27 de maio de 2010
Patrícia Ferraz
Entrei na cafeteria da Nespresso, nos Jardins, querendo provocar, confesso. “Vocês servem pingado?”. A barista riu (não chegou a ser uma gargalhada, mas foi risada, sim, não um sorriso). E colocou a coisa nos devidos termos: “A senhora gostaria de um café com leite, é isso?”. Fiz que sim e perguntei o que ela sugeria.
Saborosa. Uma espuma de leite fofa e levinha
Eu poderia escolher entre o caffé latte, metade leite, metade café, servido em copo grande; e o macchiato, um expresso com espuma de leite. “O café indicado para o leite é o roma, bastante amadeirado e nada amargo”, disse a moça. Pedi o macchiato, sem a menor vontade – estava ali para provar a bebida por dever profissional, mas só por isso.
Minha cota de café com leite se esgotou há anos, quando cheguei àquela idade em que as mães não podem mais obrigar os filhos a começar o dia com uma xícara de líquido morno, insosso, sem graça. Adoro café e gosto de leite. Meu problema é o café com leite.
Quer dizer, era – até o sábado passado, quando a barista colocou sobre o balcão um copinho transparente, como o da foto aqui ao lado, com três camadas de cores e texturas diferentes. No fundo, o expresso encorpado; sobre ele, a crema espessa cor de avelã; e por cima uma espuma de leite fofa, levinha, mas firme, de comer de colherinha. Posso confessar que já sonho em repetir o “pingado chique”.
E acho até que vou voltar a provar miolo a milanesa e bife de fígado, os outros dois itens na minha lista de traumas de infância.