperaturas, nos meses de janeiro e fevereiro de 2010, justamente na época de granação dos frutos. Foram 60-80 dias sem chuva. Em março voltou a chover e em abril-maio a chuva também foi pouca. As temperaturas médias foram observadas na faixa de 26-28º C, com máximas na faixa de 32-33º C (quadro 1).
Em consequência deste período de falta de água na granação, houve chochamento e má formação dos grãos, com perdas de produção, pelo baixo rendimento, na faixa de 20-30%, conforme tem sido verificado por muitos produtores, que agora estão finalizando a colheita de suas lavouras.
Além da perda na granação, conforme já era esperado, duas outras anormalidades foram observadas. A primeira diz respeito à aceleração na maturação dos frutos, antecipando a colheita. A segunda foi, de forma positiva, a boa recuperação vegetativa observada nos cafeeiros, parecendo que eles estão saindo de uma safra baixa, quando na realidade este ano é ciclo de alta produção na região. Apenas nas plantas velhas e na saia, também como se esperava, verifica-se uma maturação desigualada, em função das várias floradas observadas neste ano agrícola.
A explicação para essas anormalidades parece estar relacionada com a estiagem e as altas temperaturas. Com elas a planta ficou fraca e acelerou a maturação. Muitos frutos passaram de verde a secos diretamente. Houve uma pequena desfolha, precoce, em março, o que favoreceu a entrada de calor na planta. A carência nutricional, induzida pela falta de água também foi um fator de aceleração na maturação.
Para o bom estado vegetativo das plantas, agora verificado, pesam 3 coisas. Primeiro pela interrupção do processo de granação a planta economizou reservas. Segundo, pela falta de umidade no período infectivo da ferrugem, o seu ciclo foi interrompido e a doença prejudicou pouco as plantas e terceiro, pelas chuvas em março e a umidade se mantendo em níveis regulares em seguida, a planta, descansada pela carga, voltou a se recuperar.
O efeito na safra global de café na região deve ocorrer com perdas de cerca de 2 milhões de sacas nas lavouras arábica, juntadas as áreas do Leste de Minas e Sul do ES, alem da perda de cerca de 1 milhão na safra de conillon do ES, igualmente afetada. Assim, de uma safra brasileira estimada em 47 milhões de sacas pode-se esperar, agora, cerca de 3 milhões de sacas a menos.
Quadro 1 – Parâmetros climáticos observados em São Domingos das Dores, na Zona da Mata de Minas Gerais, no inicio do ano de 2010. Parâmetros
Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | |
Chuvas (mm) | 24,5 | 40,0 | 210,5 | 50,0 | 32,0 |
ETC (mm) | 140,0 | 105,0 | 110,0 | 82,0 | 65,0 |
Déficit (mm) | – 115,5 | – 65,0 | 0,0 | -32,0 | -33,0 |
Temp. média (ºC) | 28,4 | 27,8 | 26,4 | 23,3 | 20,3 |
Figura 1: Aspecto de frutos verdes que secaram e desuniformidade na maturação em plantas velhas.
Figura 2: Frutos das plantas totalmente secos já em fins de maio, a 700 m de altitude, em S.D. das Dores.
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