SÃO PAULO – Os ânimos se acalmaram um pouco no mercado de câmbio local, mas o dólar mantém firme movimento de valorização ante o real.
Por volta das 12h35, o dólar comercial apontava apreciação de 2,66%, a R$ 1,885 na compra e R$ 1,887 na venda. Na máxima, a moeda saiu a R$ 1,899, o que representa um salto de 3,32%.
No mercado futuro, o dólar com vencimento para junho, negociado na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM & F), avançava 3,13%, a R$ 1,8905. A moeda chegou a ser transacionada a R$ 1,9015.
Conforme o gerente de operações da Terra Futuros, Arnaldo Puccinelli, apareceram vendedores quando a cotação no mercado futuro rompeu a linha de R$ 1,90. Segundo o especialista, quem tem moeda para trazer ao país fica tentado a internar os dólares nessa linha de preço.
O mal-estar da quinta-feira é garantido pela falta de confiança dos agentes na capacidade de recuperação da zona do euro. Somando incerteza, o mercado lida com uma série de notícias sobre novas proibições de venda a descoberto na Europa e sobre a possibilidade de o Banco Central Europeu (BCE) atuar para contes a desvalorização do euro.
\”Há muitos rumores circulando, mas nada se sabe com certeza. A única coisa certa é que a proibição, apenas pela Alemanha, das vendas a descoberto não vai funcionar se o resto dos países não seguir o mesmo modelo. E mesmo que isso venha a acontecer, se os EUA e o Reino Unido ficarem de fora, tais proibições não vão servir de muita coisa\”, disse uma economista baseado na Europa que preferiu não se identificar.
O VIX, índice que mede a volatilidade das opções de ações nos EUA, e é visto como um termômetro da aversão ao risco, subia mais de 18%, para a linha dos 42 pontos. Na máxima da manhã, o índice foi acima dos 45 pontos, algo que não acontecia desde o começo de 2009.
Nas bolsas, as quedas são acentuadas, mas os índices já se afastaram das mínimas. Por aqui, o Ibovespa caía 2,35%, para 58.286 pontos, depois de afundar mais de 3% e testar 57.633 pontos. Em Wall Street, Dow Jones diminuía 2,07%, enquanto o Nasdaq baixava 2,73%.
De volta ao mercado local, apesar da valorização acentuada de preço da moeda americana, os bancos seguem ampliando as posições vendidas (aposta pró-real) no mercado futuro. Ontem, as instituições venderam mais US$ 828 milhões, ampliando o estoque de posição vendida para US$ 6,65 bilhões.
Na ponta oposta, os estrangeiros elevaram sua posição comprada, mas em volume menor. Foram 7.123 contratos, ou US$ 356 milhões. Com isso, o montante acumulado foi a US$ 1,94 bilhão.
(Eduardo Campos | Valor)