Rodrigues destaca o café nos resultados do agronegócio

“Há três anos o café representava no máximo 4% do PIB agrícola brasileiro. Esse ano, o grão deverá ser responsável por aproximadamente 7% do PIB do setor”.

2 de dezembro de 2005 | Sem comentários Comércio Mercado Interno
Por: DCI por Guilherme Rios/Márcio Rodrigues

O Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, destacou, ontem, a crescente participação da cafeicultura na formação do Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário nacional. “Há três anos o café representava no máximo 4% do PIB agrícola brasileiro. Esse ano, o grão deverá ser responsável por aproximadamente 7% do PIB do setor”. A afirmação foi feita durante a posse da primeira diretoria da Associação de Cafés Especiais da Alta Mogiana (AMSC, sigla em inglês)

Para o ministro, a agricultura deverá representar um terço do acumulado na balança comercial. “O Brasil busca excelência na qualidade e agregação de valor. É justamente esse o intuito que se busca com a união de produtores em busca de conseguir um café fino e com valor agregado para a região”.

Para o presidente da associação e produtor de café, ex-governador Orestes Quércia, a Alta Mogiana sempre foi um pólo de cafés de qualidade, mas nem por isso recebia cotações melhores. “Nos tempos do Instituto Brasileiro do Café [IBC], a bebida não recebia diferenciação pela qualidade e o café como um todo era nivelado por baixo. Nesse ponto, a Colômbia saiu na frente e conseguiu agregar valor ao seu produto e se consolidar nesse nicho de mercado. No entanto, atualmente, o Brasil já corre atrás. Nossa entidade visa justamente fortalecer e incentivar o café de tipo especial”, avalia ele.

Ainda segundo Quércia, a Alta Mogiana, que hoje produz até 1,2 milhão de sacas por ano, tem como objetivo tornar um terço desse volume em cafés especiais. “A região é tradicionalmente conhecida pela produção de cafés finos com todas as condições favoráveis para se obter um bom café”, completa o secretário de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura, Lineu Costa. No último Concurso Nacional de Cafés, a vencedora foi uma fazenda da região, que ainda teve o lote vencedor arrematado em leilão pelo maior preço já pago em uma saca de café, R$ 8.150.

A criação de entidades que visam fortalecer produtores e ajudar na comercialização do café já é uma tendência, segundo o vice-presidente da Associação da Alta Mogiana, Milton Pucci. “Outras regiões tradicionais na produção de café também já criaram suas entidades, como o Cerrado Mineiro e as Montanhas do Espírito Santo. Com a nossa associação, queremos mostrar para os consumidores o que estamos fazendo para melhorar a qualidade da bebida, e também para a qualidade social e ambiental da região.”, diz Pucci.

Os associados acreditam em um marketing diferenciado a partir de agora. “Com a união de produtores em torno de uma entidade, a comercialização será agilizada e teremos condições de negociar preços melhores” avalia o produtor João Toledo, que na última safra colheu mais de 15 mil sacas de café. A associação conta com 20 associados em 12 municípios da Alta Mogiana.

O cafeicultor e diretor tesoureiro da AMSC, Ely Brentini, espera aumentar as exportações dos cafés de tipo
especial. “Acredito que conseguiremos maior valor agregado e facilitar a comercialização do produto”.

Para o produtor de 10 mil sacas de café na última safra, Paulo Maciel, o marketing é essencial para a região e para o café brasileiro. “Outros pólos produtores já vinham investindo nesse tipo de ação. Temos que mostrar para o mundo a qualidade do café da Mogiana e de todo o País”.

O prefeito de Pedregulho (SP), Dirceu Pólo, diz que esse tipo de ação estimula a movimentação de produtores em busca do aprimoramento de suas lavouras e a qualidade do café.

Processamento

Alem de prestigiar a posse da diretoria da AMSC, o ministro da Agricultura inaugurou o novo centro de processamento do café Octávio, do qual o ex-governador Orestes Quércia é presidente. O centro tem capacidade para armazenar 40 mil sacas por safra e processar 100 sacas por hora.

Segundo o diretor da Octávio, João Guilherme Pires Martins, foram investidos R$ 8 milhões entre modernização da frota agrícola, novas áreas de plantio e a construção da área industrial. “Com os investimentos queremos alcançar uma produção média de 40 mil sacas por ano, até 2008, sendo 90% de cafés comerciais finos. Desse volume, 60% serão cafés especiais certificados por entidades internacionais e nacionais como a UTZ Capeh e a AMSC”. Do total investido, 70% foram financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES). Martins afirma que o grupo já está elaborando um blend de cafés destinados ao consumidor mais exigente.

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