25/06/2010
Ao longo do tempo, café e Brasil foram quase sinônimos aos olhos de consumidores estrangeiros, que sempre encararam o País como a terra do bom \”blend\” no ramo. Mas, a despeito dessa fama, faltava ao café brasileiro uma classificação de qualidade, de acordo com o seu aroma, grau de pureza, acidez – enfim, características elementares que diferenciam o produto e estabelecem escala para a sua valorização.
Essa deficiência está prestes a ser sanada. Tal e qual os bons vinhos que possuem um selo de classificação de origem controlada, o café por aqui será avaliado a partir de agora por testes sistemáticos de verificação, conduzidos pelo Ministério da Agricultura. A instrução normativa que prevê padrões mínimos de aprovação está sendo elaborada pelo governo e deve ser editada nos próximos dias.
O fabricante do café \”made in Brasil\” terá que atender a certos critérios e os lotes rejeitados serão recolhidos, com posterior autuação do infrator. O fator fundamental para a rejeição do café é o total de impureza, que não poderá superar o teto de 1% da amostra testada. A Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) já estabelecia medidas de classificação há algum tempo e vinha colocando um selo de certificação nos cafés.
Das 2.300 marcas existentes, cerca de mil apresentam o selo da Abic. Mas o controle estava sendo considerado insuficiente. A decisão das autoridades é de que a investigação e a checagem periódica do produto sejam aprofundadas. Até porque, nas auditorias da Abic, o índice de impureza vinha variando entre 5% e 25%, patamares considerados extremamente altos.
A tabela de gradação futura do projeto federal vai oscilar de zero a dez pontos, dentro de um tripé de tipos de café: o tradicional, o superior e o gourmet. Longe de representar uma limitação aos fabricantes, esse sistema de classificação oficial deverá, a médio prazo, aumentar a credibilidade do produto brasileiro e, por consequência, incrementar suas exportações – inclusive para mercados que atualmente resistem a encomendar marcas de países produtores que não mantêm controles rígidos de qualidade. Mais que vigiado, o café brasileiro estará agora credenciado para voos mais altos.