Estudo mostra que viciados na bebida criam resistência à cafeína e não sentem os efeitos estimulantes
Sábado, 05 de junho de 2010 – 09:42
JUSSARA SOARES
jussara.soares@diariosp.com.br
Aquele cafezinho no meio do dia para despertar e deixar em estado de alerta pode não ter efeito nenhum a quem faz uso da bebida frequentemente. Um estudo inglês, divulgado essa semana pela revista “Nature”, mostra que os viciados em café criam resistência aos efeitos da cafeína — estimulantes e geradores de ansiedade.
O estudo realizado pelo pesquisador Peter Rogers, da Universidade de Bristol, investigou os efeitos do café em 379 pessoas. A equipe pediu para que elas ficassem 16 horas sem ingerir cafeína. E, em seguida, serviu café ou placebo para essas pessoas. Metade delas bebia muito café, e a outra parcela pouco.
Os participantes avaliaram o nível de ansiedade, alerta e dor de cabeça. E o resultado mostrou que o nível de alerta foi o mesmo entre o usuário frequente da substância e que tomou o cafezinho e os que bebem pouco café e tomaram placebo. A conclusão é que para os viciados a cafeína os fazem apenas ficar em um estado normal.
De acordo com a nutricionista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Camila Leonel, o resultado da pesquisa segue a lógica de outras substâncias psicoativas, como as drogas. “A partir de um determinado tempo, cria-se uma tolerância. E é preciso uma dose maior para sentir o efeito”, compara.
Ela lembra que os efeitos estimulantes da cafeína ainda estão presentes em outras bebidas, como chocolate, chás de coloração forte e alguns refrigerantes.
Já a nutricionista Mônica Pinto, da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), pondera que os efeitos vão de acordo com a tolerância fisiológica de cada indivíduo. “A resistência à cafeína vai de cada organismo. Por exemplo, há pessoas que tomam café à noite e dorme bem”, diz, afirmando que o café é uma bebida diurna.